Levantamento aponta diminuição de mortes acidentais de crianças

O simples pensamento do filho passando por qualquer tipo de acidente basta para dar arrepios na espinha de qualquer pai ou mãe. E esse pavor não é infundado, no Brasil, os acidentes são a principal causa de morte de crianças e adolescentes de até 14 anos. A boa notícia é que, de acordo com levantamento da ONG Criança Segura, o número de mortes acidentais de crianças dessa faixa etária diminuiu 31% no país.

O dado faz parte da publicação 15 anos de atuação da Criança Segura no Brasil: Análise de indicadores de mortes e internações por acidentes na infância e adolescência desde 2001. O material apresenta o perfil das mortes e internações por acidentes que acontecem com crianças e adolescentes no Brasil por meio de vários recortes – como gênero, faixa etária, raça, tipo de acidente e renda per capita estadual.

Acidente doméstico com final feliz: Imagem de menina de 1 ano e 4 meses que ficou entalada dentro de uma panela de pressão.

A análise também aponta que existe uma relação entre renda e o desempenho na redução de óbitos por acidentes na infância. Quando maior a renda, menor a incidência de acidentes.

Algumas exceções foram identificadas, como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, que têm rendas per capita acima da média brasileira e reduziram acidentes fatais em uma velocidade menor que média. E também Roraima, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas, que têm renda per capita abaixo da média brasileira e, ainda assim, reduziram mais que a média as mortes de crianças e adolescentes por acidente.

O levantamento também demonstra que, ao observar a distribuição racial do país, há mais óbitos infantis por acidente entre negros, uma vez que eles representam 50,9% da população brasileira, mas correspondem a 57,7% dos óbitos. Já os brancos são 47,5% da população brasileira e detém 37,3% dos óbitos.

Ainda olhando para a mortalidade por acidentes até 14 anos, a série histórica desse indicador aponta que incidência de mortes entre os negros aumentou ao longo do tempo. Enquanto 41,2% dos óbitos eram de pessoas negras em 2001, em 2014 esse índice passou a ser de 57,7%. Já para os brancos, em 2001, 47,7% dos óbitos eram dessa raça e, em 2014, esse número diminuiu para 37,7%.

“Analisar a evolução do perfil dos acidentes com crianças e adolescentes desde o ano da fundação da Criança Segura até os dias atuais é um exercício muito importante. A partir dessas análises podemos verificar quais ações de políticas públicas e de informação têm sido bem sucedidas e quais áreas precisam de mais atenção do governo e da sociedade daqui para frente”, explica Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da Criança Segura.

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