Chico Buarque e outros escritores assinam manifesto em defesa da democracia

A petição tem o apoio de nomes como Antonio Candido, Chico Buarque e Laerte

Na tarde desta segunda-feira, dia 21, foi publicado no site Avaaz o texto final do manifesto que reúne assinaturas de aproximadamente mil autores e profissionais do livro em defesa da democracia.

No Facebook, um grupo está recolhendo assinaturas desde sábado em prol dos “valores democráticos pelo exercício pleno da democracia em nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no momento ameaçadas”.

A petição tem o apoio de nomes como Chico Buarque, Slavoj Zizek, Laerte, Leonardo Padura, Elisa Lucinda, Angelica Freitas, Antonio Candido, Lira Neto e Raduan Nassar. Ao todo, já são mais de mil participantes.

Antonio Candido, Chico Buarque e Laerte estão entre os apoiadores do manifesto
Antonio Candido, Chico Buarque e Laerte estão entre os apoiadores do manifesto

As assinaturas foram coletadas pelos escritores e editores Alberto Schprejer (Ponteio), Daniel Louzada (Leonardo da Vinci), Haroldo Ceravolo (Alameda), Ivana Jinkings (Boitempo), Marcelo Moutinho e Rogério de Campos (Veneta).

Leia a íntegra do manifesto:

“‘Escritores e profissionais do livro pela democracia’

Nós, abaixo assinados, que escrevemos, produzimos, publicamos e fazemos circular o livro no Brasil, vimos nos manifestar pela defesa dos valores democráticos e pelo exercício pleno da democracia em nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no momento ameaçadas.

Não podemos imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação.

Ainda podemos nos recordar facilmente dos tempos obscuros da censura às ideias e aos livros nos 21 anos do regime ditatorial iniciado em 1964.

A necessária investigação de toda denúncia de corrupção, envolvendo a quem quer que seja, deve obedecer às premissas da legalidade e do Estado democrático de direito.

O retrocesso e a perda dos valores democráticos não interessam à maioria do povo brasileiro, no qual nos incluímos como profissionais dedicados aos livros e à leitura.

Ao percebermos as conquistas democráticas ameaçadas pelo abuso de poder e pela violação dos direitos à privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à agressividade e intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário, convocamos os profissionais do livro a se manifestarem em todos os espaços públicos pela resistência ao desrespeito sistemático das regras básicas que garantem a existência de um Estado de direito.

Dizemos não a qualquer tentativa de golpe e, mais forte ainda, dizemos sim à Democracia.”