Pela arte e pelo empoderamento: conheça o zine feminista Xereca

Criado a apenas 7 meses, a publicação de Bárbara Gondar mistura humor, feminismo e informação, e pode se tornar o próximo grande nome na cena independente

Por: Catraca Livre
 
 

Foi sem querer que cheguei a página de zines de Bárbara Gondar, 28, no Facebook. O nome foi suficiente para chamar minha atenção: xereca. Uma olhada mais a fundo e descobri que o tema de seu trabalho é o feminismo, e que seus desenhos são impressionantes.

Carioca criada em São Paulo, Bárbara se formou em Multimeios na PUC. Passou a trabalhar em agências de publicidade, mas o clima do lugar não a atraía. Resolveu se mudar para o Rio de Janeiro, onde fez alguns freelas de design, e passou a cursar História, na UniRio.

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Zines são publicações independentes geralmente feitas por “fãs” de determinada subcultura[/img]

“Todas mulheres batalham todos os dias para ser mulher”

Hoje o foco é em fazer o xereca 2. “Quero que tenha bem mais texto dessa vez, seja menos visual”. O objetivo, dessa vez, é dar foco para o prazer feminino. A ideia para a próxima edição veio ao assistir ao documentário Vulva 3.0, que trata sobre a história da anatomia feminina.
Feminismo

“O principal objetivo da xereca é o empoderamento de mulheres”, afirma. “Eu também queria falar de coisas boas no zine e na página, porque coisas ruins as mulheres já tem todo dia”. Para a desenhista, toda mulher é feminista “Porque todas batalham todos os dias só por serem mulheres”, opina.

“As pessoas ainda acham que feminismo é o contrário de machismo”, lamenta. “Mas agora temos essas mulheres que estão falando sobre isso. Está chamando atenção”. Perguntei sobre as feministas que acreditam que essas celebridades banalizam o movimento. “Você não precisa de uma carteirinha para ser feminista. Mas com certeza falta corrigir algumas problemáticas no discurso dessas artistas, que é falho em diversos aspectos. Só que ainda temos o apoio, que é o que precisamos”.
Apoio

 
 

A cena de zines feminista é grande. Bárbara conta de alguns que ela admira, como oNegahamburguer, Mazô, Lovelove6 e Zine XXX. “A melhor parte de tudo isso é a recepção que tive. Tem um lance de sororidade muito grande entre as meninas”. Sororidade é um pacto de apoio e irmandade entre as mulheres. “É muito bom para conhecer novos amigos e fazer amizade. Nós fazemos uns eventos também, só para nós. Desenhamos, chamamos gente nova para passar a bola”.

A artista também explica que no Rio o mercado de zines é bem menos movimentado que em São Paulo, Belo Horizonte ou Porto Alegre. “Nessas cidades existem muito mais feiras”. Assim, as vendas são em maioria pela internet.

Outra forma que ela achou para vender foi durante a Marcha das Vadias. Com apenas sua bicicleta e uma caixa de feiras levou sua arte para a manifestação. “Só uma pena que com a bike não dá pra ficar no meio da galera”.  “Sempre que saio de casa, levo algumas xerecas na bolsa para vender”.
Além do Facebook, a Xereca também tem uma blog e uma conta no Instagram (@xerecaxereca).