Artista faz homenagem ao quadrado

divulgação
Tela do artista

O Instituto Tomie Ohtake recebe um conjunto expressivo de 45 pinturas da famosa série Homenagem ao Quadrado, precioso legado de Josef Albers ao estudo das cores. Esta exposição, com curadoria de Brenda Danilowitz, é uma rara oportunidade para o público compreender como o artista, lidando com cores e uma só estrutura, levou longe a idéia de rigor e precisão.

“Homenagem ao quadrado é uma magnífica e obsessiva conclusão da vida e da arte de Albers”, explica Nicholas Fox Weber, diretor The Josef and Anni Albers Foundation, onde Danilowitz ocupa o cargo de curadora chefe. A Fundação, sediada em Connecticut, nos Estados Unidos, cedeu a maioria das obras desta exposição, que também reúne trabalhos provenientes da Yale University Art Gallery, Hirshhorn Museum e Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

Homenagem ao quadrado foi iniciada em 1950, quando o artista referencial da abstração geométrica contava com 63 anos e durou até a sua morte em 1976. Trabalhando obsessivamente sobre uma estrutura simples de três ou quatro quadrados inscritos um dentro do outro, invariavelmente tencionando o limite inferior, Albers levou ao extremo seu objetivo de estudar a natureza da percepção da cor. O artista pintou mais de mil obras com as quais demonstrou a autonomia da cor, sua capacidade de proporcionar efeitos psíquicos no espectador, diante de uma luminosidade enigmática, derivada das superfícies animadas pelo jogo sutil do contraste entre as cores.

Esta série que tanto aprofundou o estudo da pintura – e no Brasil foi apresentada em versão bem mais reduzida, em 1964, no MAC-USP – tornou-se ao mesmo tempo um campo pictórico conhecido no vocabulário cotidiano da vida moderna americana ao ilustrar revistas, como Life Magazine, Realties, Vogue, cartoons da New Yorker e programa de tv.

O artista alemão Josef Albers (Bottrop, Alemanha, 1888 – New Haven, EUA, 1976) tinha trinta e dois anos quando, reagindo ao manifesto da Bauhaus escrito por Walter Gropius em 1919, abandonou tudo para começar de novo da base. Três anos depois, o mesmo Gropius anunciaria sua contratação como um dos professores responsáveis pelo curso preliminar – Vorkurs, de um ano de duração. O outro era o húngaro Lázló Moholy-Nagy.

Albers, juntamente com seus colegas Wassily Kandinsky, Paul Klee, Lionel Feininger, Herbert Bayer, Oskar Schlemmer, além de Gropius, Hannes Meyer e Ludwig Mies van der Rohe, foi um dos principais responsáveis para que a arte estabelecesse uma relação com a indústria, início do racionalismo.

Em 1933, na sequência do fechamento da Bauhaus pelos nazistas, Josef Albers e sua esposa Anni aceitaram o convite da Black Mountain College, na Carolina do Norte, onde ele encontrou a atmosfera ideal para o desenvolvimento de sua produção como professor e artista. A Black Mountain College iniciou nos Estados Unidos uma nova prática no ensino de arte. Foi lá que Merce Cunningham formou sua primeira companhia de dança, que Buckminster Fuller construiu seu primeiro domo geodésico e que John Cage, com Cunningham e Robert Rauschenberg, realizou “o primeiro” happening. Entre os alunos, além de  Rauschenberg, estavam Cy Twombly, Eva Hesse, John Chamberlain, Kenneth Noland e Arthur Penn. Em resumo, depois de Albers o ensino de arte nunca mais foi o mesmo.

Pinacoteca

Esta exposição acontece paralelamente a Anni e Josef Albers Viagens pela América Latina apresentada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, que reúne 350 obras da coleção do casal alemão Anni e Josef Albers. Com curadoria também de Brenda Danilowitz, a mostra traz trabalhos que evidenciam a forte influência da arte e da cultura latina na produção dos Albers. Durante a exposição será promovido um ciclo de palestras com a curadora e pesquisadores. Abertura dia 17 de janeiro, sábado, a partir das 11h – até 08 de março de 2009 – Praça da Luz, 2 fone: 11.3324-1000, de terça a domingo das 10h às 18h / R$4,00 e R$2,00 (meia) grátis aos sábados.

Por Redação