Jovem faz teatro para jovem

Por: Keila Baraçal

Projeto já existe na Inglaterra há mais de dez anos

Um teatro feito por jovens amadores e para jovens. Este é o perfil de “Conexões”, um projeto de iniciativa do British Council, Cultura Inglesa, Colégio São Luís, Célia Helena Teatro-escola e National Theatre, que vai até o dia 14 do próximo mês – gratuitamente. A segunda edição do projeto – versão nacional do já conhecido Connections, de Londres (Inglaterra) – prevê espaços para reflexões, criações e questionamentos sobre a juventude atual. O público é para jovens que tenham entre 12 e 19 anos.

De acordo com a organização do evento, a idéia é estimular a interação entre teatro e educação do programa é criar uma nova linguagem dentro da dramaturgia que aborde um tanto mais sobre a realidade do jovem e, com isso, formar novas platéias que apreciem este tipo de temática.

Entre as apresentações programadas está “O Primeiro Vôo de Ícaro” (Cia. Paidéia); “Uma história de Vampiro” (Colégio São Luís); “My Face” (Cultura Inglesa). Os autores das peças, como o Caco Barcellos e Marcelo Rubens Paiva, foram escolhidos por uma comissão do projeto. A opção foi pelas histórias que tivessem um quê de ineditismo e, claro, voltada para o público jovem.

Quem quiser conferir um pouco mais sobre “Conexões”, basta aparecer no Teatro Vivo, que fica na Av. Dr. Chucri Zaidan, ou então no Teatro Cultura Inglesa-Pinheiros – Rua Deputado Lacerda Franco, 333. É preciso chegar com uma hora de antecedência de cada espetáculo para garantir o ingresso.

Conheça mais sobre as peças do
Conexões:


O primeiro vôo de Ícaro, de Luís Alberto de Abreu

Em um baile de formatura, um professor relembra a partir de um lugar e de fotos, as histórias de três de seus alunos. A primeira história é sobre uma menina de periferia que nasce condenada por questões sociais e raciais a não dar certo na vida. No entanto, por alguma razão inexplicável, há nela um sopro de vida que a impele a superar dificuldades sociais e físicas, indo além do possível. A segunda é sobre uma garota que resolve se apaixonar e, resolvendo, acaba por se apaixonar de fato. A terceira é sobre um adolescente que detesta as interferências de seus pais em sua vida até que se descobre que seus pais já estão mortos e, mesmo assim, continuam querendo dirigir sua vida.

Na Balada, de Noemi Marinho
Grupo de amigos, criados em um condomínio de classe média, se reúne em três ocasiões durante um ano. Seus encontros se dão em três ambientes: no play ou pátio, na balada e no dog depois da balada. No último encontro suas vidas estarão modificadas e a um passo da vida adulta. A insegurança e o preconceito diante da própria vida: a procura do amor, o confronto de classes sociais, a introdução ao álcool, a separação dos pais, a gravidez precoce e o peso da escolha profissional. Separações, alianças, enfrentamentos e crises eclodirão diante da iminência da desapropriação de todo o quarteirão para a construção de uma estação de metrô. É o adeus ao grupo e à infância. São as últimas promessas impossíveis e sinceras de eterna amizade.

Bolo de Noiva, de Mário Viana
No quintal de uma velha casa, um grupo de jovens se reúne. São todos parentes, cujos pais comemoram a boda de ouro dos avós, boa parte em idade colegial, alguns já fazendo o primeiro ano de faculdade ou trabalhando. São 13 personagens jovens, que refletem em seus comportamentos os preconceitos e idéias dos próprios pais. Há a prendada Débora, especialista em bolos, mas sempre solitária; Nino, ator em início de carreira, que só fez pontas em programas de baixa audiência; Bomba, um pitboy agressivo; Benito, do núcleo mais pobre da família, que chega acompanhado da mulher, Nívea (ambos, ainda adolescentes), e da filha recém-nascida, entre outros.
No auge da festa, um crime acontece no salão. Quem matou?

Uma história de Vampiro, de Moira Buffini, traduzida por Gracia Cuoco
Duas jovens chegam a uma cidadezinha britânica, sem nome. As jovens não dão seus nomes verdadeiros e nem suas idades. A relação de uma com a outra não é clara. Elas são irmãs, como suas presumíveis identidades atestam? Ou são mãe e filha? Claire, a mais velha, assume um emprego em um pub. A mais jovem, Eleanor, vai para a escola.

Durante um jogo da verdade em sua aula de teatro, Eleanor confessa que já vive há mais de 200 anos e sobreviveu porque bebeu sangue humano. Seus colegas pensam que ela é totalmente louca e Mint, seu professor, a coloca em contato com o conselheiro da escola. Ela faz amizade com um menino, Frank, que foi educado em casa e é tão esquisito quanto ela própria. Ele tenta levá-la ao fundo da sua ilusão como vampiro, por considerar tal ilusão, épica e forçada, como uma psicose.

Eleanor começou a escrever a história de sua vida como uma peça. Ela descreve o passado de Claire como de uma prostituta, na Londres do século XIX, e a sua própria formação como uma criança num orfanato particular. Enquanto isso, as coisas estão se desmoronando. As pessoas estão desaparecendo. Eleanor e Claire são vampiros? Ou apenas jovens perturbadas, fugindo?

My face, de Nigel Williams, traduzida por Marco Aurélio Nunes
Susie decide dar uma festa para todos os amigos que ela fez na Internet, mas as coisas começam a dar errado no momento em que as pessoas virtuais se tornam reais.

O Mark gosta da Susie, mas ela está mais preocupada com o fato da Lou gostar do Sam. É por isso que estão tendo uma briga no site de bate-papo chamado “My Face”. O Sam, embora ainda não saiba, está gostando da Emma e, para piorar ainda mais as coisas, a Lou pode estar gostando do irmão da Susie, o Pete! Desastre total! E o que isso tudo tem a ver com um evento a fim de arrecadar fundos para o Exército Israelense; ou com o fato do Mark ter colocado a foto do primo dele ao invés da própria foto em seu perfil do site “My Face”?

Refugo, de Abi Morgan, traduzida por Fernanda Sampaio
Kojo tem 14 anos e ninguém acredita nele. Ara vem de Bagdá e ainda ouve as bombas caindo à noite. Cheung sabe dar saltos mortais de costas e vem de uma aldeia chinesa com mais de 1000 anos de existência. Cada um tem sua história. Todos têm segredos. A mãe de Cheung morreu no caminhão que os trouxe ao Reino Unido. Uma terra de promessas; uma terra que achavam abriria seus braços para eles, mas que na verdade não quer saber. Órfãos em Londres, eles são a única família que têm agora. Juntos contam sua história. Uma história da infância perdida, grandes árvores e um assassinato em andamento; um assassinato cometido por uma criança que todos dizem ser um homem.