Pesquisa mostra que 32% dos LGBTs sofrem preconceito na escola

17/05/2016 16:40 / Atualizado em 07/05/2020 03:12

A Universidade Federal de São Carlos (UFScar) divulgou em março deste ano uma pesquisa que mostra o quanto o preconceito a homossexuais e transexuais ainda precisa ser combatido no ambiente escolar.

De acordo com o estudo realizado por docentes do Centro de Ciências Humanas e Biológicas (CCHB) da universidade do interior paulista, 32% dos LGBTs entrevistados afirmaram sofrer preconceito na sala de aula por causa de sua orientação sexual.

O levantamento foi conduzido pelas professoras Viviane Mendonça e Kelen Leite e pelo professor Marcos Garcia, do Departamento de Ciências Humanas e Educação (DCHE) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd).

 
 

Os dados convergem com os apresentados em pesquisa do Ministério da Educação que, em 2013, ouviu 8.283 estudantes na faixa etária de 15 a 29 anos. O MEC constatou que 20% dos alunos não querem um colega de classe gay ou trans.

Questões de gênero nas escolas

Incluir referências a questões de gênero nas escolas é dar sinal verde para o aprimoramento da qualidade da educação, superação das desigualdades e preconceito, e combate a exclusão escolar. No ano passado o assunto foi amplamente discutido por conta dos processos de formulação dos Planos Municipais de Educação.

As temáticas relacionadas à igualdade de gênero foram desconsideradas e retiradas dos planos. À época, ativistas da causa LGBT reivindicaram que o papel da escola é, sim, discutir gênero e sexualidade. Para os políticos conservadores e entidades religiosas o termo “gênero” pode “deturpar o conceito de família”.

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Algumas possíveis soluções

Para Viviane Mendonça, o entendimento desse cenário e a busca por estratégias capazes de revertê-lo “não é uma questão do movimento LGBT, é uma questão da educação, que deve ser defendida e compreendida por todos os educadores”.

É preciso de um melhor preparo dos professores diante de casos de agressões físicas e verbais sofridas pelos homossexuais no ambiente escolar, por exemplo. Uma das propostas é a formação continuada desses profissionais, o que já deveria estar presente nos Projetos político-pedagógicos dos cursos que formam professores.

“Hoje, nós assistimos quase que a inexistência de reflexões sobre diversidade dentro dos cursos de pedagogia e das licenciaturas; e o resultado são professores despreparados para dar conta de uma sociedade em transformação”, lamenta a pesquisadora.

“A educação para a diversidade não é uma doutrinação capaz de converter as pessoas à homossexualidade, como se isso fosse possível. O objetivo é criarmos condições dentro das escolas para que professores e alunos possam aprender e ensinar o convívio com as diferenças que naturalmente existem entre todos”, afirma Viviane.

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