Por melhores condições nas salas de aula e reajustes salariais, professores saem às ruas em SP

Por equiparação salarial em relação às demais categorias com formação superior, docentes pedem 75,33% de reajuste; Governo estadual alega que o salário de 2.415 reais é 25% superior ao piso nacional, de 1.917

Em greve desde o último dia 16 de março, professores da rede estadual de ensino lutam por melhores condições de trabalho, reivindicando aumento de salário, reajuste do vale-alimentação, transporte, jornada do piso, contratação dos professores temporários, entre outras demandas anunciadas durante as manifestações das últimas semanas.

Uma pesquisa divulgada pela Organização para a Cooperação Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que o salário dos professores brasileiros está entre os piores do mundo em uma lista formada por 34 países. Assim, um professor em início de carreira pode receber até US$ 10.375 dólares por ano, levando em conta escolas da rede privada de ensino (equivalente a um salário de aproximadamente 2.700 reais por mês). A quantia é superior apenas à Indonésia, que registra míseros US$ 1.560 dólares para 12 meses de trabalho.

Uma das principais porta-vozes do movimento que luta nas ruas por melhorias na educação, a professora Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), ressalta a importância das manifestações e detalha o cenário da educação no estado de São Paulo. “Nossa luta é para desmascarar essa má gestão que apenas sustenta as mazelas da educação nas salas de aula”. Após o corte de verbas anunciadas pelo Governo do Estado em março deste ano, 3390 salas de aula foram fechadas e milhares de professores demitidos.

Professores voltam às ruas nesta quinta-feira,  2 de abril, na Avenida Paulista

Qualidade de ensino x falta de condições de trabalho

Para a professora, a greve tem cumprido um papel importante em denunciar não só as condições limitadas de trabalho dos docentes, como também chamar atenção para a situação alarmante da educação nas escolas paulistas. “Esse tipo de postura mantida pelo governo paulista expõe um cenário onde os professores são os únicos culpados pela situação decadente que se encontra o sistema de ensino. Contudo, essa luta não é apenas nossa e, justamente por isso, contamos com o apoio de pais, mães e alunos que buscam um direcionamento mais próspero para a educação”.

Outro lado da moeda

Em nota divulgada na última sexta-feira, 27 de março, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que os professores receberam “aumento salarial há sete meses, em agosto de 2014, o que consolidou um reajuste de 45%”. Além disso, afirma também que a greve foi realizada sem nenhuma prévia negociação com o Palácio dos Bandeirantes.

“Neste contexto, a Secretaria discorda da conduta da Apeoesp que, com o objetivo de inflar o movimento, tem encorajado os pais a não levarem seus filhos para a escola, privando-os assim do direito incontestável de aprender. A Secretaria reitera que as escolas permanecem em funcionamento e com atividades garantidas”, diz outro trecho da nota.