Com Gusttavo Lima cancelado, cidade contrata Simone e Simaria

Além de investigação do Ministério Público em show do cantor, Conceição do Mato Dentro ainda enfrenta polêmicas de uso indevido dos recursos públicos

Após polêmica de show de Gusttavo Lima com cachê de R$ 1,2 milhão, Simone e Simaria são contratas pela Prefeitura de Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, com cachê de R$ 520 mil. A dupla sertaneja deve se apresentar na 30ª Cavalgada do Jubileu do Senhor Bom Jesus do Matozinhos. Ao todo, o município vai pagar  o cachê de 14 atrações, incluindo Simone e Simaria e o padre Alessandro Campos, que ganhará R$ 162 mil.

Com Gusttavo Lima cancelado, cidade contrata Simone e Simaria
Créditos: Reprodução/Instagram @simoneesimaria
Com Gusttavo Lima cancelado, cidade contrata Simone e Simaria

Dinheiro público que vem da mineração pode pagar cachês?

Antes, a prefeitura já tinha confirmado ao Correio Braziliense, que os cachês dos artistas que se apresentariam no evento seriam pagos com recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). Esse tributo é pago pela mineradoras que estão no município e também de outras cidades onde acontecem mineração. A verba que vem desses tributos apenas podem ser usas para saúde, educação, meio ambiente e infraestrutura.

No entanto, o Executivo negou que faria o pagamento dos artistas Gusttavo Lima e Bruno e Marrone com a verba pública – tanto o cantor, quanto a dupla sertaneja tiveram seus shows cancelos após imensa repercussão de cachês altíssimos, apenas dos dois somavam R$ 1,72 milhão, sendo que R$ 1,2 milhão iria apenas para a conta de Lima.

De acordo com o prefeito, as informações dadas pela imprensa foram “levianas e tendenciosas” e “demonstram absoluto desconhecimento sobre as formas de utilização dos recursos advindos da Mineração, regulados pela Lei Federal nº 13.540, que autoriza gastos com fomento econômico, bem estar social, turismo, diversificação econômica, saúde, educação e outros”.

Apesar disso, a  Agência Nacional de Mineração é muito incisiva em dizer que o dinheiro público arrecado por minério apenas pode ser utilizado em “projetos que, direta ou indiretamente, revertam em prol da comunidade local, na forma de melhoria da infraestrutura, da qualidade ambiental, da saúde e educação”.

‘Guerra política e partidária’

Para a administração do município, o cancelamento dos shows de Gusttavo Lima e a dupla Bruno e Marrone aconteceu devido a uma “guerra política e partidária que não tem nenhuma ligação com o município”.

Anteriormente, o município já tinha confirmado outras atrações para o festival: Israel e Rodolffo (R$ 310 mil), Di Paullo e Paulino (R$ 120 mil), João Carreiro (R$ 100 mil) e Thiago Jhonathan (R$ 90 mil).

Ainda na grade da programação do evento que acontece entre os dias 17 e 23 de junho, se apresentam também Ney Alves, Júlio César e Audair, Lucas Reis e Thacio, Zé Vaqueiro e George Henrique e Rodrigo – esses, os contratos ainda não constam no Portal de Transparência da Prefeitura.

Como as cobranças iniciaram?

A história de cachês pagos com dinheiro público virou polêmica após as invertidas de Zé Neto, da dupla com Cristiano, à cantora Anitta. Durante um de seus shows, que aconteceu dia 15 de maio deste ano, ele também disse que ele e sua dupla não dependem da “Lei Rouanet”.

“Nós somos artistas e não dependemos de Lei Rouanet, nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou não. A gente simplesmente vem aqui e canta e o Brasil inteiro canta com a gente”, disse Zé Neto em um show que aconteceu em Sorriso (MT), que inclusive foi pago R$ 400 mil à dupla, retirados do cofre público do município.