17 HQS que falam sobre mulheres ou foram produzidas por elas

O número de mulheres que estão interessadas em quadrinhos têm crescido no mundo. A prova está registrada em números colhidos pelo site de Recomendações Comic Policy, que analisa dados demográficos de “fãs” de quadrinhos com base em dados extraídos do Facebook. Em fevereiro, a base de mulheres que leem HQs superou o número de homens pelo quinto mês consecutivo nos EUA.

As mulheres representam 55,22% e os homens representam 44,78% (fevereiro/2018) nos Estados Unidos. Na Europa, as garotas estão quase superando a porcentagem. São 48,24% de homens e as mulheres 50,59% (fevereiro/2018), de acordo com o site.

Uma pesquisa realizada pela GFK, em 2016, registrou que 53% das mulheres francesas possuem interesse em quadrinhos. Em 2006, em entrevista à Folha de S.Paulo, o diretor da editora Veneta, Rogério de Campos afirmou que metade das mulheres brasileiras já estavam lendo quadrinhos.

Outro dado no Brasil foi confirmado pelo blog Papo de Quadrinho, especializado em HQs, que registrou 31% de leitoras. Momento comentado pela jornalista, tradutora, idealizadora do canal de YouTube, Plano Infalível e do projeto no Instagram #365HQs (em que ela esclarece a história de um quadrinho por dia), Isabelle Felix.

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Hoje é dia de São Valentim, e nas gringas se comemora o dia dos namorados. Aqui, a data é outra por motivos comerciais. Mas falar de amor é sempre bom, ainda mais quando se lê um romance como Azul é a Cor Mais Quente, de Julie Maroh, lançada pela #MartinsFontes, minha #45 do #365hqs. A trama começa pesada pra dar o tom da leitura. Clémentine, a autora dos diários que narram boa parte da HQ, morreu. E saber o final não é o importante, mas o caminho, sim. Pois esta obra é sobre amor. Mais precisamente, o primeiro amor de Clémentine: Emma, a estonteante garota de cabelos azuis que ela viu na praça, abraçada à namorada, e nunca mais tirou da cabeça. Clem está no colégio, num momento de descobertas, e o mais difícil é sua própria aceitação. Ela até pode sair com garotos, ir a festas, beber ou passar horas ao telefone com a menina por quem nutre uma paixão. Mas o caminho não fica menos pesado. Sapatão e lésbica. Será? E quando essas palavras são sinônimos, para alguns de mente tacanha, de pouca vergonha, imundície e perversão? E quando isso faz com que seus “amigos” se afastem e ela se puna e sinta nojo de si mesma por causa disso? O que fazer com todos esses sentimentos, além de deitar na cama, chorar e esperar nunca mais sair de lá? Bem… Respire, pois só o amor salva. E esta HQ é também sobre descobrir sua orientação sexual, experimentar, enfrentar seus medos e preconceitos. Se superar. Aceitar. E, por fim, amar. A arte é uma delicada linha clara com bom uso de quadros para causar um impacto ou um silêncio. O uso do azul auxilia na narrativa. É como se a cor contasse algo que está além das palavras. O azul é um sentimento, além de ser quente. Ele é amor, carinho, raiva, descoberta, segredo. Cada detalhe neste tom acrescenta uma coisa diferente. A edição tem capa cartonada, papel névia matte (só usei o nome porque tem na obra), sem extras, nem orelhas. Mas ficou um belo acabamento. O melhor é que, além de ser uma HQ maravilhosa e que faz o coração bater mais forte e lágrimas surgirem nos olhos, tem um Valentin na trama. E dá a sensação que São Valentim abençoa este amor. #azuleacormaisquente #saovalentim #quadrinhos #review #critica #resenha

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“As meninas sempre leram, mas elas não eram incentivadas.  Agora, aquilo que elas sempre fizeram têm o apoio de uma parte da sociedade falando: continua. Isso é muito legal! Eu sinto que apesar desse grande incentivo a gente precisa cada vez mais subir o nível. Ainda tem mais espaço pra gente conquistar”, ressaltou.

