Netflix: ‘Olhos que condenam’ – série revela aberrações da Justiça

Série narra o processo que levou à condenação de cinco jovens no caso que ficou conhecido como "Os cinco do Central Park", em 1989

Por: Laura Sarkovas e Jacqueline Cordeiro

O que pensar do sistema judiciário americano que julgou e condenou pelo crime de agressão e estupro cinco adolescentes inocentes do Harlem?

“Olhos que condenam” é uma minissérie com 4 episódios que conta a história real desse que foi um dos maiores e mais conhecidos erros da justiça americana.

O lançamento foi simultâneo em 190 países e foi o mais visto da Netflix durante 12 dias!

 
Créditos: Divulgação/Netflix
 

Com direção, ideia e roteiro de Ava DuVernay, a série mostra a vida desses garotos nova-iorquinos antes de tudo acontecer e todo o seu calvário após a acusação: o sofrimento durante o julgamento, o dia a dia dentro do sistema prisional e a tentativa frustrada de levar uma vida normal depois que alguns deles ganharam a liberdade condicional.

 
Créditos: Reprodução/ Because of Them We Can
 

Em vários momentos chocantes da série fica clara a hipocrisia de todo um sistema que foi criado para ser opressor e manter submisso o cidadão comum com o objetivo de satisfazer a sede de poder e privilégio da elite branca.

Inclusive, uma das cenas faz com que a gente quase perca esperança no ser humano: surge na TV o jovem Donald Trump, na época um empresário do ramo imobiliário, aos berros incentivando a condenação dos garotos, incendiando a opinião pública e a mídia com o pedido da volta da pena de morte.

 
Créditos: Divulgação/Netflix
 

Os jovens foram inocentados em 2002 quando Matias Reyes –  um estuprador em série – se apresentou como o verdadeiro criminoso e comprovou sua culpa através de exames de DNA comparados ao material encontrado em toda a cena do crime no Central Park, em 1989.

  Matias Reyes, estuprador em série. 
Créditos: Foto: William LaForce Jr./ via Getty Images
  Matias Reyes, estuprador em série. 

Em 2003 os jovens processaram a cidade de Nova York e em 2014 finalmente conseguiram receber uma indenização de cerca de R$ 40 milhões de dólares.

Os cinco jovens hoje.
Créditos: Divulgação/Netflix
Os cinco jovens hoje.

Os episódios são mais longos que o comum em séries: têm entre 64 e 88 minutos. O ideal é assistir aos poucos, pois a trama é densa e lembrar que as atrocidades e erros que vemos encenados na tela aconteceram de fato é extremamente angustiante e aflitivo.

Ava DuVernay explica da importância da obra: “O real objetivo de todos que fizeram esse filme é que  possamos dizer: Vamos América, vamos mudar isso! E não podemos mudar o que não conhecemos!”

Para entender ainda mais sobre a relevância de um trabalho como esse e os danos irreversíveis que um erro de justiça desta dimensão pode causar na vida de um ser humano, a dica é assistir, depois da série, à entrevista “Oprah apresenta: Olhos que condenam”, também na Netflix. 

 
Créditos: Divulgação/Netflix
 

Oprah Winfrey conversa com o elenco e pessoas da produção, além de apresentar os “cinco exonerados”, os reais garotos que viveram essa história absurda de injustiça, hoje homens adultos que têm que lidar com todo tipo de sequelas, físicas e emocionais.

Este é um projeto que deve ser levado ao máximo de pessoas possível para manter aguçado o pensamento crítico e instigar o debate a respeito do preconceito racial dentro do sistema judiciário.