Ex-alunos da Poli têm projeto para ajudar jovens a entrar na USP

Saiba como se inscrever, como colaborar com o projeto e confira opções de cursinhos gratuitos

Alunos comemoram entrada na universidade com mentores do Projeto Gauss

No vestibular do ano passado da USP (Universidade de São Paulo), dos 10.994 matriculados, 36,9% (4.036) vieram de escola pública. É certo que houve um aumento de 2,3% em relação a 2016, segundo levantamento da própria instituição, mas o número não deixa de escancarar a pouca presença de estudantes de baixa renda em espaços como a USP.

Por isso a importância de iniciativas como o Projeto Gauss, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), sem fins lucrativos, que nasceu em 2012. Há seis anos, quatro amigos, na época estudantes da Escola Politécnica (Poli) da USP, observaram uma sala de aula com pessoas de classes mais altas e que poderia haver um equilíbrio ali.

Reconhecimentos dos privilégios

“A principal inquietação [para criar o projeto] foi parar para pensar e perceber o quão privilegiados fomos! Ter nascido em famílias de classe média e, portanto, ter tido acesso a educação privada de qualidade nos possibilitou realizar nossos sonhos de uma maneira mais fácil. Poder doar um pouco de dinheiro e, principalmente, nosso tempo para que outras pessoas estivessem mais perto dos seus sonhos, era algo novo e que mudou nossas vidas”, contou Samuel Guimarães Filho, presidente do Projeto Gauss, ao Catraca Livre.

A ONG concede bolsas de estudo para jovens de grande potencial vindos de escolas públicas que não têm condições de pagar por cursinhos pré-vestibulares. Os bolsistas são projetados para estudar em universidades de excelência em estados como São Paulo, Sergipe e no Distrito Federal.

Bolsistas aprovados na universidade (o segundo da esquerda para a direita é Samuel Guimarães Filho, presidente do projeto)

“Em SP e SE todos entraram em faculdades públicas. Em SE, todos estão estudando na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em São Paulo, a maioria dos alunos está estudando na USP”, disse Samuel. Atualmente, o projeto conta com 34 alunos com bolsa (e 11 ex-bolsistas).

Como posso me tornar um bolsista?

O processo seletivo do Gauss ocorre anualmente – normalmente no segundo semestre. Não há um número fechado de vagas, pois depende do orçamento e da disponibilidade de mentores para acompanhar os bolsistas. Em 2018, por exemplo, já foram selecionados 25 novos alunos. Para 2019, a organização pretende dobrar a meta.

Para se candidatar, é preciso ter de 17 a 24 anos e ser aluno de escola pública que esteja terminando (no último ano) ou já tenha terminado o ensino médio (clique aqui para acompanhar a abertura das inscrições).

“Uma novidade para 2018 é que devemos realizar o primeiro processo seletivo para um perfil de alunos mais jovem que estejam terminando o ensino fundamental. Desta forma, poderemos acompanhar os alunos por mais tempo e, portanto, acreditamos que o impacto causado na vida deste bolsista seja ainda maior”, adiantou o presidente.

Inscrições abertas

Os processos seletivos estão abertos para admissão de novos bolsistas. As inscrições vão de 1 de agosto a 30 de setembro de 2018. As cidades contempladas são: Aracaju (SE), São Paulo (SP) e Brasília (DF).

Clique aqui para conferir os editais e realizar a prova online de inscrição.

Quem acertar ao menos cinco questões vai para a fase presencial. Após prova presencial, os candidatos e suas famílias serão entrevistados. O projeto pretende selecionar no mínimo cinco candidatos por cidade.

45 alunos já foram impactados pela iniciativa

Como ajudar o Projeto Gauss?

A iniciativa envolve mais de 60 colaboradores nas três localidades: 10 associados iniciais, mentores, doadores e pessoas que ajudam na organização. Para ser um doador, basta acessar o site do projeto e ver informações sobre doação. Para ser um mentor, no segundo semestre se inicia o processo seletivo de mentores e colaboradores (confira clicando aqui).

Efeito multiplicador

“Além de fornecer ao jovem um ensino de melhor qualidade, acredito que o aluno Gauss, ao entrar na faculdade, encontra novos valores e, portanto, a chance dele querer retribuir e passar a ajudar outros alunos é bem maior. É o que chamamos do efeito multiplicador. Muda não só o aluno, muda a família, o bairro”, definiu Samuel.

Mas “ainda há muito a ser feito”, afirmou ele. A quebra de barreiras para que a universidade seja cada vez mais acessível, com mais diversidade e equidade, deve acontecer a partir da implantação de ações afirmativas e de uma consciência da sociedade. “Como costumo encerrar toda carta de agradecimento anual: estamos apenas no começo”, finalizou.