Apropriação cultural de Isabella Santoni rende polêmica nas redes

"Muito fácil ter 'estilo afro' sendo branca e nunca ter que passar por todos os preconceitos sociais que pessoas negras passam por assumir o mesmo estilo", escreveu uma internauta

Por: Jonas Carvalho
A apropriação cultural de Isabella Santoni
A apropriação cultural de Isabella Santoni

A atriz Isabella Santoni mostrou que adora o estilo das mulheres negras – o que fica bem mais fácil quando não se é uma pessoa negra.

Ao contrário delas, vítimas do racismo que não as deixa frequentar certos espaços ou que até faz com que sejam demitidas por conta do cabelo, a atriz conta com todo um sistema racista para lhe dar suporte e permitir que ela “brinque” de ser negra e usar até tranças, dando uma clara demonstração de apropriação cultural em uma foto.

Como explica de maneira didática a colunista e ativista negra Stephanie Ribeiro, pessoas brancas que usam dreads, turbantes e elementos similares cometem, sim, apropriação cultural.

“É totalmente diferente ser branco – ou passar como branco – e usar um turbante/dread, e ser negro usando as mesmas coisas; os olhares são outros, exatamente porque quando usado pelo protagonista daquela tradição, o símbolo ganha outro significado, ele é político, de resistência e empoderamento”, explica a colunista.

Significados estes que estão completamente ausentes na foto da atriz, publicada na última segunda-feira, 17. “Ahhhhhhh! Amando meu #hairbranding”, escreveu Santoni, mostrando que colocou tranças.

A “Bella Aventureira”, ao se aventurar na apropriação cultural, recebeu comentários elogiosos (a maioria de pessoas brancas, claro) que não se atentaram para o esvaziamento de significado das tranças em uma pessoa loira de olhos azuis. Mas o problema foi apontado por alguns internautas em uma publicação do Catraca Livre:

Anitta, Demi Lovato e Daniela Mercury já fizeram apropriação cultural, assim como Katy Perry (que pelo menos reconheceu isso).

Em um dos casos mais emblemáticos sobre o tema, Thauane Cordeiro, uma jovem branca que usava turbante, reagiu às criticas de uma ativista negra porque a peça teria relação também com o câncer que possuía e a deixou careca.

Mas como escreveu com mais empatia a também branca e jornalista Eliane Brum, “o que as mulheres negras nos dizem, Thauane, é que não querem que o turbante, que tão precioso é para elas, vire mera mercadoria na nossa cabeça. Então, Thauane, acho que eu e você precisamos escutá-las. E podemos não usar um turbante. Aliás, não usar um turbante é bem o mínimo que podemos fazer”.

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