“O Santo Saxofonista”: conheça a igreja que louva o jazz de John Coltrane
Como a devoção de um músico a seu trabalho inspirou centenas de pessoas a buscarem em suas notas um sentido para a vida
O santo dessa igreja não ostenta um cálice sagrado e sim um sax tenor. É um dos músicos mais influentes e gravou alguns dos discos mais importantes do século XX. Foi viciado em heroína.
Na igreja que cultua o jazz e seus solos, improvisos, sentimentos e composições. O santo é John Coltrane e as missas são celebradas nos domingos pelo período da tarde com música ao vivo de qualidade e rituais cristãos tradicionais.
A Igreja Ortodoxa Africana Santo John Coltrane (Saint John Coltrane African Orthodox Church) fica em Los Angeles e tem 43 anos de existência.
História
Franzo King, fundador da igreja, assistiu um show de John Coltrane em um clube de São Francisco. Ele e sua esposa tiveram suas vidas transformadas. Para eles, aquele homem fazia de sua música o evangelho. Deus em pessoa.
E a interpretação de Franzo faz sentido. John Coltrane acabara de livrar-se do vício em álcool e heroína e procurava uma busca espiritual no cristianismo, islã, meditação, hinduísmo, astrologia e cabala.
A sua busca espiritual resultou no auge de sua carreira e na gravação do seu disco mais consagrado: “A Love Supreme”.
“Som divino”
Hoje, a congregação de quase 200 membros mistura a liturgia ortodoxa etíope com citações do saxofonista e compositor norte-americano – e tem como pedra angular, claro, as músicas de “A Love Supreme”. Seus membros preencheram recentemente a Catedral de San Francisco para uma celebração em comemoração ao 50º aniversário de “A Love Supreme” na segunda-feira, 8 de dezembro. Sobre a devoção do bispo e dos demais membros, o repórter do New York Times Samuel Freedman escreveu: “A Igreja de Coltrane não é um truque ou uma mistura de música animada e fé etérea. Sua mensagem de libertação através do som divino é bastante consistente com a própria experiência e a mensagem de Coltrane”.
Abaixo, Coltrane tocando “A Love Supreme” ao vivo em Antibes, França, a única performance ao vivo da peça que ele chegou a fazer.