Na Casa das Crioulas sempre cabe mais uma

Por Vinicius Gonçalves, Amauri Terto e Vinicius Santos

Idealizado pela estilista Manoela Gonçalves, espaço cultural e de convivência feminina no bairro de Perus abre as portas no final de março.

Manoela Gonçalves, 30, é estilista e uma personagem que reforça o protagonismo feminino na sociedade.

Desde agosto de 2013, angaria recursos para materializar o sonho da Casa das Crioulas – espaço de cultura e convivência voltado para mulheres, pronto para ser inaugurado oficialmente dia 29, a partir das 14h.

Filha mais velha, numa família de três irmãos, enfrentou dificuldade com a projeção do pai, que vislumbrava nela um exemplo para os mais novos. “Eu queria saber quem eu era primeiro para depois ser algo para alguém”, conta.

Nessa busca, Manoela transitou por diferentes esferas do convívio social. Ocupou cargo de gerência na área de moda, foi assessora de imprensa e até monja do Movimento Hare Krishna.

Casa, casos e crioulas

É no bairro de Perus, na Rua Mogeiro, 242, que uma casa com cores alegremente vivas, se destaca no bairro. Ao mostrar o espaço, ela destaca que muitas coisas que estão expostas no local tinham o lixo como destino.

Manoela conta que o espaço criado para oferecer oficinas de costura, mas o projeto foi tomando outras dimensões. “A ideia hoje é oferecer uma biblioteca, uma videoteca e discoteca livre. A gente também faz um escambo de livros, principalmente literatura voltada para a mulher”, explica.

Da porta para dentro, mães encontram espaço para trocar suas experiências. Cada uma delas vem com sua história e cada uma sabe fazer alguma coisa. “Uma sabe fazer pão, a outra é boa em fazer mosaico e aí tem aquela que foi agredida, violentada ou a que não aguenta mais o marido e a que está com um cara só para se sustentar”, conta.

Além das muitas reflexões sobre feminilidade e plenitude das mulheres, tais quais os impasses que ainda limitam sua existência, inegável é o papel e presença do homem nesta realidade. Manoela revela que os meninos que visitam a casa, “os arrependidos”, esperam dela um puxão de orelha.

“Eu sou uma pessoa dura. Então eu falo ‘você dá um milho [fora/erro] desses e vem na minha casa me contar isso?’”, e em seguida, ainda firme em sua fala, a caseira das Crioulas pede para que o jovem procure sua parceira, converse com ela e transforme culpa em algo positivo.

Mais sobre a inauguração

Após o primeiro encontro não haverá uma agenda fixa de atividades, mas você pode ficar sabendo com antecedência sobre a programação da casa pelo perfil oficial do Facebook.

Veja abaixo algumas imagens da Casa das Crioulas: