Peppa: a verdade é que eu não gosto de você.

 
 

Esse texto, de Carolina Vicentin, do site Metropoles, está bombando nas redes.

Querida Peppa,

A verdade é que eu não gosto de você. Você é abusada, irritante e faz piadas sem graça. Você, por vezes, diz coisas desrespeitosas para seus pais e se acha superior ao seu irmão e às outras crianças. Você me dá nos nervos.

Devo admitir, porém, que há momentos em que só você é capaz de me ajudar. Basta que toquem os primeiros acordes do seu tema de abertura, Peppa, para que meu filho mais velho saia correndo para a frente da televisão e a tranquilidade se instale na minha casa. Você é como o gongo da salvação.

Foi graças a você que eu consegui colocar ordem naquele dia em que Miguel derrubou o prato inteiro de comida no chão e Solano vomitou em cima dele mesmo e de mim. Também foi você que ajudou a convencer o mais velho a não colocar a mão na banheira com água e cocô do caçula. “Olha, Miguel! A Peppa!” e ele saiu correndo e berrando “a Peppaaaaaa”. Ufa. Peppa, sem você, eu dificilmente conseguiria fazer xixi antes de ambos irem dormir.

Relutei para reconhecer seu poder. Tentei outros personagens, a maioria muito mais interessante que você. Doutora Brinquedos. Luna. Doki. Patrulha Canina. Até o Patati e o Patatá eu tentei. Mas não tem jeito. Nenhum deles é capaz de prender a atenção como você. Isso é tão verdade que eu começo a acreditar nas teorias sobre mensagens diabólicas subliminares transmitidas para as crianças por criaturas como você.