Voando solo

Karina Buhr
Karina Buhr

A cantora Karina Buhr comenta a entrevista concedida ao Catraca Livre no mês passado e esclarece alguns pontos que ficaram equivocados na matéria. O site abre o espaço para Karina e para todos os fãs que também queiram deixar um comentário.

Voando Solo

por Marina Mantovanini especial para o Catraca Livre

Depois de muitos anos como uma das fundadoras e compositora do Comadre Fulozinha, de Recife, Karina

Buhr (www.myspace.com/karinabuhr) queria cantar um disco com as diversas referências musicais que a interessavam sem se ater aos ritmos pernambucanos tão condensados pelo Comadre.

Para o novo projeto, escolheu como base dos versos, que são compostos por ela, o rock com pitacos de música eletrônica, e junto com a banda formada por Guizado no trompete, Mau no baixo, Otávio Ortega, no teclado e o baterista Bruno Buarque – que também toca com a cantora Céu  –  criou uma sonoridade sem os habituais instrumentos regionais como o caxixi, pandeiro e bumbo.

O trabalho nasceu vagarosamente durante os cinco anos em que passou dentro do Teatro Oficina, do mestre Zé Celso, atuando e criando canções para as cinco peças do texto de Euclides da Cunha, “Os Sertões”. Foi assim que veio parar em São Paulo. “O Zé foi assistir a um festival de música em Recife, viu o Comadre e nos convidou para fazer um curso de teatro com ele. Eu demorei ainda uns anos para vir definitivamente pra cá”, relembra.

Isso aconteceu em 2003 e no ano passado decidiu voar solo, saiu do teatro para se dedicar à música, juntou as composições que estavam prontas, adicionou mais algumas novidades ao repertório e convidou alguns músicos para montar com ela os arranjos do novo show. “Sou eu quem dirijo o trabalho, mas dou liberdade para as pessoas somarem coisas novas, mesmo com as letras prontas, gosto de fazer os arranjos com eles”.

A musicalidade entrou na sua vida quando ainda era adolescente e foi participar dos tradicionais grupos de maracatu e bumba-meu-boi do Recife, como o Cavalo-Marinho, Piaba de ouro e Estrela Brilhante. “No maracatu aprendi a tocar o ganzá e a dançar”, acrescenta. Tamanho o seu gosto pela música, nos anos em que morou por lá, além do Fulozinha  também fazia um som com o Eddie, Bonsuceso Samba Clube, DJ Dolores, entre outros.

A artista além de cantora, percussionista, compositora e atriz, tem um outro talento para as artes – é que nas horas vagas gosta de desenhar (www.flickr.com/photos/karinabuhr/)  e fazer algumas colagens.  Foi ela quem coloriu as capas dos discos do Fulozinha e com o material que produziu ao longo dos anos pensa montar uma exposição – nada muito profissional, como ela mesmo diz.

No momento, adora entrar no palco para apresentar as músicas novas e ir ao estúdio gravar o disco com essas canções. E aos poucos, sem esquecer suas raízes e nem idealizar os modelos já existentes, ela faz apenas música e realiza mais um desejo em sua jornada.

Errata por Karina Buhr
Queria esclarecer algumas coisas que ficaram mal entendidas na entrevista que dei para a jornalista Marina Mantovanini – publicada dia 22 de junho de 2009 no Catraca Livre. Até entendo a confusão pelo fato da entrevista, feita por telefone, ter virado uma conversa longa. Acredito que isso tenha causado a confusão.

Marina, te peço para esclarecer umas coisas que saíram erradas, por que são coisas bem importantes para mim e, como saíram entre aspas, como sendo coisas que falei, sinto uma imensa necessidade de esclarecê-las.

São basicamente 3 coisas:

A primeira é sobre o Teatro Oficina e o convite de Zé Celso para vir a São Paulo. Na ocasião do convite ele não estava em Recife num festival de música, mas no Festival Recife de Teatro com 2 peças do Oficina. Ele e o elenco foram a um show da Comadre Fulozinha na Soparia, isso era em 1997, e depois de assistir o show fez o convite para fazer a peça Bacantes e não um curso de teatro! Foi a partir daí que comecei a trabalhar com o Oficina e com Zé Celso, primeiro como convidada (de 2001 a 2003) e depois como integrante da companhia (de 2003 a 2007). Nesse tempo fiz as 5 peças de Os Sertões, além de Bacantes, todas com temporadas, turnês nacionais e internacionais e gravações de DVDS das peças na íntegra.

A segunda questão é a respeito das composições no meu trabalho solo. Além das letras eu também componho as músicas e daí sim parto para fazer os arranjos com os músicos e dirigir essa parte. Isso não ficou claro no texto.

A terceira coisa é a respeito dos meus trabalhos de ilustrações, desenhos e colagens. A informação de que vou juntar os trabalhos que fiz até hoje e montar apenas uma exposição é errada, como também a informação de que eu afirmei que essa exposição seria “nada muito profissional”. É o contrário!

Na verdade não é uma exposição só. São projetos de exposições, com formatos e temas diferentes entre si.
A ideia é justamente trilhar um caminho de profissionalizar um trabalho que até hoje sempre fiz de maneira não profissional, com exceção das capas dos 3 CDs da Comadre Fulozinha.

Marina, agradeço pelo convite para a entrevista, pelo interesse no assunto e pela maneira legal como me tratou. Adorei nossa conversa.

É isso. Obrigada a toda equipe Catraca Livre pelo site muito legal, que acompanho sempre e pelo espaço de interação real entre quem escreve, quem é entrevistado e quem lê.

Abraço grande,
Karina Buhr.