Belas Artes a um passo de tornar-se patrimônio cultural

Por: Catraca Livre

Esta terça-feira, 18, será um dia decisivo para os amantes do Belas Artes. O cinema recebeu, no início de janeiro, novas ameaças de venda do espaço para a criação de uma loja no local.

A data irá marcar a 1ª reunião do ano de 2011 do Conpresp, ( Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), que entre outras pautas a discutir, terão um assunto de interesse para milhares de paulistanos: o tombamento parcial ou total do espaço, que existe há 68 anos entre a Rua da Consolação e a Avenida Paulista. Previsto para cancelar suas atividades no dia 27 de Janeiro, este seria o melhor presente que a cidade poderia receber em seu aniversário, no dia 25.

O apoio do público do cinema foi impresso na representação de 5 mil assinaturas em diversos cadernos reunidos nas primeiras passeatas, além de 11 mil nomes em um abaixo assinado online.

Segundo o arquiteto Nabil Bonduki, que também é professor de planejamento urbano na FAU-USP, se o prédio for tombado, o proprietário do imóvel, Flávio Maluf, ainda receberá o valor do aluguel mensal (aproximadamente R$ 65 mil) através do cinema. “Ele continua sendo o proprietário, embora não possa alterar a estrutura do prédio”, explica Nabil.

Segundo a assessoria de imprensa do Conpresp, a agenda da reunião do dia 18 também prevê uma votação com os nove membros do Conselho, a qual decide a favor com 50% + 1, ou seja, se cinco membros votarem a favor, o cinema já faz parte do patrimônio da cidade de São Paulo.

Ainda há a possibilidade da entrada de uma liminar pelo proprietário do imóvel, Flávio Maluf. “ Seria muita loucura ele comprar essa briga, porque existe um grande movimento em prol ao Cine Belas Artes, com apoio da própria prefeitura”, contextualiza Nabil.

O arquiteto explicou por telefone ao Catraca Livre, que a própria loja, interessada na utilização do espaço poderia ter que arcar com custos posteriormente, já que o processo do tombamento pode se desenrolar por mais tempo.

O proprietário do cinema, André Sturm, que também está à frente da Pandora Filmes, esclareceu que a abertura do estudo do tombamento causará um “congelamento” do imóvel. “Acho pouco provável votarem contra, pois quem utilizar o imóvel para outra finalidade terá gastos exorbitantes para alterar a estrutura de arquibancadas, retirada das cadeiras etc”, tranquiliza.

As programações especiais de retrospectivas, e do Noitão Belas Artes, além das próximas passeatas continuam com as suas agendas fixas, assim como o público espera que permaneça o seu amado e histórico cinema.

Acompanhe a homenagem do Catraca Livre para o Belas Artes

Diego Okino
Belas Artes e a luta por sua preservação
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