Wesley Duke Lee: o artista irreverente que usou erotismo, crítica e lisergia para transgredir a arte e a vida
"E...por isso não se suja em volta do cavalete - tudo que vai para dentro do quadro, o que resulta em limpeza, da mesma forma que tudo acontece dentro da sua cabeça, não fora - nunca fora"
Wesley Duke Lee é um pintor, gravador, desenhista, artista gráfico e professor brasileiro que utilizou a crítica política, o erotismo, a experimentação e a tecnologia como ferramentas inovadoras na arte.
Nos meios proibidos e demonizados pelo moral vigente, Duke Lee utilizou a fascinação erótica, a lisergia, para romper com os paradigmas da sociedade.
Sua obra é construída em séries que utilizam diferentes técnicas, materiais, processos e modelos de composição. Assim, o artista utiliza o experimentalismo para abordar a origem do homem, a sexualidade, a morte, entre outros temas.
- Sintoma de depressão que é muitas vezes ignorado, mas você deveria saber
- Entenda por que este alimento, geralmente descartado, pode melhorar a saúde do seu coração
- Age of Egypt: Aprenda a jogar o slot egípcio
- Estudo aponta hábito ao dormir que eleva o risco de pressão alta
O artista também questionava o papel da arte. Ele criou o primeiro happening em 1963. Uma espécie de anti-exposição ou performance.
O Catraca Livre conversou com Cacilda Teixeira da Costa, autora do livro “Wesley Duke Lee- um Salmão na Corrente Taciturna” – sobre algumas fases do artista.
Sensualidade
Filho de norte-americanos protestantes e conservadores, o artista usou o erotismo e o humor em quase toda sua obra.
“Sua obra e vida é marcado pela tentativa de libertar-se do estilo de vida conservador da família”, comenta a professora Cacilda Teixeira da Costa.
Na série A Zona, o artista explora as zonas zeles, mentais, de percepção humana e de pesquisa e conhecimento. O amor e a sexualidade nos arquétipos femininos e masculinos.
Save Dire Que Ce De Lá….Não – 1964 )oléo s/ tela) – Obra da fase lisérgica do artista[/img]
Lisérgica
“O que tudo virou foi experiência lisérgica. É, a gente tem que dizer estas coisas mesmo que seja proibido. Quando tomei o lisérgico é que saiu tudo isso aqui, do dia para a noite, e deu-se minha exposição da Galeria Atrium”
Em 1962, Wesley Duke Lee voluntariou-se em em um pronto-socorro psiquiátrico onde os médicos testavam os efeitos da droga em voluntários.
O artista estava interessado em explorar os caminhos introspectivos e possíveis experiências artísticas com a substância.
Cacilda Teixeira da Costa explica que o uso de LSD havia surgido entre diversos artistas nos anos 60.
“O Wesley não era drogado e ele abominava os vícios. Ele tomou o LSD com controle médico e fumava maconha com total controle sobre o uso”, diz a professora.
“Inclusive, ele achava que, em alguns momentos liberava a imaginação, mas não era isso que fazia a arte. E a força da arte não vinha disso de jeito nenhum”.
Essa série de trabalhos resultou na fase lisérgica do artista, que o liberou de alguns preceitos e deu liberdade na sua obra. “Ele não preconizava de jeito nenhum que as pessoas tinham que ser envolvidas por elementos estranhos para produzir”, disse Cacilda.
Prisão
“Rodriguinho barra limpa, primeiro realista mágico de Nitheroy manda dizer ao tio Lee que ordem do dia é fralda larga e leite morno, o Pai.” – Telegrama de Sergio Mendes para Wesley Duke Lee que o levou a prisão.
Os militares acharam que a mensagem de Sergio Mendes para Wesley Duke Lee tratava-se de uma mensagem decodificada e prenderam o músico e o artista plástico.
A mensagem, porém, avisava sobre o nascimento do filho de Sérgio Mendes.
Na prisão, Wesley organizou aulas na qual os presos políticos ensinam suas habilidades uns aos outros. Por lá, ele ministrou uma aula sobre pintura e textura com o mofo da parede, inspirado em Leonardo da Vinci.
Wesley saiu furioso da prisão e fez série Formação de um povo, que tratava de assuntos políticos. “Ele foi parando, achando que estava muito balizado, que tomasse posição política. Ele achava que tomava a posição enquanto artista em sua obra. Ele não era política. Queria ter a liberdade de fazer”, explica Teixeira da Costa.