Mangue Shows na Ocupação Chico Science

Chico Science recebe homenagem pelo projeto Ocupação, do Itaú Cultural. A mostra ficará aberta ao público entre os dias 4 de fevereiro e 4 de abril, em um espaço que recria o universo do músico pernambucano.

De 1º a 4 de abril, quinta-feira a domingo, fechando a programação da Ocupacão Chico Science, o Itaú Cultural apresenta o Mangue Shows, um ciclo com quatro apresentações de artistas relacionados com o movimento Manguebeat.

Começa com uma das formações  do Instituto, selo que reúne mais de 15 grupos e artistas pós-manguebeat. Nos dois dias seguintes, se apresenta a banda Mundo Livre S/A, a única que conviveu diretamente com Chico Science e participou ativamente do movimento.  Karina Buhr e seu grupo encerram a série de espetáculos, e ainda contam com a presença de Edgar Scandurra, ex-guitarrista do Ira!

Das três bandas que irão se apresentar, Mundo Livre S/A é a única que conviveu diretamente com Chico Science.  Depois da morte precoce de Science, o Mundo Livre S/A manteve vivo o Manguebeat.

Na última noite de shows, e último dia da Ocupação Chico Science, se apresenta Karina Buhr, nascida na Bahia, mas criada em Pernambuco, o que influenciou toda sua música.

Sobre a Ocupação Chico Science

Aqueles que passarem pelo Itaú Cultural terão a oportunidade de adentrar num ambiente que lembra a vida e as experiências de uma das mais criativas mentes da música brasileira.

A Recife das décadas de 1980 e 1990, a arte urbana, o mangue, o hip hop e o maracatu, as festas na Soparia, o computador e toda a inspiração dos mangueboys – como ficaram conhecidos Chico e sua turma – estarão expostos em espaços de fruição e interação com os visitantes.

Além de fazer referência à cena, a exposição mostra a trajetória do músico. De objetos pessoais e imagens de arquivo a cartazes de shows e depoimentos de familiares, amigos e parceiros musicais, Ocupação Chico Science pontua o legado deixado pelo músico – na identidade pernambucana, na música brasileira, na imagem do Brasil para o mundo.

http://www.youtube.com/watch?v=0aL-Xr_i7a8

Confira a programação completa, que inclui os eventos da exposição:

Todos os eventos possuem entrada Catraca Livre.

Exposição
Quinta 4 de fevereiro a domingo 4 de abril de 2010.

Veja aqui fotos das pessoas que já passaram pela exposição.

Shows
Sala Itaú Cultural [247 lugares]

Instituto – Quinta, 1 de abril às 20h.

Karina Buhr – Domingo, 4 de abril, às 20h.

Mundo Livre S/A e convidados – Sexta, 2 e sábado, 3 de abril às 20h.

Bate-papo
Conversa de Mangue
domingo 28 de março 19h
Sala Itaú Cultural [247 lugares]
com Beco Dranoff, Borkowski Akbar (Heimatklange/Womex), Fred 04, Bill Bragin e Miranda
mediação de Paulo André.

Especialistas musicais e protagonistas do movimento mangue debatem os ecos da cena no Brasil e no mundo.

Beco Dranoff
Produtor musical brasileiro que vive em Nova York, Dranoff criou a Ziriguiboom, produtora e selo musical responsável pelo lançamento internacional de artistas como Suba, DJ Dolores, Trio Mocotó e Bebel Gilberto.

Borkowski Akbar
Um dos fundadores da Womex, uma das mais importantes feiras de negócios da música alternativa no mundo. Produtor do festival alemão Heimatklange, que significa “sons da terra”, e também do Piranha Records, selo de Berlim pioneiro em lançar a world music na Europa.

Fred Zeroquatro
Líder da banda Mundo Livre S/A, amigo de Chico Science e protagonista do movimento mangue beat, Fred é também o autor do manifesto Caranguejos com Cérebro, marco na criação da cena.

