Desnudar-se: projeto fotográfico discute figura masculina, machismo e sensualidade

Contra o machismo, contra o modelo de família patriarcal, contra o capitalismo, contra e a favor de diversas coisas, e como feminista muito ciente de quanto o machismo oprime as mulheres E os homens, E de quanto os mesmos reproduzem o machismo sem se dar conta de que ele não é favorável para ambas as partes, criou-se um projeto onde a  ideia era fotografar homens contra o machismo.

Homens que não se vestissem com uma armadura e se permitissem ser eles mesmos. Homens que chorassem mesmo sabendo que seriam rotulados de sensíveis, fracos e outros adjetivos pejorativos que “diminuem” seu nível de testosterona, sua força, sua capacidade. Que o desaprova. Homens que permitissem uma mulher pagar a conta, dirigir o carro, ir trabalhar e ganhar um salário maior que o seu. Que fizessem profissionalmente o que bem quisessem, fossem em busca de seus sonhos mesmo que este fosse totalmente “incerto”, ao invés de pensar primordialmente no dinheiro que estaria, com certeza todo o mês, em sua conta bancária, para poder comprar o relógio, o tênis, o carro o qual levaria a mulher pra jantar, pagaria a conta, e seria o Homem da casa, o Pai.

 

O Cara. O Cara que tem que flertar, tem que transar – e muito, tem que chamar a mulher que passa na rua de gostosa e deixá-la constrangida para receber aplausos dos amigos, pra receber aplausos da sociedade. Não brochar, não pode ser tímido, não pode não gostar de mulheres e nem de homens, não pode ter voz aguda, não pode gritar agudo, não pode ter medo de barata, de rato, da vida. Não pode ser dono de casa, lavar as roupas, a privada, cuidar do filho, não pode gostar de fazer isso. Se fizer, se gostar do que não é “adequado”, “aplausível”, “aprovável”… Haja costas, haja cara pra aguentar todo o machismo, todo o patriarcado. E na maioria das vezes não há: Suicídios no Brasil, afetam mais homens do que mulheres, em sua maioria homens entre 15 e 35 anos, muito pobres ou muito ricos, desempregados, solteiros ou separados etc. Não se aguenta. É muita pressão. É muito tem que, muito não pode.

Mas e o moço que está dentro da armadura? Será fotografado, sem a armadura. Sem o pano. Apenas ele, que não deixa o medo paralisar, que se ama e que se basta, que é maravilhoso, que não é bruto, não é feio, não é grosseiro e chega de rotulações!!! Apenas é homem. É ser humano.

 

Para finalizar, sabemos também que tem um modelo pré-estabelecido de sensualidade masculina. Sabemos que as revistas de mulheres nuas, tem uma produção linda e que agrada os olhos dos que compram. Mas que as revistas masculinas e a fotografia de homens nus em geral não resultam positivamente. A fotografia e outros materiais sensual/erótico para o público feminino hétero ainda é TABU e há MUITO PUDOR, e é muito escasso de inteligência! Ele não agrada seu público-alvo, fazendo com que as mulheres não comprem, não vejam, não gostem, não se interessem, consequentemente não se toquem, não sejam felizes, não se gostem.
Então, Dayane quis trazer por meio da arte, nessas fotografias, seu olhar de interesse, o que lhe afeta, o que lhe faz ter vontade e não nojo. Quis trazer o homem como ser humano, puro, com suas angústias e felicidades, natural, sem fingir ser algo, apenas sendo ele mesmo.

 

Mais fotos do projeto podem ser vistam na página da fotógrafa no Facebook.