‘Foi homofobia’, afirma grupo de drags queens barrado em shopping

Em nota, o Shopping Penha (SP) informou que o ocorrido foi um fato isolado e não condiz com a política do local

Era domingo, dia 29 de janeiro, por volta das 16h. Um grupo de drag queens decidiu sair para almoçar no intervalo de um curso semanal, mas, ao chegar na entrada do Shopping Penha, zona leste da cidade de São Paulo, foi barrado pelos seguranças, por causa do uso de “maquiagem forte”.

O grupo, composto por nove pessoas, estava no intervalo de um ensaio de drag queen e pretendia almoçar na praça de alimentação do shopping para, depois, retornar ao curso. Seis drag queens usavam maquiagem e as outras três não estavam maquiadas.

“Assim que chegamos, um dos seguranças parou em nossa frente bloqueando a entrada, logo outros chegaram o apoiando no impedimento e dizendo que não poderíamos entrar”, relata o ator Emerson Macedo, de 22 anos.

O grupo relata que sofreu homofobia ao tentar entrar no shopping

Em seguida, o gerente do shopping foi chamado e justificou a medida com base na lei exposta em uma placa no estabelecimento. “Os argumentos usados por ele eram baseados numa lei que impedia a entrada de pessoas com capacete ou face coberta”, afirma o estudante Nathan Vieira, de 19 anos.

O grupo, então, decidiu ligar para a polícia. Pouco tempo depois, a entrada foi liberada. Segundo as drag queens, os policiais ainda disseram que “nem tudo é homofobia, às vezes o preconceito parte de nós mesmos” e continuaram alegando que o centro comercial não agiu por preconceito, mas sim por processos internos.

Lei usada para justificar a atuação dos seguranças

“Fomos discriminados. A verdade é que buscaram desculpas para evitar nossa presença no local, o motivo estava implícito, preconceito velado nas entrelinhas, mas quem passa por isso o enxerga nitidamente. Por isso, precisamos de leis que garantam a igualdade de pessoas LGBTQI+”, ressalta Emerson.

Diante do caso, o grupo registrou boletim de ocorrência e reitera que vai buscar as medidas cabíveis judicialmente para exigir seus direitos.

Em nota, o Shopping Penha informou que “desde o início de sua operação, posiciona-se como um empreendimento voltado à comunidade, sem qualquer tipo de discriminação (por orientação sexual, social, racial, religiosa, política), e que está de portas abertas para receber seus visitantes”.

De acordo com o comunicado, o shopping reforçou que o ocorrido foi um fato isolado e não condiz com a política do local. “A equipe de segurança já foi fortemente reorientada a fim de que atitudes como essa não ocorram novamente”, completa o texto.

Confira o relato publicado no Facebook.

  • Em alguns casos, a homofobia pode ser discreta e sutil, mas muitas vezes o preconceito se torna evidente com agressões verbais, físicas e morais. Qualquer que seja a forma de discriminação é importante que a vítima denuncie o ocorrido. Saiba o que fazer neste link.