Irmã de jogador, atriz desabafa sobre depressão e aborto

Maria Gabrielli Machado é irmã de Fernandinho, do Manchester City, e fez relato emocionante no Instagram

Irmã de jogador, atriz de Malhação desabafa sobre depressão e aborto
Créditos: reprodução/Instagram
Irmã de jogador, atriz de Malhação desabafa sobre depressão e aborto

A atriz Maria Gabrielli Machado, que interpretou Taís em “Malhação – Viva a Diferença”, fez um desabafo emocionante no Instagram na sexta-feira (21). Irmã de Fernandinho, jogador da Seleção Brasileira e do Manchester City, ela relatou a luta contra a depressão e revelou que tentou o suicídio. Em agosto, sofreu um aborto e perdeu o primeiro filho.

“A morte dele aconteceu para eu lembrar que tinha muita dor acumulada que estava me destruindo aos poucos”, publicou a atriz, afirmando que ainda se sente triste, mas que já não tem mais vontade de morrer. “Sinto esperança que tudo vai ter sentido de novo”, disse, aconselhando a seus seguidores que passam pelo mesmo problema: “Tenha força”.

Confira o relato completo:

Irmã de jogador, atriz de Malhação desabafa sobre depressão e aborto
Créditos: reprodução/Instagram
Irmã de jogador, atriz de Malhação desabafa sobre depressão e aborto

“Dia 27 vai fazer um mês da ida do meu menino. E nesses dias eu fiquei o tempo inteiro tentando entender o que aconteceu e por que aconteceu. E eu tive a minha resposta.

Antes de engravidar dele, eu sofria com problemas psicológicos, que foram desencadeados por uma série de coisas e um trauma sério em particular. Porém, eu nunca me permiti sentir a dor desse trauma e dos problemas que ocorriam ao longo da minha vida.

Eu encontrei conforto nos meus estudos, então era o que eu fazia: me entupia de atividades a fim de anestesiar a dor que eu sentia. Mas não adiantou, porque logo comecei a sofrer com ansiedade, que evoluiu para depressão, que acabou me levando à tentativa de suicídio. Tudo isso em silêncio, pois foi escolha minha lidar sozinha.

Quando eu percebi a situação em que eu me encontrava, eu mesma fui atrás de ajuda sozinha e longe, para ninguém perceber. Mudei para o Rio e comecei a me tratar, conciliando tudo com os estudos, mas foi chegando uma época em que a agenda de aulas foi apertando e eu acabei deixando de prosseguir com meu tratamento. Enfim, eu comecei a namorar, me formei, mudei, noivei, fiz uma novela…

Mas ainda sofria com as crises de ansiedade, pânico e depressão, mas fui adiando a busca por ajuda profissional, que eu nunca deveria ter deixado de lado. Então, eu engravidei em um momento extremamente complicado para nós dois (meu noivo e eu). E, além disso, foi uma gravidez de risco desde o início.

Mesmo com sangramento, dores extremamente fortes, distância do meu noivo – pois ele teve uma oferta irrecusável de trabalho -, eu me mantive firme e com fé que tudo ia passar, que nosso menino ia vir forte, saudável e maravilhoso.

Eu amava estar grávida, ver minha barriga crescer, ver ele no ultrassom, contar as semanas, me alimentar da forma certa.

Quando soube que ele estava doentinho, me doeu e me assustou muito, pois eu jurava que estava fazendo tudo certo, até o lado certo de dormir eu me certificava de fazer corretamente.

Então, quando eu soube que o coraçãozinho dele tinha parado, meu mundo caiu e eu perdi o sentido. A Gabrielli perdida e doente de anos atrás voltou. Os mesmos sentimentos, os mesmos pensamentos, porém intensificados, porque antes eu nunca havia questionado Deus e, dessa vez, eu o fiz.

Eu praguejei, eu gritei, eu implorei, eu odiei e, então, eu entendi.

Deus me mostrou que a missão do meu filho não era me unir ao pai dele, aos meus amigos ou a minha família, porque isso eu já tinha. A missão do meu Levi foi me unir a mim, cuidar de mim e olhar para mim.

A morte de aconteceu para eu entender que eu tinha muita dor acumulada que estava me destruindo aos poucos. E foi só com a morte dele que eu percebi o quão ruim estava a minha situação. 

Eu dividi meu trauma com a minha mãe depois de anos escondendo e sofrendo em silêncio. E ontem, finalmente, eu pedi ajuda sem ser escondida.

Tudo isso me fez perceber que sou muito importante e muito amada para desistir de mim mesma, que é preciso aprender a lidar com as dores que a vida causa. Porque quando mais a gente guarda, mais a gente se perde e maior é o estrago.

Meu filho foi meu anjinho que me libertou da prisão horrível que era minha mente e me ensinou a lutar pela minha vida.

Depressão é coisa séria, pensamento suicida não é fraqueza, transtorno de ansiedade não é frescura e são coisas que não podemos adiar.

Eu ainda me sinto triste, ainda me sinto fraca e ainda sinto muita dor, porque sinto muita saudade do meu bolinho. Mas já não sinto desespero, nem sinto vontade de morrer e sinto esperança que tudo vai ter sentido de novo. E, para mim, me permitir sentir e querer lutar por mim é uma vitória imensa.

E para quem passa por isso: você importa, você é lindo, você é maravilhoso e você não está sozinho. Tenha força!”

  • Centro de Valorização da Vida (CVV) – LIGUE  188
  • Por ano, cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida no país, de acordo com o primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio divulgado no final do ano passado. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2011 e 2015, o número de casos cresceu 12% e essa já é a quarta maior causa de morte de brasileiros entre 15 e 29 anos. Saiba mais: