Morador de rua morre em Pinheiros na tarde mais fria em 4 anos

Em 2015, número de pessoas em situação de rua era de 16 mil; segundo o prefeito João Doria, atualmente já são 25 mil

Nesta terça-feira, 18, um morador de rua foi encontrado morto entre a rua Teodoro Sampaio e a Avenida Doutor Arnaldo, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, sem sinais de violência. Apesar da motivo da morte não ter sido confirmado pelo Instituto Médico Legal (IML), pode haver ligação com o frio.

Desde 2013, a cidade não tem uma tarde tão fria como nesta terça-feira. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no Mirante de Santana, zona norte, foi registrado 10,2ºC ante a 8,6ºC registrado em 24 de julho de 2013. À noite, a temperatura foi de 8,3ºC, com sensação térmica de zero grau por conta do vento.

Pertences que restaram do morador de rua encontrado morto

A Polícia Militar foi ao local onde estava o corpo às 16h30, mas, por telefone, recebeu a notificação de que o homem estaria imóvel desde as 6h. As informações são do “G1“.

Foi constatado, em 2015, que a cidade tem quase 16 mil moradores de rua, numa pesquisa realizada pela Prefeitura de São Paulo e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Contudo, o prefeito João Doria informou que o número subiu para 25 mil.

Meias do Bem

O inverno chegou e os moradores de rua sofrem ainda mais riscos nesta época. Acompanhamos a entrega de cobertores no centro de São Paulo. Veja como ajudá-los > http://bit.ly/2rNncVr

Posted by Catraca Livre on Friday, June 30, 2017

O frio segue firme nesta quarta-feira, 19, com média de 9ºC, mas em bairros como Parelheiros, Capela do Socorro e Jabaquara, zona sul, pode fazer até 7ºC. A máxima prevista para esta quarta é de 15ºC e na quinta o frio começa a perder força, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da prefeitura.

Em nota, o governo municipal lamentou o falecimento do morador de rua e disse que aguarda o laudo técnico do IML para saber a causa da morte.

Moradores de rua são acordados com jatos de água fria

Na Sé, região central, os moradores de rua estão reclamando que os funcionários da prefeitura encarregados pela limpeza das praças e vias públicas jogam água próximo de onde eles dormem sem dar tempo sequer de levantarem e retirarem seus poucos pertences, como o cobertor, que fica encharcado. A prática foi vista pela reportagem da “CBN” nesta quarta.

Às 7h, com os termômetros marcando 12ºC, o caminhão da empresa terceirizada que faz a limpeza começou a jogar jatos d’água e acordar quem dormia por lá. O prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, disse que vai apurar o procedimento e que a orientação é de que os moradores de rua sejam abordados pela equipe antes de iniciarem a limpeza.

Abrigos lotaram nesta terça-feira

A fila por uma das cem vagas de pernoite no contêiner instalado pela prefeitura, na Luz, região central, chegou a dobrar a esquina nesta terça, segundo informações da “Folha de S. Paulo“.

Juarez Guimarães Fonseca, 66, que mora na rua há dez anos, passou por três endereços a procura de abrigo para passar a noite. O idoso geralmente dorme na rua Barão de Duprat, mas optou por procurar um lugar mais quente.

Para as assistentes sociais que estavam em frente ao contêiner montado na rua dos Gusmões para o programa anticrack da prefeitura, que oferece pernoite aos usuários de droga da cracolândia, Fonseca disse que estaria com pneumonia.

Segundo a reportagem, como os usuários costumam garantir suas vagas com as assistentes sociais que circulam na região, a procura aglomerada em frente à estrutura não é algo comum. Funcionários da prefeitura confirmaram a maior procura devido às baixas temperaturas.

Fonseca já teria ido ao centro de acolhida da Barra Funda, que também estava lotado, e foi orientado a ir para o abrigo localizado na rua General Rondon, próximo a praça Princesa Isabel, no centro, onde atualmente está concentrado os dependentes químicos da cracolândia.

Chegando lá, cerca de 15 pessoas já aguardavam por vagas extras porque todas as que haviam já estavam ocupadas. Os funcionários da prefeitura cogitavam incluir colchões extras nos quartos para atender a demanda.

Cobertores e abrigos emergenciais

Nesta madrugada desta quarta, a prefeitura distribuiu mil cobertores para pessoas em situação de rua, na Operação Baixas Temperaturas, e deve seguir entregando, também, roupas e alimentos.

Hoje será inaugurada a primeira unidade de acolhimento na rua Comendador Nestor Pereira, 45, no Canindé, zona norte. Serão atendidas até 460 pessoas, das 19h às 8h, sob administração da Igreja Adventista.

O local possui banheiros equipados e local para refeições, assim como o modelo das unidades de Atendimento Diário Emergencial (Atende) implantados pela gestão Doria na região da Luz.

Segundo a prefeitura, a rede dispõe de dez mil vagas fixas, 1.400 vagas para a Operação Baixas Temperaturas e cerca de 400 vagas nos Centros Temporários de Acolhimento, que totalizam 11,8 mil vagas.

Nesta quarta, o tucano afirmou em sua conta no Twitter que a prefeitura está empenhada “em salvar vidas e amenizar o sofrimento das pessoas em vulnerabilidade nas ruas com o Programa Emergencial de Inverno”.

A nota diz ainda que a população também pode ajudar as pessoas em situação de rua solicitando uma abordagem social na Coordenadoria de Atendimento Permanente e de Emergência (CAPE), que funciona 24h e pode ser acionada pela Central 156.

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