Nessa fazenda turistas podem ter um dia de escravocata por R$ 35

O ano é 2016 mas parece que um passado vergonhoso e terrivelmente triste ainda pode ser tratado como “turismo” no Brasil.

Isso por que uma fazenda do Rio de Janeiro, no Vale do Paraíba fluminense, teve a ideia de atrair turistas que estão dispostos a terem um “dia de escravocata” ao visitarem um lugar que já serviu de cenário para o período da escravidão.

Elizabeth Dolson, a dona da fazenda, representando uma sinhá no vídeo de divulgação

Nesta matéria do Intercept Brasil, da repórter Cecília Olliveira, o texto narra um pouco sobre esta experiência que custa entre R$ 35,00 até R$ 65,00. Veja a tabela de preços, que envolve desde a visitação até um piquenique.

Fazenda Santa Eufrásia é patrimônio histórico, sendo a única fazenda particular tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio de Janeiro (Iphan-RJ). Lá, a sua dona recebe os turistas vestida como sinhá. Assista este vídeo de apresentação no qual ela interpreta uma sinhá:

“Geralmente eu tenho uma mucama, mas ela fugiu. Ela foi pro mato. Já mandei o capitão do mato atrás dela, mas ela não voltou (…) Quando eu quero pegar um vestido, eu digo: ‘duas mucamas, por favor!’. Porque ninguém alcança lá em cima”, diz Elizabeth Dolson, uma das bisneta do coronel Horácio José de Lemos, que adquiriu a fazenda em 1895.

Ao ser questionada sobre um possível racismo que a situação expressa, Elizabeth respondeu nesta matéria (clique para ver as fotos): “Racismo? Por causa de quê? Por que eu me visto de sinhá e tenho mucamas que se vestem de mucamas? Que isso! Não! Não faço nada racista aqui. Qual é o problema de ter… não!”

Por Felippe Canale

Jornalista parceiro da Catraca Livre