Bill Bragin
Diretor de programação do Lincoln Center, em Nova York, onde supervisiona os festivais de verão Midsummer Night Swing e Lincoln Center Out of Doors. É também cofundador e produtor do evento anual globalFEST, em sua sétima edição. Velho fã da música brasileira, abriu espaço internacional para artistas pioneiros do movimento mangue beat, incluindo o lançamento nos Estados Unidos de Chico Science & Nação Zumbi, no SummerStage, em 1995.

Paulo André Pires
Parceiro, amigo e produtor musical de Chico Science, Paulo André criou, em Recife, um dos mais importantes festivais alternativos de música do país: o Abril Pro Rock. Sua primeira edição foi em 1993 e teve papel fundamental para que o movimento mangue fosse catapultado para o resto do país. Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A fizeram apresentações memoráveis no festival.

Carlos Eduardo Miranda
Entusiasta da cena mangue, o produtor de Porto Alegre esteve presente nas primeiras edições do festival pernambucano Abril Pro Rock. Fundou o Banguela Records, importante selo brasileiro de música independente e responsável pelo lançamento nacional da Mundo Livre S/A.

Cinema
Mangue no Cinema
Com a participação e apresentação do produtor cultural Roger.

Programa 1 [93 min]
Quinta 25 de março 20h

Baile Perfumado
Paulo Caldas e Lírio Ferreira, PE, 1997, 93 min.
Roteiro: Hilton Lacerda; fotografia: Paulo Jacinto dos Reis (Feijão); direção de arte: Adão Pinheiro; música: Fred Zeroquatro, Lúcio Maia, Siba; elenco: Jofre Soares, Duda Mamberti, Luís Carlos Vasconcelos.
Este filme, que cria um making of das filmagens realizadas por Benjamin Abrahão com o bando de Lampião em plena caatinga nordestina, é um dos mais instigantes retratos do cangaço no cinema nacional. Apoiado num rico acervo de pesquisa, Baile Perfumado trás para a sombra do mundo pop o personagem do Capitão Virgulino Ferreira (vulgo Lampião). Importante ponto de convergência entre o cinema pernambucano e o movimento mangue beat. Interessante a presença de Roger de Renoir e do cantor Ortinho como cangaceiros, além da participação de toda a banda Mestre Ambrósio durante uma festa no filme.

Programa 2 [100 min]
Sexta 26 de março 20h

Texas Hotel
Cláudio Assis, PE, 1999, 14 min.
Roteiro: Hilton Lacerda; fotografia: Walter Carvalho; direção de arte: Renata Pinheiro; elenco: Jeison Wallace, Jonas Bloch, Conceição Camarotti, Jones Mello, Fernando Peres.
Este curta-metragem é um curioso estudo de linguagem para a construção narrativa do longa Amarelo Manga. Tendo um hotel como personagem, o filme inventa tipos que formam a fauna urbana de um imaginado Recife. A frase “O que acontece enquanto a vaca vai e vem” foi a provocativa sinopse usada durante seu lançamento. Aqui, o mangue beat está presente na música e na interpretação – que conta com a participação de Gilmar Bolla Oito e Otto no elenco.

O Mundo é uma Cabeça
Bidu Queiroz e Cláudio Barroso, PE, 2004, 17 min.
Roteiro: Cláudio Barroso e Bidu Queiroz; fotografia: Paulo Jacinto dos Reis (Feijão).
Por meio de depoimentos do próprio Chico Science e de outros integrantes do movimento mangue beat, o filme revela-nos de maneira muito próxima o pensamento de Science. Interessante a participação de Roger de Renor como guia em partes do depoimento. Filme-chave.
[não recomendado para menores de 14 anos]

A Perna Cabiluda

Marcelo Gomes, Beto Normal, Gil Vicente e João Vieira de Melo Veira Júnior, PE, 1997, 19 min.
Elenco: Chico Science, Fred Zeroquatro, Danuza Leão.
Uma das lendas urbanas mais surrealistas observada por olhos atentos, divertidos e inteligentes dos realizadores. Para uma pessoa distante, o documentário parece uma ficção. Celebridades locais e nacionais, misturadas ao relato e às lembranças de populares, transformam A Perna Cabeluda num dos filmes mais interessantes da cena audiovisual pernambucana.