Agora que não resta dúvidas que o mundo das HQs também pertence à elas. Confira uma seleção de 17 HQs que falam, foram desenvolvidas ou tiveram a participação de garotas feita pela jornalista.

1-) Primeiras Vezes – Roteiro: Sibylline. Artistas: Alfred, Capucine, Jérôme d’Aviau, Virgine Augustin, Vince, Rica, Olivier Vatine, Cyril Pedrosa, Dominique Bertail e Dave McKean, saiu pela Editora Nemo.

HQ erótica com 10 histórias de “primeiras vezes”.

2-) Desconstruindo Una, de Una, saiu pela Editora Nemo (Inglaterra)

Um relato alarmante sobre a violência de gênero. 

3-) Persépolis, de Marjane Satrapi, Lançada pela Quadrinhos na Cia

Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita – apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa.
Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares.
Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama – e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.

4-) Hoje é o último dia do resto da sua vida, de Ulli Lust, saiu pela Editora Nemo

Um quadrinho sobre garotas punks cruzando a Itália de carona sem um centavo no bolso. “Hoje é o último dia do resto da sua vida” é uma crônica sobre a viagem que a autora, Ulli Lust, e sua nova melhor amiga, Edi, fizeram da Áustria para a Sicília, em 1984.

Uma história com sexo, drogas e também rock’n’roll. E passagens pela cadeia, tempo ruim, mendicância, lições de vida, novas amizades, atos de generosidade e de traição. E, na Sicília, alguns desentendimentos com a Organização Cujo Nome Você Não Deve Mencionar.

5-) Faith, volume 1, roteiro de Jody Houser, arte de Francis Portela e Marguerite Sauvage, lançada pela Jambô (Los Angeles)

Faith Herbert sempre quis ser uma super-heroína, como as dos seus gibis favoritos. E quando seus poderes psiôn Faith Herbert sempre quis ser uma super-heroína, como as dos seus gibis favoritos.

E quando seus poderes psiônicos surgiram e ela entrou para os Renegados da Fundação Harbinger, finalmente teve sua chance. Mas, agora, está vendo se consegue fazer sua carreira solo de defensora da justiça, com identidade secreta e tudo mais. De dia, é uma pacata blogueira que escreve sobre cultura pop — mas à noite, é a principal super-heroína de Los Angeles, a adorada Zephyr! E quando outros jovens psiônicos começam a desaparecer na Cidade dos Anjos sem deixar vestígios, é justamente ela que vai investigar o que está realmente acontecendo.

A escritora estreante Jody Houser, o desenhista Francis Portela e a artista Marguerite Sauvage nos trazem a série original desta fabulosa heroína!

6-) Nana, Ai Yazawa, mangá lançado pela JBC

É uma série de mangá shoujo criada pela mangaká Ai Yazawa (também criadora de Paradise Kiss) e serializada na revista Cookie, publicada pela Shueisha.

Os primeiros doze volumes do mangá acumularam mais de 22 milhões de cópias vendidas. Até 2008, foram mais de 43 milhões de cópias vendidas. Foi adaptado para dois longa-metragens live-action de considerável sucesso dirigidos por Kentaro Otani, lançados respectivamente em 3 de Setembro de 2005 e 9 de Dezembro de 2006.

7-) Saga, roteiro de Brian K. Vaughan e arte de Fiona Staples, lançada pela Devir (EUA)

uma história em quadrinhos no melhor estilo space opera e com um toque de fantasia criada e escrita por Brian K. Vaughan e ilustrada por Fiona Staples.

Publicada originalmente como uma revista mensal pela Image Comics, a série é fortemente influenciada por Star Wars, Flash Gordon e em ideias concebidas pelo próprio Vaughan quando ainda era criança (o autor revelou que a base da história foi criada durante as aulas de Matemática, que ele odiava!

