Ensinando bons modos com bom humor

Por: Keila Baraçal

Encarar o transporte público de São Paulo diariamente não é tarefa das mais fáceis. Atrasos, empurra-empurra, superlotações e maus modos fazem parte de quem vive essa rotina. Diante disso, para tornar o seu cotidiano (e das outras pessoas) menos penoso, Andréia Gonçalves Garcia encontrou uma solução: o bom humor.

Acostumada a usar trens e metrô todos os dias para ir de sua casa, em Suzano, para o trabalho, em São Paulo, a coordenadora de implantação de projetos na área de Tecnologia da Informação começou a dar uma lição de cidadania no começo de fevereiro, e de uma maneira diferente.

Naquele período, Andréia começou a escrever pequenas crônicas relatando de maneira bem humorada situações adversas que ela observava no transporte público: pessoas que não cediam assentos especiais a idosos, gestantes, deficientes; outras que jogavam lixo no chão ou que ficavam paradas na porta dos trens impedindo a passagem de quem queria entrar ou sair dos vagões; passageiros que andavam com as mochilas nas costas, dificultando o trânsito dos outros.

“Sou adepta do bom humor, da risada. Eu também fico nervosa, mas procuro ver o lado positivo, o humor quebra a resistência das pessoas. Já que eu tinha que usar o transporte público todos os dias, pensei que se encarasse de maneira mais leve, ficaria melhor para mim e para todo mundo”, diz Andréia.

Depois de mostrar os pequenos textos para amigos, ela recebeu deles o incentivo e decidiu criar um blog. A repercussão foi grande e a levou a criar um blog, que fez sucesso e culminou com um convite de um jornal da região onde Andréia mora para que ela escrevesse uma coluna semanal.

Os desdobramentos positivos foram tantos e, como consequência, foi lançado o livro “A Viajante do Trem”, compilação desses textos em que Andréia dá dicas bem humoradas de como ser mais educado e tornar o convívio mais harmonioso e respeitoso no transporte público. Em agosto, ela estará na Bienal Internacional do Livro de São Paulo para divulgar “A Viajante do Trem”.

“Normalmente, junta o estresse, junta tudo e as pessoas se esquecem de se colocar no lugar do outro. Eu tento fazer isso para contagiar as pessoas, ter esse tipo de pensamento e esses atos de gentileza”, comenta Andréia. Após o sucesso do livro, ela foi convidada a escrever os textos da campanha Espalhe Respeito, que mostrava sete atitudes de cidadania no transporte público. Nos vídeos, Andréia também atuou, fazendo o papel de uma grávida em busca de um assento no vagão.