Ondas do mar podem ser nova solução energética limpa para o Brasil

Ar, lixo, sol e ondas do mar são as fontes escolhidas para reduzir os impactos ambientais da produção energética

Por: Redação

Atualmente, a maior parte da energia consumida pela ilha de Fernando de Noronha vem de sua usina termoelétrica movida a óleo diesel. Mas o governo tem planos de que os 310 mil litros do combustível usados para alimentar o local sejam substituídos por energia limpa nos próximos anos.

Agora, ar, lixo, sol e ondas do mar serão utilizados como fontes . Serão 13 pequenas usinas eólicas, duas placas fotovoltaicas (que captam a luz solar) e uma usina de incineração controlada de lixo a serem construidas e colocadas em funcionamento até 2014.

Juntas, essas alternativas atenderão a 43% da demanda energética da ilha. O restante virá de duas placas de 200 m² instaladas no fundo do mar, que se movimentarão de acordo com as correntes marítimas. Essa usina funcionará com dois geradores presos na base das placas, que transformarão o movimento de vai e vem em energia elétrica.

Cautela

Os projetos ainda estão em fase de estudos pelo Governo do Estado de Pernambuco e não foram encaminhados para avaliação do Instituto de Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que faz a gestão ambiental do arquipélago.

Placas semelhantes a essas serão instaladas na costa de Noronha

Até a aprovação do projeto, uma série de estudos deve ser realizada, a fim de garantir que os impactos ambientais sejam os menores possíveis. “Ainda são necessários o licenciamento ambiental, a elaboração dos Relatórios de Impactos Ambientais e uma criteriosa avaliação por uma equipe multidisciplinar, além de outros requisitos legais e técnicos”, explica Ricardo Araújo, analista ambiental e chefe do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.

Mesmo assim, os impactos ambientais existirão. “Tem um impacto físico, que altera a dinâmica local, tanto da corrente como de onda”, conta Eduardo Siegle, professor do Departamento de Oceanografia Física, Química e Geológica da USP, explicando alguns impactos que uma obra deste tipo pode causar. “Tem também o impacto biológico, para os organismos que vivem naquela região e outros que de repente vão deixar de usar essa rota migratória”, completa.

O professor ainda alerta para os impactos químicos da usina. “Muitas vezes são usadas nas placas tintas anti-incrustantes tóxicas, para evitar que os organismos se instalem ali”, conta. Ainda de acordo com Siegle, “esses geradores que estão no fundo têm um cabo que vai para a costa levando essa energia, o que gera um campo eletromagnético que pode interferir no sistema sensorial de vários organismos”, finaliza.