Um Passo à Frente e Você Está Mais no Mesmo Lugar
Cláudio Assis, PE, 50 min.
A partir de uma montagem inteligente, esse documentário feito para a TV é uma das referências mais interessantes sobre Science, onde o cineasta Cláudio Assis não se contenta em se dobrar diante do artista, mas sim em revitalizá-lo por meio da memória visual e oral de toda uma geração.

Programa 3 [89 min]
sábado 27 de março 18h

Maracatu, Maracatus
Marcelo Gomes, PE, 1995, 14 min.
Roteiro: Marcelo Gomes; fotografia: Jane Malaquias; trilha sonora: Chico Science, Antônio Carlos Nóbrega; elenco: Jofre Soares e Meia-Noite.
Misturando documentário e ficção, este filme fala sobre o choque entre as gerações que fazem parte de um grupo maracatu. A história dessa manifestação observada com um olhar agudo, colocando em confronto a tradição e a modernidade ao revelar de que maneira as manifestações se revitalizam. Participação importante de Mestre Salustiano, uma das principais referências de cultura popular para Chico Science.
[não recomendado para menores de 14 anos]

O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas
Paulo Caldas e Marcelo Luna, PE, 2000, 75 min.
Roteiro: Paulo Caldas, Marcelo Luna e Fred Jordão; fotografia: André Horta; direção de arte: Cláudio Amaral; trilha sonora: DJ Dolores e Garnizé.
Dois personagens reais, Helinho e Garnizé, formam o eixo do documentário. Helinho, justiceiro, 21 anos, conhecido como “pequeno príncipe”, é acusado de matar 65 bandidos de bairros da periferia recifense. Garnizé, músico, 26 anos, componente da banda de rap Faces do Subúrbio, militante político e líder comunitário em Camaragide, usa a cultura para enfrentar a difícil sobrevivência na periferia. Os dois são opostos e ao mesmo tempo iguais na condição de filhos de uma guerra social silenciosa, travada diariamente nos subúrbios das grandes cidades brasileiras.
[não recomendado para menores de 14 anos]

Programa 4 [87 min]
sábado 27 de março 20h

Cachaça
Adelina Pontual, PE, 1995, 13 min.
Roteiro: Adelina Pontual; fotografia :Jane Malaquias; trilha sonora: Fred Zeroquatro e Otto; direção de arte: Cláudio Cruz, Péricles Duarte; elenco: Chico Diaz, Edmilson Barros, Jones Mello.
Num bar no centro da cidade, dois homens fazem uma aposta: ver quem aguenta tomar mais cachaça. A noite transcorre com suas revelações e seus personagens. Os primeiros raios de sol revelarão o vencedor.
[não recomendado para menores de 14 anos]

Se Liga na Parada… Ou um Abraço
Michelle Assumpção, PE, 1997, 22 min.
Registro feito por uma jornalista que acompanhou de perto o movimento hip hop em Recife da década de 1990. Nele, o jeito de viver de seus protagonistas, jovens que abraçaram o ritmo como busca de uma atitude.

Josué de Castro – Cidadão do Mundo
Silvio Tendler, RJ, 1995, 52 min.
Locução: José Wilker; entrevistas: Jorge Amado, Betinho, Dom Helder Câmara, Milton Santos, Chico Science.
Inspiração para o movimento mangue, a vida e a obra do geógrafo e humanista Josué de Castro guiam este documentário. Indicado ao Prêmio Nobel da Paz, Josué de Castro morreu no exílio, em Paris, em 1973. Ele é o autor de Geografia da Fome e de Homens e Caranguejos, livros referenciais para o mangue beat.

Programa 5 [87 min]
domingo 28 de março 15h

Maracatu de Tiro Certeiro
Videoclipe, PE, 1993, 4 min.
Banda: Chico Science & Nação Zumbi.
Direção: Dolores & Morales; produção: X-Filmes
Ainda na fase pré-Sony, Chico Science & Nação Zumbi rodaram esta experiência imperdível em vídeo Hi8. Contém alguns dos elementos recorrentes da mitologia Science: citações à violência urbana, lama e deboche.