8-) Wonder Woman – The True Amazon, de Jill Thompson, lançada pela DC Comics, inédita no Brasil

A jovem Diana tem a atenção da sua nação, mas ela logo cresce estragada e ingrata. Quando uma série de eventos trágicos tem seu impacto, Diana deve aprender a crescer, assumir a responsabilidade e aproveitar seu destino.

Aclamado por seu trabalho com THE SANDMAN, DEAD BOY DETECTIVES de Neil Gaiman e muito mais, Jill Thompson cumpre seu projeto de sonhos de levar os leitores a esta nova perspectiva sobre a Princesa da Amazônia.

9-) Beast of Burden – Rituais Animais, roteiro de Evan Dorkin e arte de Jill Thompson, lançada pela Pipoca e Nanquim

Bem-vindo a Burden Hill, uma pacata cidadezinha como qualquer outra, com cercas brancas e gramados aparados… lar de uma inusitada equipe de investigadores paranormais.

Magia negra, sapos demoníacos e cães zumbis são alguns exemplos dos problemas que assolam a aparente tranquilidade dessa vizinhança. Com os habitantes humanos alheios ao perigo, cabe a um perseverante grupo de cachorros (e um gato) manter toda a comunidade a salvo.

10-) Ms. Marvel, com roteiro de G. Willow Wilson e arte de Adrian Alphona, lançada pela Panini

“Foi uma mudança da personagem que deu muito certo. A Ms. Marvel era a Carol Denver, uma loira, branca, que usava um maiô uma faixa de uniforme. Hoje ela é a Capitã Marvel e seu uniforme também mudou. Mas a questão é que a atual Miss Marvel, Kamala Khan, é uma americana de família paquistanesa [seus pais são paquistaneses], muçulmana e adolescente. Com super poderes!  É maravilhosa!”, ressalta Isabelle Felix.

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Pronto. Já li todos os encadernados da M⚡️. Marvel Kamala Khan lançados no Brasil. Quero mais! Minha HQ #285 do #365hqs foi Ms.Marvel – Apaixonada, com roteiros de G. Willow Wilson e Mark Waid (na história da S.H.I.E.L.D.), e arte de Elmo Bondoc, Takeshi Miyazawa e Humberto Ramos, lançada pela Panini. Kamala já tá mais ligada nos paranauês aqui. Sabe que é uma Inumana e está treinando em Nova Attilan. E, graças a esses treinamentos e seu senso de justiça, consegue lidar com Loki-adolescente bonzinho. Mas, quando o assunto é o coração, ih, cara, aí a coisa degringola. Este encadernado da Ms. Marvel mantém o nível de humor e aventura dos dois anteriores. E como é gostoso de ler! Leve, despretensioso, rápido, sutil, tudo se encaixa bem. E dá pra ler sem ter lido os anteriores. Qualquer informação necessária é rapidamente entregue. Gosto como a Willow sabe fazer roteiros juvenis com temas comuns como escola, amor, responsabilidade, pais e expectativas de futuro, sem tratar o leitor como idiota. E, acima de tudo, sabe colocar a ação! A arte continua boa, com uma paleta de cores suaves, assim como os traços. A do Takeshi tem alguns elementos de mangá, mas nada gritante. É interessante ver a mudança de artistas, uma vez que a de Alphona (a primeira desenhista) é tão marcante e apaixonante. O traço orgânico e encaracolado dela faz falta, mas isso é puro gosto pessoal Já a história da S.H.I.E.L.D. de Waid foi um repeteco pra mim. Pois também saiu no encadernado da S.H.I.E.L.D., do qual falei aqui no dia #242. Já sabia que a Panini repetia histórias, geralmente por apenas reproduzir os encadernados aqui sem mexer no conteúdo, mas isso é bem chato quando acontece com você. Meh. E agora é esperar que mais material da super-heroína paquistanesa chegue logo no Brasil, pois nos EUA já tá bem adiantado. Vem, Kamala, que cê é massa ⚡️! #missmarvel #msmarvel #marvel #quadrinhos #critica #review #comics #planoinfalivel #hq #HQs #panini #paninibooks #paninicomics

