Exposição da fotógrafa Alemã Grete Stern

O Museu Lasar Segall apresenta de 04 de abril a 28 de junho, a mostra Os Sonhos de Grete Stern: fotomontagens. Com curadoria do diretor do museu, o professor Jorge Schwartz, a exposição será constituída por 46 fotomontagens da fotógrafa alemã Grete Stern (1904-1999), que pela primeira vez terá a série Sonhos exposta no Brasil. O público carioca terá oportunidade de conferir a mostra que têm, posteriormente, escala prevista no Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro, de 15 dezembro de 2009 a 31 de janeiro de 2010.

Nascida em Wuppertal-Elberfeld, ela fez parte das fileiras da Bauhaus e foi discípula de Walter Peterhans, responsável pelo primeiro curso de fotografia nessa renomada instituição. Em Berlim, Grete associou-se a Ellen Auerbach, com quem fundou o estúdio de fotografia ringl + pit (apelidos de infância das duas fotógrafas), período em que elas produziram fotografias voltadas para a indústria e para o mercado, com uma linguagem moderna e experimental. Dessa fase da República de Weimar, sobrevivem grandes retratos, como o de Bertold Brecht. Foi na própria Bauhaus que ela conheceu o fotógrafo argentino Horacio Coppola, que se tornaria seu marido. Em 1933, eles são obrigados a fugir do nazismo para Londres e, posteriormente, para Buenos Aires, onde ela fixaria residência. Em 1935, convidados por Victoria Ocampo, diretora da revista Sur, Grete Stern e Coppola realizaram em Buenos Aires e na redação da antológica revista a primeira exposição de fotografia moderna na Argentina.

Com produção fotográfica muito diversificada, que oscila entre o retrato, o cenário urbano e cosmopolita de Buenos Aires, até fotografias etnográficas dos índios aborígines da região do Grande Chaco, no norte da Argentina, o Museu Lasar Segall escolheu a série de fotomontagens que nestes últimos anos deu a Grete Stern grande notoriedade. Trata-se de 148 Sonhos, publicados entre 1948 e 1952 na revista feminina Idilio, da Editorial Abril, e de enorme circulação: um trabalho inusitado em parceria com um psicólogo, para a coluna semanal “El psicoanálisis le ayudará”. Eles solicitavam e recebiam cartas de leitoras relatando os sonhos; com o pseudônimo de Richard Rest, o professor Gino Germani publicava a interpretação, e Grete Stern, a fotomontagem, espécie de interpretação artística e visual do sonho analisado. Desses trabalhos, sobreviveram apenas 46 negativos, que permitiram resgatar não apenas a psique feminina da sociedade Argentina do final dos anos 1940, como a grandeza compositiva das fotomontagens, dentro da tradição das vanguardas históricas. Em artigo teórico sobre fotomontagem, Grete Stern reconhece uma tradição ancorada no Surrealismo e na Nova Objetividade, e em nomes como John Heartfield, Kurt Schwitters, sem deixar de lado Man Ray, Magritte e André Breton.

O catálogo da exposição, Os sonhos de Grete Stern: fotomontagens, em co-edição com a Imprensa Oficial de São Paulo (projeto visual da Máquina Estúdio), apresentará a série completa: as 46 fotomontagens que estarão expostas no Museu Lasar Segall, reproduzidas dos negativos; e mais 101 feitas a partir da reprodução da hoje rara revista Idilio. Além disso, o catálogo trará estudos inéditos da historiadora de arte Annateresa Fabris, do psicanalista João Frayze, de Luis Príamo (especialista em Grete Stern e responsável pela recuperação da série completa das fotomontagens) e da escritora María Moreno. Também será incluído um importante artigo teórico de Grete Stern sobre fotomontagem, todos eles com farta iconografia.

Por Redação