Samba Esquema Noise
Videoclipe, PE, 1995, 5 min.
Banda: Mundo Livre S/A.
Direção: Dolores & Morales; produção: Etapas Vídeo.
Quatro amigos se encontram numa praia deserta. Sob efeito de aditivos químicos, começam um delírio lisérgico. Todo filmado em preto e branco, é um dos clipes mais radicais da Mundo Livre S/A. Seu formato e sua narrativa terminaram por exilá-lo dos programas de TV especializados em música. Sua realização foi completamente independente, o que lhe dá completa liberdade. Um clipe para revelar a banda, não para vender o disco.

A Cidade
Videoclipe, PE, 1993, 4 min.
Banda: Chico Science & Nação Zumbi.
Direção e produção: TV Viva.
A versão demo de um dos maiores sucessos de Chico Science & Nação Zumbi, realizada pela TV Viva, nas ruas de Recife. Trata-se do primeiro clipe realizado para a banda. Nesse caso, precisa ser relevado o papel da produtora (TV Viva), uma das principais parceiras do movimento mangue nos anos 1990.

Maracatu Atômico
Videoclipe, RJ, 1996.
Banda: Chico Science & Nação Zumbi.
Direção: Raul Machado; produção: Chaos/Sony Music.
Imagens marcantes para a versão explosiva feita por Chico Science e Nação Zumbi para a lendária música de Jorge Mautner.

Manguetown
Videoclipe, RJ, 1996.
Banda: Chico Science & Nação Zumbi.
Direção: Gringo Cárdia; produção: Chaos/Sony Music.
O clipe segue a explosão da banda após o lançamento de seu segundo CD, Afrociberdelia. A foto que compõe a entrada na exposição Ocupação Chico Science foi feita por Roberto Amadeo, fotógrafo deste filme.

Samydarsh – Os Artistas da Rua
Adelina Pontual, Claudio Assis e Marcelo Gomes, PE, 1993, 12 min.
Recife, uma capital deteriorada. Ruas, becos e mercados do centro estão apinhados de vendedores, pedintes, pregoeiros. No meio dessa Babel com sotaque latino, os cantadores de rua, ou, como se intitulam, os músicos populares, cumprem seu ritual de cantoria.

Punk Rock Hard Core – Alto José do Pinho – É do Caralho!
Marcelo Gomes, Adelina Pontual e Cláudio Assis, PE, 1995, 13 min.
Uma comunidade considerada carente está totalmente integrada ao mundo por meio de seus jovens, que passam a impor respeito não pelo calibre da arma que carregam, mas pela voltagem do amplificador que usam para suas guitarras. Dentro do documentário há o clipe da música Punk Rock Hard Core, do Devotos do Ódio (hoje apenas Devotos), todo realizado em 35mm, com os restos dos negativos do filme Maracatu, Maracatus, de Marcelo Gomes.

De Malungo pra Malungo
Alexandre Alencar, PE, 1999, 42 min.
O documentário registra a chamada “cena musical pernambucana”. Narrado por seus 53 entrevistados, o vídeo apresenta uma espécie de ?versão oficial? de como funciona a cena, não apenas na área musical, mas também na moda, no cinema e nas artes plásticas.

Programa 6 [100 min]
Domingo 28 de março 17h

Amarelo Manga
Cláudio Assis, PE, 2003, 100 min.
Roteiro: Hilton Lacerda; fotografia: Walter Carvalho; direção de arte: Renata Pinheiro; música: Jorge du Peixe, Lúcio Maia; elenco: Matheus Naschtergaele, Dira Paes, Conceição Camarotti, Chico Diaz, Leona Cavalli.
Guiados pela paixão, os personagens de Amarelo Manga vão penetrando num universo feito de armadilhas e vinganças, de desejos irrealizáveis, da busca incessante da felicidade. O universo aqui é o da vida-satélite e dos tipos que giram em torno de órbitas próprias, colorindo a vida de um amarelo hepático e pulsante. Não o amarelo do ouro, do brilho e das riquezas, mas o amarelo do embaçamento do dia a dia e do envelhecimento das coisas postas. Um amarelo-manga, farto. [não recomendado para menores de 18 anos]

Por Redação