‘Dar ouvidos ao ódio é perda de tempo,’ diz Elza Soares

Elza Soares surpreendeu o público nacional com a sua capacidade de ao mesmo tempo renovar e se manter fiel às suas raízes com o álbum “A Mulher do Fim do Mundo”. Agora, a cantora carioca conquista o restante do globo com sua turnê internacional do trabalho, que passa por EUA,  Europa e África. Ela também lança o álbum digital “The Woman at the End of the World”, com colaborações e remixes inéditos.

Mesmo em plena turnê, Elza Soares encontrou um tempo para conversar com o Catraca Livre sobre sua carreira, a busca de viver sempre no agora, a resistência da defesa de minorias em um momento em que o discurso de ódio ganha força na internet. Os perfis do Instagram do Catraca Livre e do Viagem Livre também estão recebendo fotos da viagem da Mulher do Fim do Mundo pelo planeta.

Elza Soares no segundo show de sua turnê, no Primavera Sound, em Barcelona.
Elza Soares no segundo show de sua turnê, no Primavera Sound, em Barcelona.

Catraca Livre – Qual é o marco que você mais se orgulha na sua carreira? Qual você ainda almeja?

Elza Soares – Essa é uma pergunta muito difícil, cara. Tenho até receio de parecer injusta com a minha própria história, afinal, a trajetória tem muitos anos, né? Me orgulho de muita coisa que fiz, e ainda estou fazendo.

O sucesso de Mulher do Fim do Mundo foi incrível, ele parece ter atingido um nervo no público. Você esperava uma repercussão tão grande? Por que você acha que ele explodiu dessa forma?

A gente sempre faz um trabalho esperando que seja bem aceito. Claro que ninguém esperava que fosse tanto. Eu mesma perdi a conta de quantos prêmios o álbum levou, mas é uma alegria imensa. Acho que as pessoas se identificaram com a sonoridade e as letras. São assuntos atuais e gritantes, que precisamos contar todos os dias, lógico. Basicamente, o Brasil grita pelo fim das intolerâncias.

O álbum mostrou que você consegue se reinventar e ainda manter coerente com suas raízes. Qual o segredo de equilibrar a sua rica história de vida e musical com o novo e inesperado?

Esse trabalho foi um presente dos meus meninos de São Paulo, os guardiões do fim do mundo… O equilíbrio é um só: Sempre digo que my name is now. O que importa é o agora. O novo. O que aconteceu ontem, já foi, my love.

Você vai partir para uma turnê do Mulher do Fim do Mundo nos EUA, Europa e África e lançará um remix do trabalho por DJs. O que você espera dessa nova fase do Mulher do Fim do Mundo?

Essa nova versão é uma celebração de tantas conquistas, e agora, agregando ainda mais gente. “O Fim do Mundo”, agora, está tocando em todo o mundo. Só gratidão. E só o começo de tudo.

Você é um símbolo de resistência e defesa de minorias, mulheres, negros e pessoas LGBT. Como você encara o papel de dar voz a essas minorias?

Acho que é um processo natural, saca? É preciso força e coragem pra lutar. E é lógico o meu show fala exatamente disso. Era uma necessidade que eu sentia há muito tempo.

Após acumular prêmios no Brasil, Elza Soares sai em turnê no exterior com “End of The World”.
Após acumular prêmios no Brasil, Elza Soares sai em turnê no exterior com “End of The World”.

Vivemos em um momento no qual grupos se organizam para disseminar o discurso de ódio e intolerância nas redes sociais e na vida em geral. Como é a melhor forma de enfrentar esses ódio organizado?

Pois é, né? Eu gosto de ficar ligada em tudo que as pessoas estão falando. Leio comentário no YouTube, tiro um tempo pra ler o Facebook e até responder pessoalmente as mensagens. E as pessoas sempre me contam. Não passada nada: a equipe, os fãs na rua, os vizinhos… Todo mundo comenta tudo. Só tenho olhos pro amor dessas pessoas. Eu recebo tanta mensagem forte, de pessoas que venceram desafios ou que se sentiram mais fortes depois de ouvir o álbum ou de conhecer minha história, que dar ouvidos ao discurso de ódio é uma perda de tempo.

E que recado você gostaria de deixar para os leitores do Catraca Livre?

Minhas amadas e amados, essa é só o começo. Dia 30 sai o álbum remixado: toquem nas festas. No último volume! Depois vem uma série de outras novidades – que ainda não posso contar. É o que eu digo e repito: my name is now. Obrigada por estarem comigo. Até o fim.