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11-) Not Funny ha-ha, de Leah Hayes, lançada pela Fantagraphics, inédita no Brasil

É uma novela gráfica arrojada e ligeiramente irónica de Leah Hayes, que ilustra a vida de duas jovens de diferentes origens culturais, familiares e financeiras que passam por dois abortos diferentes (médicos e cirúrgicos).

Não aborda os eventos que antecederam a gravidez, nem mesmo a tomada de decisão antes de escolher o aborto como uma opção. Simplesmente mostra o que acontece quando uma mulher passa por isso, sem perguntas. Isso os segue através do processo de escolha de uma clínica, chegando a amigos, parceiros e / ou familiares … e eventualmente o (s) procedimento (s) em si.

12-) Azul é a Cor mais Quente, de Julie Maroh, lançada pela Martins Fontes

“Destaco que, apesar de nunca ter visto o filme, sei que é bem diferente. O filme vai até metade da HQ e parece que o diretor quis dar destaque ao sexo entre as personagens, enquanto que a HQ é sobre crescimento, de adolescência para a fase adulta, e a descoberta da orientação sexual. É delicada, profunda e bonita. Sexo é apenas o resultado do amor, não o fim”, diz Belle.

13-) Alho-Poró, de Bianca Pinheiro, lançada de forma independente

Márcia, Denise e Brenda têm que preparar uma quiche de alho-poró. Não é fácil achar o bendito do alho-poró e nenhuma delas jamais fez quiche na vida. Mas tudo bem, porque a quiche talvez nem seja tão importante assim.

Fonte: https://www.catarse.me/alhoporo

14-) Quina, de Julia Bax, independente

Um bilhete, dois donos. Após descobrir que foi premiado na loteria com uma quina, Altair entra em confronto com seu senhorio pela posse do prêmio. Será que o dinheiro vai ser suficiente pra comprar a sua verdadeira liberdade?

15-) Kendall, aventuras de uma criminóloga, roteiro de Giancarlo Berardi e vários na arte, lançada pela Mythos

Linda Evans está no corredor da morte aguardando uma injeção letal. Sóror Ângela, o comitê contra a pena de morte e a doutora Júlia Kendall vão tentar impedir a execução.

Para isso, precisam encontrar o verdadeiro culpado do homicídio pelo qual Linda é acusada. Restam 48 horas até o cumprimento da pena e há muito a fazer.

“É uma série italiana mensal, então todo mês é um mistério diferente. Aqui no Brasil sai a cada 2 meses com mistérios diferentes”, conta a jornalista.

16-) Ninguém Vira Adulto de Verdade, de Sarah Andersen, lançada pelo selo Seguinte, do grupo Companhia das Letras

As tirinhas certeiras de Sarah Andersen, que já contam com mais de 1 milhão de fãs no Facebook, registram lindos fins de semana passados de pernas pro ar na internet, a agonia de andar de mãos dadas com alguém de quem estamos a fim (e se os dedos ficarem suados?!), a longa espera diária para chegar em casa e vestir o pijama, e a eterna dúvida de quando, exatamente, a vida adulta começa.

Em outras palavras, este livro é sobre as estranhezas e peculiaridades de ser um jovem adulto na vida moderna. A sinceridade com que Sarah Andersen lida com temas como autoestima, timidez, relacionamentos e a frequência com que lavamos o sutiã torna impossível não se identificar com esses quadrinhos hilários e carismáticos.

17-) Turma da Mônica, protagonizado por uma garota e que a maioria do público leitor é feminina

“O maior título brasileiro é de uma garotinha e a maioria são leitoras, o que derruba a ideia de que garotas não gostam de quadrinhos”, ressalta Belle.