12 músicas sobre racismo e orgulho negro para você ouvir agora

O rapper Max B.O., a rapper Yzalú e Jairo Pereira, vocalista do grupo Aláfia, revelaram os sons essenciais sobre raça e racismo no Brasil

Por: Redação
Racionais e Xenia França, alguns dos artistas desta playlist
Racionais e Xenia França, alguns dos artistas desta playlist

A música brasileira só existe como tal por causa dos negros, assim como a nossa sociedade. O país, como se sabe, foi erguido sobre a escravização e consequente submissão das pessoas negras sequestradas da África _ que lutaram contra essa opressão com as mais diversas armas. Entre elas, a música.

Do jongo ao samba, do rap ao funk, a música sempre foi, e continua sendo, uma maneira de resistir e se opor ao sistema racista de ontem, hoje e sempre. Por isso encontramos nos mais diferentes estilos e em diferentes épocas exemplos de resistência, combate ao racismo e orgulho negro.

A luta se faz necessária, e é por isso que mostraremos a seguir algumas armas _ dentro da música. O rapper Max B.O., a rapper Yzalú e Jairo Pereira, vocalista do grupo Aláfia, selecionaram com exclusividade para o Catraca Livre as faixas que acreditam ser fundamentais para se entender questões de raça no Brasil.

Eles detalham por que escolheram cada música. Leia, ouça cada uma com atenção, reflita e, claro, vá à luta!

MAX B.O.

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  • Wilson Simonal – Tributo a Martin Luther King

“É uma música sobre a importância de reconhecer os antepassados e a luta deles, como Luther King e o próprio Simonal, que compôs essa música para o filho Simoninha. Foi a primeira música que ensinei ao meu filho.”

  • Racionais MCs – Racistas Otários

“Racionais ensina a gente andar ligado nas ruas, esse som eu ouvia com 13, 14 anos… Fala do racismo policial, social, político e econômico. ‘O preto e o branco pobre se parecem, mas não são iguais / crianças vão nascendo em condições bem precárias, se desenvolvendo sem a paz necessária.'”

  • Gilberto Gil – A Mão da Limpeza

“Esta é sobre o ditado racista que diz: ‘Negro quando não suja na entrada, suja na saída’. Mas, na realidade, sempre é o negro a limpar a sujeira do branco.”

  • Gerson King Combo – Mandamentos Black

“Linda música sobre ter orgulho de ser black, do movimento e da cultura black power. Os blacks não querem ofender a ninguém. Assuma sua mente, brother!!!”

Yzalú

  • O Canto das 3 Raças – Clara Nunes

“Uma música atemporal e que escancara e denuncia todas as atrocidades cometidas neste país, uma música necessária!”

  • Negro Drama – Racionais Mc’s

“Esta música foi essencial. Contribuiu para a autoestima do jovem negro brasileiro, morador da periferia, resgatando os valores de nossa cultura, estética e comportamento. Negro Drama é uma música essencial e mudará totalmente a sua visão político-social após escutá-la.”

  • Sorriso Negro – Dona Ivone Lara

“Esta canção, além de maravilhosa – Dona Ivone Lara tem o dom da composição – é uma música que estabelece uma compreensão imediata para aquele que a ouve. É impossível ouvi-la sem se contagiar positivamente com a mensagem!”

  • Alma Negra – Yzalú

“Música de autoria minha e que apresenta um olhar crítico sobre os aspectos sociais que permeiam a população negra a partir de toda a consequência causada pela ausência das políticas públicas, da construção midiática em torno dos privilégios e da meritocracia que historicamente nos anulam, colocando-nos em posição de desigualdade. Apesar de todo este ambiente de vulnerabilidade resistimos e existimos!”

Jairo Pereira (Mutum e Aláfia)

  • Racionais MCs. – Voz Ativa

“Ouvi a música ‘Voz ativa’ pela primeira vez, em 92, quando saiu o tão esperado segundo disco dos Racionais Mcs, na época eu tinha 17 anos e foi uma espécie de choque no intelecto.  Ali estava uma cartilha de como fugir das armadilhas da opressão racista, sem ser um preto limitado. Falar sobre ter voz ativa, como uma necessidade e luta, dentro de um sistema que invisibiliza e cala pessoas pretas foi revolucionário demais. Um cara preto que nem eu, pobre, falando sem medo e consciente,  chamando pra união, invocando Mandela, Malcolm X, falando de representatividade, autoestima, apontando o capitalismo e a mídia como agentes na manutenção do racismo no Brasil. Uma banda que sacudiu minha cabeça,  alentando pra batalha. Quando ouvi ‘Voz ativa’ no radio, foi foda demais. Racionais MC’s foi fundamental na construção da minha identidade. Um clássico indispensável!”

  • D.M.N. – 4.P.

“Em 93 veio o disco ‘Cada vez mais preto’ do DMN,  um disco de AFROntamento, todas suas músicas são dedicadas a este propósito e dele destaco a música ‘4P’, Poder para o povo preto’ que era o slogan dos Black Panthers. Na época não tinha uma pessoa que curtisse rap nacional, que não conhecia esse som, lembro dela tocando nos bailes e o povo gritando. Esse eu posso dizer que é o hino da representatividade. Bradava com orgulho personalidades pretas, artistas, atletas, ativistas… É por causa de letras feito essas que podemos dizer que o rap é uma escola.”

  • Lady Rap – Mulheres Pretas

“Não tem como não citar a importância de Lady Rap,  nesse cenário musical, elas apareceram na coletânea ‘Algo a dizer vol 1’.  Neste momento da história haviam pouquíssimas mulheres no rap nacional. Lady Rap somou com duas faixas, uma delas é a ‘Codinome feminista‘ e a que destaco, na levada de Lady Rap é ‘Mulheres Pretas’, precursoras no empoderamento preto feminino dentro do rap brasileiro.”

  • Pra que me chamas – Xênia França

“Já nos dias de hoje, 2017, a dica sem dúvidas alguma é ‘Pra que me chamas?’ do primeiro trabalho solo de Xênia França, com quem tenho o prazer de compartilhar o Aláfia. Uma música que escancara de forma direta e cortante o racismo desmedido em nossa sociedade.  Essa música fala das particularidades geradas pós açoite, as engenhosidades maquiavélicas em manter esse mal velado em ‘Democracia Racial’,  cordialidades genocidas, que invisibilizam e estereotipam seres humanos em prol da branquitude sistêmica que nos violenta até os dias de hoje.”

  • Acreditamos que o racismo vai acabar quando houver mais informação para a sociedade. Confira todas as reportagens especiais produzidas para o Dia da Consciência Negra aqui.