Espetáculo multimídia apresenta obras de Guimarães Rosa em praças públicas da capital, grande São Paulo e interior

“Sertão no meio do Redemoinho” apresenta uma leitura contemporânea e urbana da obra de Guimarães Rosa com trilha sonora ao vivo do grupo de música contemporânea O Grivo, figurinos de Ronaldo Fraga, instalações e imagens dos videomakers Roberto Bellini e Cassio Santiago e participações especiais de moradores e contadores de histórias de Codisburgo (MG), cidade natal do autor.

Sertão no meio do redemoinho é o nome do espetáculo que o SESC Consolação realiza e que tem como proposta fazer uma leitura contemporânea e urbana da obra de Guimarães Rosa, entrecruzando aquele sertão imaginário e poético, presente na sua obra maior Grande Sertão, Veredas e disseminado por toda sua composição, com as ruas e praças movimentadas da cidade de São Paulo e algumas outras cidades do estado.

A pré-estreia acontecerá no dia 30 de abril, na cidade de Codisburgo (MG) e chega a São Paulo no dia 3 de maio, ao lado do SESC Av. Paulista, durante a programação da Virada Cultural 2009, passando a seguir pelas praças Poupatempo Sé (dia 5), Praça do Patriarca ( dia 6), Praça da República (dia 7), Largo Santa Cecília (dia 8), Comunidade de Heliópolis (dia 9), SESC Itaquera (dia 10), Largo 13 de Maio (dia 12) e Mercado da Lapa (dia 13) na capital e no Calçadão do Shopping em Osasco (dia 14). Já no interior do estado, dia 15 o projeto se apresenta em Campinas, dia 19 em Presidente Prudente, dia 20 em Birigui, dia 21 em São José do Rio Preto e dia 22 em Araraquara.

Idealizado e dirigido por Andrea Caruso Saturnino e Ricardo Muniz Fernandes, o espetáculo envolve contadores e moradores da cidade de Cordisburgo (MG), cidade natal do autor, todos intérpretes à sua maneira das obras de Guimarães Rosa, destacando-se dentre eles Toninho Sozinha, “lutier” e tocador de sanfonas, o Sr João Peão, ex-vaqueiro, benzedor e contador de casos, o contador José Maria, um dos primeiros contadores de Guimarães Rosa, que dialogam neste caminho de interpretação com o grupo de música contemporânea e multimídia  O Grivo, criadores de  intervenções e ações musicais durante todo o percurso; com os videomakers Roberto Bellini  e Cassio Santiago , em vídeo-instalações, projeções e colagens  espalhadas pelo espaço; e o grupo de teatro de objetos  Casa Volante composto por Guilherme Pam oriundo do Grupo Giramundo, e  Jane Kiefer, artista francesa formada pelo Institut Internationale de La Marionette Chraleville –Mesieres, responsáveis por objetos, bonecos , teatro de sombras,  autômatos e “traquitanas low tech” .

Os figurinos foram desenhados pelo estilista mineiro Ronaldo Fraga e foram  confeccionados e bordados por uma cooperativa de bordadeiras de Cordisburgo.

“O sertão está dentro da gente”

Guimarães Rosa

Sertão no meio do redemoinho não é uma adaptação teatral da obra de Guimarães Rosa, mas um diálogo entre suas realidades e fantasias e o cotidiano e o real vigente nas praças e ruas de grandes cidades.
Em uma estrutura metálica, desenhada e construída como uma  encruzilhada, um “descanso no meio da loucura” acontece uma  performance contínua, com a duração aproximada de 8 horas, em que os vários níveis da obra se mesclam e  se re-constroem como uma outra narrativa. Um fluxo de pequenas cenas, onde os espectadores e transeuntes podem descobrir e vivenciar a imensidão e dimensão da obra. Uma encruzilhada e passagem.

Uma narrativa não linear, a-histórica e nada didática.  Um passeio pelos claros e escuros, pelos amores, raivas, mandos e desmandos, pela natureza e coisas do homem, de Deus e do Diabo que atravessam toda a obra e todas as cidades e terras. Teatro de objetos, música, vídeos, narrações de histórias, slogans, procissões, e fragmentos da obra , compõem um diagrama, um lugar aberto, “sem fechos” para vivenciar ou refletir sobre  a obra de Guimarães Rosa .

A montagem é composta por 14 cenas, com a duração de aproximadamente 30 minutos cada uma, que funcionam como  capítulos, partes de um grande quebra-cabeça, onde cada pedaço , cada trecho está  conectado, interligado  e ao mesmo tempo é independente de toda a performance. O espectador opta pelas oito horas por trinta ou cinco minutos e, em qualquer uma destas “durações”, ele experimenta e descobre e vivencia a fecundidade e a força da obra de Guimarãe Rosa. São 14 capítulos, 14 sobreposições, novas obras reinventadas também pelos espectadores e passantes. Cada uma destas cenas tem  um título baseado nas obras e nos seus contextos:  1-Nonada, 2-de um jagunço, 2-das coisas de deus e do outro, 3-encontro, 4-dos chefes, 5 -reencontro, 6-de uma travessia, 7-homem humano,8 – o pacto, 9-uma gira, 10-de uma batalha e dos  cavalos,11-dos amores, 12-da guerra, 13-da morte e surpresa  14-Nonada .

Misturando e mixando referências tradicionais á estratégias contemporâneas, Sertão no meio do Redemoinho percorre e interrompe o ritmo acelerado da cidade, surpreendendo e disseminando a fecundidade, o ilimitado e  a atemporalidade da obra de Guimarães Rosa.

Por Redação