Morador dos Jardins vive 23 anos a mais do que o do Jardim Ângela

A informação foi divulgada pelo Mapa da Desigualdade 2017, da Rede Nossa São Paulo, nesta terça-feira

  • Percentual de adolescentes grávidas em Marsilac é 26 vezes maior que em Moema;
  • Morador do Jardim Paulista vive, em média, 43% a mais que o morador do Jardim Ângela;
  • 33 distritos de São Paulo não têm nenhuma vaga para internação em leitos hospitalares.

Os dados acima fazem parte do novo Mapa da Desigualdade 2017, divulgado nesta terça-feira, dia 24, pela Rede Nossa São Paulo. O estudo escancara as enormes diferenças econômicas, sociais, culturais e de equipamentos públicos existentes entre os 96 distritos da capital paulista.

Morador do Jardim Paulista vive 43% a mais que o morador do Jardim Ângela

Um dos dados do levantamento revela, por exemplo, que o indicador de gravidez na adolescência é de 0,887 em Moema, região nobre da cidade, enquanto no distrito de Marsilac, no extremo sul, esse índice sobe para 22,88.

Neste caso, a diferença entre o melhor e o pior indicador, chamado de “desigualtômetro”, é de 25,79. Ou seja, o percentual de adolescentes grávidas é quase 26 vezes maior na região de Marsilac em comparação com Moema. Este indicador considerou o percentual de nascidos vivos em 2016 cujas mães tinham 19 anos ou menos, sobre o total de nascidos vivos de mães residentes.

Outro ponto destacado na nova versão da pesquisa é a idade média ao morrer. Em 2016, o melhor índice foi registrado no Jardim Paulista, onde as pessoas morreram com 79,40 anos, em média. Ao mesmo tempo, no Jardim Ângela, região da periferia da capital, os residentes morreram com 55,70 anos.

O “desigualtômetro” entre os dois distritos (1,43) mostra que o morador do Jardim Paulista vive 43% a mais que o do Jardim Ângela.

Em relação ao número de leitos hospitalares, há uma grande discrepância. No Jardim Paulista, são registrados 34,7 leitos hospitalares públicos e privados disponíveis a cada mil habitantes, enquanto no Jardim Ângela são apenas 0,76 leitos.

Além disso, 33 distritos de São Paulo não têm nenhuma vaga para internação. O distrito com mais leitos hospitalares é Bela Vista, no centro, com 46,4 vagas para cada mil habitantes. O bairro de Vila Medeiros, na zona norte, é o distrito com pior índice, 0,041 vagas a cada mil habitantes.

Ao comparar os indicadores analisados pelo mapa, é possível entender que as desigualdades são cumulativas. Por exemplo, o distrito com o pior índice de gravidez na adolescência, Marsilac, é também o de menor remuneração média por emprego formal.

Segundo o estudo, em dezembro de 2015 (último ano disponível) a remuneração média dos habitantes daquela região foi de R$ 1.287,32. Na outra ponta, os moradores do Campo Belo, com R$ 10.079,98, receberam os melhores salários. O “desigualtômetro” entre o pior e o melhor indicador ficou em 7,83.

O levantamento cita formas de reduzir a desigualdade na cidade. Veja abaixo:

Executivo: inverter as prioridades para o investimento público na cidade; descentralizar o orçamento municipal e fortalecer o papel das Prefeituras Regionais; promover políticas para a geração de oportunidades para as mulheres e jovens;

Legislativo: desenvolver um sistema tributário mais justo e progressivo; ampliar a arrecadação da Dívida Ativa do Município; priorizar a redução das desigualdades na produção legislativa municipal;

Judiciário: garantir o acesso à justiça para a promoção dos direitos básicos; assegurar o direito à cidade a toda a população;

Sociedade civil: desenvolver mecanismos eficientes de transparência e participação popular; fortalecer os espaços e dispositivos de Controle Social; desenvolver políticas de ampliação da diversidade no setor privado; reduzir as desigualdades salariais nas empresas.

Confira todos os dados do Mapa da Desigualdade 2017 neste link.

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