Conheça o projeto educacional da Paraíba que é referência mundial

O ensino no Estado oferece formação técnica, intercâmbio e vagas no mercado de trabalho através de parcerias com empresas

A educação no Brasil é um tema que sempre gera debates e preocupa a população. O país apresentou índices negativos nos balanços internacionais da ONU nos últimos anos e está em busca de um método que eleve o nível de ensino nas escolas, sobretudo nas públicas. Todavia, mesmo em meio aos problemas e falta de organização, um estado acertou na fórmula e tornou-se referência de qualidade até para países desenvolvidos.

O Projeto da Escola Cidadã Integral da Paraíba é o programa mais promissor em muitos anos, revolucionando todo um sistema educacional no estado. Encabeçado pelo Secretário da Educação Aléssio Trindade, a iniciativa, através de um amplo diagnóstico, detectou diversas falhas na aprendizagem, como: evasão escolar, baixos desempenhos em índices medidores e falta de protagonismo – tanto dos alunos quanto dos professores. O próximo passo? Mudar.

Aléssio Trindade, Secretário de Educação do estado é um dos principais responsáveis pelo projeto
Créditos: Divulgação
Aléssio Trindade, Secretário de Educação do estado é um dos principais responsáveis pelo projeto

A implantação da Escola Cidadã Integral foi feita no início de 2016, com 8 escolas e uma ideia de unificar os estudantes, além de proporcionar um novo modelo de aprendizagem. Obtendo resultados satisfatórios, o projeto foi expandido em 2017 – indo de 8 para 33 escolas.

“Através do ‘orçamento participativo’, a população sabe a verba disponível e pode opinar para o Governador e especialistas sobre as melhores formas de investir. Graças a iniciativa, os problemas com educação, saúde e lazer em diversas regiões ficam mais evidentes pra gente e assim, promovemos mudanças”, disse Aléssio.

Segundo o mesmo, algumas ações foram fundamentais para o sucesso do projeto, como:

  •  Dar autonomia para o estudante montar sua grade curricular
  • Oferecer melhores condições de trabalho e efetivar os professores em uma só escola
  • Promover parcerias e programas impulsionadores que estimulem alunos e professores
  • Medir e acompanhar o desempenho do ensino por meio da Secretária de Educação

Em 2018, depois da implementação de uma nova cultura, o projeto ganhou força e novamente aumentou seu alcance, saltando de 33 para 100 escolas. Trabalhando questões como a opinião pública, que aliava as críticas e sugestões de moradores, alunos, professores e especialistas, a Escola Cidadã chegou ao total de 153 escolas em 2019, colocando a Paraíba como o segundo maior Estado do Brasil em ensino integral, com 37% das matrículas no estado feitas nestas instituições.

“Quando eu cheguei aqui, não conseguia implantar o ensino técnico porque o estadual era ruim, portanto, o foco foi dado para a base e assim o ensino integral foi aplicado amplamente”, relatou o Secretário de Educação.

Escolas Técnicas e a parceria com o Itaú

Em 2016, época em que as ações estavam sendo implementadas, o projeto da Paraíba começou a receber apoio do Itaú BBA. O banco apoiou técnica e financeiramente o projeto, com o objetivo de promover cursos técnico nas escolas estaduais integrais. Incentivando o protagonismo, a parceria articulou reuniões com o setor produtivo do Estado em busca de construir um cenário onde os alunos obtivessem mais condições de conseguir uma vaga no mercado de trabalho assim que terminassem o ensino médio.

A parceria ajudou ativamente no aumento do alcance do projeto
Créditos: Divulgação
A parceria ajudou ativamente no aumento do alcance do projeto

“Só 17% dos alunos chegam à universidade. Outros 8% fazem curso técnico subsequente após o ensino médio. Para os outros 75% que se formam, não tem mais políticas de educação”, afirma Ana Inoue, assessora de educação do Itaú BBA.

Das 156 escolas integrais, 78 são técnicas e apostam suas fichas na formação continuada, com a lógica de que o estudante deve exercer um protagonismo profissional, para quando sair da escola, colaborar com a “comunidade” ao seu redor. No caso, as empresas paraibanas possuem parcerias com o governo, visando abrir portas para os estudantes e aquecendo o mercado de trabalho local.

“Um dos meus principais objetivos é ver a Paraíba com pelo menos 50% da educação em nível técnico, sendo referência no Brasil e no mundo”, conta o sorridente Aléssio.  Os números citados pelo Secretário poderão ser alcançados em breve, mas de qualquer forma, o sucesso já rompeu barreiras. Países como Canadá e Finlândia já fizeram parcerias com a Paraíba visando evoluir seus sistemas de ensino. Eles enviam especialistas para verem de perto como o projeto acontece, além de estudarem as técnicas com os profissionais brasileiros, algo praticamente inimaginável anos atrás. Atualmente a grade de cursos dispõe de 37 opções, divididos em 11 eixos tecnológicos, como: Comunicação, Turismo, Produção Industrial, Infraestrutura e etc.

Projetos impulsionadores

Apostando na inovação e no futuro, os especialistas da Paraíba deram vida aos projetos impulsionadores, visando elevar as chances de qualificação dos alunos e professores. Entre eles, destacam-se:

  • Se liga no ENEM: o projeto começou em 2018 e visa preparar melhor os alunos para o importante teste. Através de aulas, oficinas, palestras com especialistas e ex-alunos, revisões, simulados e muita diversão, o curso extra é aplicado em diversas escolas do estado aos finais de semana e já atendeu mais de 17 mil estudantes.
Aléssio é bastante presente nas aulas do projeto
Créditos: Divulgação
Aléssio é bastante presente nas aulas do projeto
  • Gira mundo: oferece a oportunidade de intercâmbio para alunos e professores em países referência em educação, como Canadá e Finlândia. No caso, os brasileiros passam um tempo aprimorando seus conhecimentos por lá e quando retornam, aplicam palestras para os colegas que ficaram no Brasil, aumentando a capacidade coletiva.
  • Primeira Chance: é uma parceria das escolas feita com empresas locais que abrem suas portas para os estudantes com bagagem técnica na rede estadual de ensino, promovendo seu ingresso no mercado de trabalho e disponibilizando uma bolsa financiada pelo Estado.