Escola é acusada de homofobia por repreender aluno que usou batom

Colégio particular repreendeu aluno que foi para a escola de batom e alunos iniciaram uma campanha nas redes sociais

Por: Jonas Carvalho
Diego Archanjo protesta contra preconceito de escola

Um colégio particular do Rio de Janeiro está sendo acusado de homofobia por causa de um simples batom.

O caso aconteceu na última quarta-feira, 31, segundo relatos de estudantes. Foi com Diego Archanjo, de 17 anos, que estuda em uma unidade do Sistema Elite de Ensino que fica em Nova Iguaçu (RJ).

O estudante relatou o caso em seu Facebook:

“Hoje eu fui chamado na coordenação da minha escola e orientado a não usar mais o batom porque ele não pode ser usado dentro da escola, alguém foi reclamar, e minha coordenadora disse que era também para evitar algum tipo de preconceito”, afirma ele.

“Eu agradeço a preocupação dela, só não entendi o porquê de não poder usar, já que outros alunos usam. Não entendi o porquê de ser orientado a não atrair a opressão ao em vez de orientar o opressor a não oprimir”.

Ele disse ainda que nunca foi desrespeitado por outros alunos, apesar de alguns terem “estranhado” no início, e deixou claro que, em nenhum momento, a coordenadora foi grosseira.

“Ela é vitima desse machismo tanto quanto nós. Ela se preocupou comigo e com a minha segurança, apenas foi da maneira errada”.

Hoje eu fui chamado na coordenação da minha escola e orientado a não usar mais o batom porque ele não pode ser usado…

Posted by Diego Campos on Wednesday, May 31, 2017

Os alunos se mobilizaram diante do caso. A hashtag #BatomPodeHomofobiaNAO ficou nos trending topics do Twitter durante toda a manhã de hoje.

Além disso, diversos estudantes, de várias unidades da instituição, publicaram fotos nas quais não apenas estão usando batom, como também para mandar uma mensagem clara de combate à homofobia e ao preconceito, mostrando que atitudes semelhantes não serão mais toleradas.

Veja algumas das milhares de reações:

https://twitter.com/CwReis/status/870287008840785920

Reincidência

Não é a primeira vez em que uma unidade da rede é acusada de homofobia. Em novembro do ano passado, foi a vez de outro estudante, desta vez da unidade que fica em Campo Grande, relatar uma situação preconceituosa.

Bruno Oliveira disse que foi repreendido várias vezes por causa de, por exemplo, um selinho que deu em um amigo.

“Tinha mais gente por lá, inclusive um casal hétero logo atrás de nós se beijando. Eu e esse meu amigo demos um selinho. Um selinho, repito. Pois bem: apareceu uma funcionária da escola lá e levou a gente para a coordenação. Disse que a gente não podia fazer aquilo. Disse que ia ligar para os nossos responsáveis para falar sobre o acontecido. Disse que era para nós dois mantermos distância um do outro e parar de se falar. O casal hétero deve estar se beijando lá na sala de estudos até agora”, relatou.

O nosso sistema educacional é uma coisa muito louca, né? A gente é obrigado a viver em um ambiente completamente hostil…

Posted by Bruno Oliveira on Tuesday, November 15, 2016

Na época, o colégio Elite se pronunciou para o jornal Extra, dizendo que apuraria os fatos e que “é inadmissível que o rapaz se sinta discriminado por conta de questões de gênero dentro do colégio, ambiente que deveria servir para acolher e informar”.

“Dentro do espaço de nossos colégios, prezamos pelo respeito ao próximo, integridade de nossos alunos e pluralidade de credos, gêneros e raças”, segue o comunicado relacionado a Bruno.

No caso de Diego, o colégio divulgou o seguinte pronunciamento por meio de sua assessoria de imprensa:

“O Sistema Elite de Ensino esclarece que já apurou internamente o mal entendido ocorrido com um aluno em uma de suas unidades. Conforme esclarecido pelo próprio aluno em um vídeo nas redes sociais, em nenhum momento houve atitude discriminatória da escola. Os princípios e valores do Elite, nos quais se embasa não só nossa proposta educativa mas também inspiram nossos modos de ser escola e nossos educadores, preza pelo acolhimento à diversidade e respeito ao ser humano. “O batom é livre para todos”.

*Texto atualizado às 13h16

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