Risco de suicídio: prevenção, como identificar e onde buscar ajuda

A comunicação precisa e pode ajudar a salvar vidas e evitar o sofrimento de muitas famílias

O suicídio é considerado pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública, complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero.

Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). No Brasil, uma pessoa morre por suicídio a cada hora, enquanto outras três tentaram se matar sem sucesso no mesmo período.

Fique atento aos sinais! Um dos falsos mitos sociais em torno do suicídio é que a pessoa que tem a intenção de tirar a própria vida não avisa, não fala sobre isso
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Fique atento aos sinais! Um dos falsos mitos sociais em torno do suicídio é que a pessoa que tem a intenção de tirar a própria vida não avisa, não fala sobre isso

O assunto é tão complexo que muitas pessoas evitam falar a respeito, o que nem sempre é a melhor decisão. Um problema dessa magnitude não pode ser negligenciado, pois sabe-se que o suicídio pode ser prevenido.

Uma comunicação correta, responsável e ética é uma ferramenta importante para evitar o efeito contágio.

Qual seria essa forma? Vamos listar alguns sinais de alerta de pessoas em risco e onde procurar ajuda nesses casos.

Formas de prevenção

Um dos falsos mitos sociais em torno do suicídio é que a pessoa que tem a intenção de tirar a própria vida não avisa, não dá pistas. Isso não é verdade e devemos considerar seriamente todos os sinais de alerta que podem indicar que a pessoa está pensando em suicidar-se.

Saber reconhecê-los em você ou em alguém próximo é o primeiro e o mais importante passo. Por isso, sempre fique de olho no seguinte:

  • Problemas de conduta ou manifestações verbais

Se alguém está, pelo menos, há duas semanas com conduta ou manifestações verbais referentes à suicídio, fique de olho! Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.

  • Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança

As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.

Atenção: não há uma “receita” para detectar seguramente uma crise suicida em uma pessoa próxima, mas a sua ajuda é fundamental!
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Atenção: não há uma “receita” para detectar seguramente uma crise suicida em uma pessoa próxima, mas a sua ajuda é fundamental!
  • Expressão de ideias ou de intenções suicidas

Fique atento para comentários do tipo “vou desaparecer”, “vou deixar vocês em paz”, “eu queria poder dormir e nunca mais acordar”, “é inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar” e outros relacionados. Às vezes esse tipo de fala passa desapercebido por membros da família e amigos.

  • Isolamento

As pessoas com pensamentos suicidas podem muitas vezes se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de socializar.

  • Outros fatores

Exposição ao agrotóxico, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação homofóbica ou transfóbica, ataques racistas, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio.

Lembre-se também que não há “receita” que detecte seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Mas é sempre bom ficar atento, conversar e procurar ajuda!

O que fazer sob risco de suicídio

  • Ajudando alguém

Se você identificou em alguém próximo sinais de comportamento suicida, encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Faça a perceber que você está ali para ouvir e ofereça seu apoio.

É importante também que você a incentive a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. É legal você se oferecer para para acompanhá-la a um atendimento. Assim ela ficará mais confortável e terá menos receio.

Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa.

Se a pessoa com quem você está preocupado vive com você, assegure-se de que ela não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.

Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.

Conversar abertamente com a pessoa sobre seus pensamentos suicidas não a influenciará a completá-lo
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Conversar abertamente com a pessoa sobre seus pensamentos suicidas não a influenciará a completá-lo
  • Buscando ajuda

Pensar em acabar com a própria vida pode ser insuportável e muito difícil, e você pode não conseguir enxergar uma saída. Mas existe ajuda disponível!

Primeiramente, é muito importante conversar com alguém que você confie. Não hesite em pedir ajuda! Você pode precisar de alguém que te acompanhe e te auxilie a entrar em contato com os serviços de suporte.

Lembre-se que quando pede ajuda, você tem o direito de ser respeitado e levado a sério, ter o seu sofrimento levado em consideração, falar em privacidade com as pessoas sobre você mesmo e sua situação, ser escutado e ser encorajado a se recuperar.

Onde buscar ajuda para prevenir o suicídio?

Há algumas possibilidades de auxílio nesse momento:

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar.

A Unidade Básica de Saúde (UBS) é o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. É instalada perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem e, com isso, desempenha um papel central na garantia de acesso à população a uma atenção à saúde de qualidade.

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) faz parte da Rede de Atenção às Urgências. O objetivo é concentrar os atendimentos de saúde de complexidade intermediária, compondo uma rede organizada em conjunto com a atenção básica, atenção hospitalar, atenção domiciliar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192.

O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias.

A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, são gratuitas a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.

Também é possível acessar o site do CVV para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita, ou conferir aqui os postos de atendimento.

Ligue 188 – CVV
Créditos: divulgação/Arte Catraca Livre
Ligue 188 – CVV
  • Ajuda psicológica gratuita

Universidades públicas e particulares no Brasil que possuem em sua grade o curso de Psicologia normalmente possuem atendimento psicológico gratuito para a comunidade. Há profissionais particulares que oferecem cotas de atendimento psicológico social para pessoas em situações financeiras vulneráveis.