O Cinema de Chantal Akerman

Centro Cultural Banco do Brasil exibe 20 filmes de Chantal Akerman. Cineasta belga radicada na França, atuante desde os anos 60, cuja obra de vanguarda vai da política às questões de identidade, da sexualidade e do feminino.

Durante a Mostra, será lançado um catálogo com ensaios e filmografia da artista.

Confira os filmes da mostra:

Exploda minha Cidade (Saute ma Ville)
(Bélgica, 35mm, p&b, 13 min., 1968)
Primeiro curta de Akerman, realizado quando ela tinha 18 anos. Nele, a diretora faz o papel de uma jovem em seu apartamento, utilizando objetos e o próprio corpo como material expressivo, num trabalho próximo às performances dos finais dos anos 70.

Hotel Monterey
(Bélgica,16mm, cor, 63min., 1972)
Filme sem enredo, Hotel Monterey é constituído por uma fragmentária descrição de cima a baixo do lugar, desde o hall até o ultimo andar, subindo pelo elevador. Planos fixos nos corredores, lentos travellings in e out enquadrando portas e janelas, e uma grande panorâmica final que segue a linha do horizonte entre o céu e os edifícios.

Eu Tu Ele Ela (Je Tu Il Elle)
(Bélgica/França, 35mm, p&b, 90 min., 1975)
Em seu primeiro longa de ficção, Akerman assume novamente o papel de personagem. Uma mulher sozinha em seu apartamento escreve cartas a um destinatário desconhecido, depois sai e se encontra com um motorista de caminhão e com uma amante.

Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles
(Bélgica/França, 35mm, cor, 200 min, 1975)
Considerado como a obra-prima de Akerman, traz a atriz Delphine Seyrig no papel de Jeanne Dielman, uma jovem viúva que vive com seu filho Sylvain seguindo uma ordem imutável: à tarde, enquanto seu filho está na escola, ela cuida do apartamento e recebe os clientes.

Notícias de Casa (News from home)

(Bélgica/França, 16mm, cor, 89 min., 1976)
Num filme de tom pessoal, Akerman filma as ruas de Nova York e, em voz off, lê as cartas enviadas por sua mãe da Bélgica. A cidade de Nova York é filmada em suas cores, formas e contrastes, em planos fixos e travellings.

Os Encontros de Anna (Les rendez-vous d’Anna)
(Bélgica/França/Alemanha, 35mm, cor, 127 min., 1978)
A atriz Aurore Clément vive Anna, uma jovem cineasta ocupada com viagens para divulgar seus filmes. Os encontros da personagem rendem diálogos de conteúdo crítico e histórico, evidenciando uma geração européia sem rumos, após a Segunda Guerra Mundial.

Toda uma Noite (Toute une Nuit)

(Bélgica/França, 35mm, cor, 90 min, 1982)
Seguindo mais de duas dúzias de pessoas diferentes numa atmosfera quase sem palavras de uma noite escura na cidade de Bruxelas, Akerman examina os encontros e desencontros no mundo do romance.

Os Anos 80 (Les Annés 80)
(Bélgica/França, 35mm, cor, 79 min., 1983)
O filme mostra o processo de realização do filme Golden Eighties (1986), incluindo testes de atores e concepção dos planos. Um documentário sobre o processo de fazer cinema.

O Homem da Mala (L’homme à la valise)
(França, 16mm, cor, 60 min., 1983)
Em 1981, o INA encomendou a vários cineastas a filmagem de um média-metragem de ficção com uma única restrição: uma única locação. Chantal Akerman encena uma experiência real. Durante um longo período de ausência, Akerman empresta seu apartamento a alguns amigos. Ao regressar, quando tinha que trabalhar no roteiro de Golden Eighties (cujos fragmentos musicais aparecem frequentemente nesse filme), um deles volta e se instala. O filme é um diário íntimo dessa convivência não desejada e obsessiva.

Carta de uma Cineasta: Chantal Akerman
(Lettre d’une cineaste: Chantal Akerman)
(França, p&b, 8 min., 1984)
Auto-retrato com tom de humor, em que Akerman conta o que é preciso para fazer um filme. Filme realizado para a série de televisão Cinéma, Cinéma.

Tenho Fome, Tenho Frio (J’ai faim, j’ai froid)
(França, 35mm, p&b, 12 min., 1984)
Excerto do filme coletivo Paris vu par… vingt ans aprés, em que Akerman conta a história de duas meninas que fogem da Bélgica e tentam sobreviver em Paris.

