Instituto Tomie Ohtake: Amazônia – de Bob Nugent

Um desenho de 100 metros de comprimento serpenteia o espaço do Instituto Tomie Ohtake, saindo e entrando por suas salas, no piso térreo. Trata-se de Amazônia do californiano Bob Nugent (1947, Santa Mônica, EUA), artista que durante 23 anos, em visitas ao Brasil, realizou trabalhos de sensível interpretação da nossa paisagem.

De proporções monumentais (103m x 1,30m), a obra, feita a partir de um grande rolo de papel e meios variados, como carvão, lápis, óleo, guache, aquarela e nanquim, foi concebida treze anos após a sua primeira viagem à Floresta Amazônica (outubro de 2005 a agosto de 2008). A  imensa paisagem flui pelo espaço como os rios que correm pelo território brasileiro. O registro desses rios e do que se vê em suas margens resulta nessa obra que, segundo Agnaldo Farias, converte-se numa outra margem. “Na terceira margem, a margem mítica, criada pelo homem, este ser precariamente finito, mas cuja avidez o impele em  direção à eternidade, o mesmo principio que o leva a procurar rios.”

Na linha do que Kandinsky definia como “impressões e improvisações”, o artista, cria telas a partir de paisagens, como se fossem sugestões de lugares reais – uma realidade sentida.  “É uma viagem sensorial e metafísica pela Bacia Amazônica”, afirma Nugent. Suas obras misturam o expressionismo lírico, com seu vivo colorismo e luminosidade, e as cores pesadas do expressionismo alemão, compondo uma espécie de realismo mágico. “O desenho avança aos bocados, pelos detalhes, e não através de paisagens horizontais, as visões compreensivas e desbordadas, como as oferecidas pelos pintores românticos”, esclarece Farias.

Por Redação