App para catadores os conecta a quem quer jogar coisas fora

A quantidade de lixo reciclado no Brasil ainda é muito pequena – cerca de 3% do que é produzido. A grande maioria desses dejetos, por sinal – 90% deles, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) –, só passa pelo processo de reciclagem graças ao trabalho de formiguinha de um exército de 800 mil trabalhadores informais que atuam no país recolhendo o que as pessoas jogam fora. Para contribuir com essa missão, foi criado um app para catadores que os ajuda a localizar o material que coletam para vender.

A iniciativa é do movimento Pimp My Carroça, que surgiu para dar visibilidade a esses agentes que em geral vivem de maneira vulnerável, movimentando seus veículos e negócios com os limitados recursos que têm.

Se o Pimp, comandado pelo grafiteiro Mundano, realiza, entre outras ações, a de dar novas cores, por meio da arte, às carroças que circulam por nossas ruas, o aplicativo Cataki se propõe a aumentar essa circulação.

Disponível gratuitamente para Android e iOS, ele funciona da seguinte maneira: os catadores se cadastram, ou são cadastrados por alguém, no app.

Na outra ponta, quem precisa do serviço para levar embora o lixo que quer descartar – de móveis e jornais velhos a eletrônicos e restos de poda – baixa o aplicativo e já localiza os catadores registrados que estão mais próximos de seu endereço. Como seus contatos estão incluídos na ferramenta, basta acioná-los para uma negociação livre entre as partes.

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O app para catadores é uma ferramenta que ajuda esses trabalhadores a encontrar quem tenha material para eles retirarem

Segundo Mundano, já são 450 os catadores listados no Cataki, de 85 cidades brasileiras, e cerca de 10 mil downloads realizados do app.

Sua eficácia o levou a conquistar o prêmio de inovação do fórum Netexplo, parceiro da Unesco que mapeia projetos de tecnologia com impacto social. Mundano foi a Paris receber a premiação, concedida na sede da Unesco.

Para desenvolver o Cataki, o movimento Pimp My Carroça contou com um aporte de investidores de R$ 160 mil. São aceitas doações para o aprimoramento da ferramenta, e é possível também dar uma mão para a iniciativa cadastrando catadores que têm acesso restrito à internet ou doando celulares para que eles possam se conectar.

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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, especialista em soluções sustentáveis.

Em parceria com qsocial