Golden Eighties (La Galerie)
(Bélgica/França/Suíssa, 35mm, cor, 96 min., 1986)
Um musical de humor sutil em que as pessoas se encontram, conversam, dançam, compondo histórias que se cruzam ao som das canções.

Histórias da América: Comida, Família e Filosofia

(Histoires d’Amerique: Food, family and philosophy)
(Bélgica/França, 35mm, cor, 92 min, 1989)
Em Nova York, Akerman filma depoimentos de homens e mulheres que fugiram do Holocausto. Filme com referências autobiográficas em que se vê anunciada a preocupação da diretora em abordar a questão das minorias e dos refugiados, como mais tarde em D’est  e De l’autre côté.

Noite e Dia (Nuit et jour)
(França-Bélgica-Suíça, 35mm,  90’, cor, 1991)
Jack e Julie eram muito jovens. Sem dúvida vinham do interior. Jack era motorista de taxi à noite. Preferia a noite, pois assim passava o dia com Julie. Amavam-se, e isso bastava. Fazia calor, era verão. Jack e Julie não tinham preocupações, não tinham amigos e passavam a vida entre a cama, o chuveiro e a cozinha. Não conheciam ninguém em Paris. À noite, Julie percorria a cidade em todos os sentidos. Dormir é uma perda de tempo, pensavam. Ou seja, não dormiam nunca. Uma noite, à força de simples circunstâncias, Jack apresenta Joseph à Julie. Joseph dirigia o taxi de Jack durante o dia e, por isso, estava livre à noite. Ele também vinha do interior, também não tinha amigos em Paris. Julie começa a amar os dois moços, sem que uma história interfira na outra…

Do Leste (D’Est)
(Bélgica/França, 16mm, cor, 110 min, 1993)
D’Est reconstrói a jornada desde o fim do verão até o mais intenso inverno, do Leste Alemão, através da Polônia e dos Bálcãs, até Moscou. É uma viagem que Chantal Akerman queria fazer logo após o colapso do bloco da União Soviética –  ‘antes que fosse tarde demais’ -, reconstruindo suas impressões de modo documentário, às beiras da ficção.

Retrato de uma Garota do Fim dos Anos 60 em Bruxelas
(Portrait d’une jeune fille de la fin des annés 60 à Bruxelles)
(França, 35mm, cor, 60 min., 1993)
Ao acompanhar uma adolescente em Bruxelas, o filme aborda questões de identidade e sexualidade sem cair no clichê.

Chantal Akerman por Chantal Akerman (Chantal Akerman par Chantal Akerman)
(França, cor, 63 min, 1996)
Chantal Akerman se liberta num auto-retrato: diante da câmera, ela se interroga sobre a pertinência de realizar ela mesma esse retrato e apresenta sua sinceridade como um artifício que coloca a questão da encenação e do documentário. A cineasta evoca sua juventude em Bruxelas, sua família judaico-polonesa, sua avó pintora. Depois, ela mostra, sem comentar, trechos sobrepostos dos seus filmes.

A Prisioneira (La Captive)
(Bélgica/França, cor, 107 min, 1999)
Simon ama Ariane perdidamente. Quer saber tudo sobre ela, sem deixar escapar nada. Essa necessidade incontrolável de possuir e de conhecer por completo a pessoa amada o obceca: ela a interroga, a espia, a segue, a mantém reclusa na prisão dourada de seu luxuoso apartamento parisiense. A atração de Ariane pelas mulheres apenas aguça seu ciúme cego e também seu desejo. Adaptação de A Prisioneira de Proust, La captive registra magistralmente o mistério e as contradições do desejo e do sentimento amoroso.

Do Outro Lado (De l’autre côté)
(Bélgica/França, cor, 102 min, 2002)
A areia do deserto, uma cidade que parece uma cidade fantasma. Um muro, as paliçadas. A fronteira que separa os Estados Unidos do México. Apesar dos perigos, os mexicanos tentam chegar do outro lado, para fugir da miséria. Os que conseguem chegar com vida, acabam sendo párias, exilados ou explorados.

Lá (Là-bas)
(Bélgica/França, cor, 78 min, 2006)
Pode-se criar raízes no espaço, no tempo? O que se pode perceber de Israel sem cair na dicotomia? Como viver depois do tormento? Há imagens possíveis? Imagens diretas? Ou elas devem passar pela tela? Qual tela? Como? Eis o assunto deste documentário sobre Israel.

Por Redação