Doria corta vagas para castração de animais de rua, diz protetora

Benefício permitia que cada protetor ou ONG levasse até 10 animais por mês para castrar pelo CCZ

Por: Jéssica Lima

Desde o mês de agosto, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), órgão da Prefeitura de São Paulo que visa melhorar a saúde pública animal da cidade, deixou de castrar animais de rua que são levados por ONGs e protetores cadastrados alegando que não há vagas. A denúncia foi feita pela psicóloga Andreia Freitas, 42, que também é protetora de animais.

Animais de rua estão sem castração pela prefeitura de SP desde agosto
Créditos: Getty Images/iStockphoto
Animais de rua estão sem castração pela prefeitura de SP desde agosto

Segundo ela, o benefício permitia que cada protetor agendasse e levasse até 10 animais por mês ao CCZ Santana, na zona norte, e ao CCZ São Mateus, na zona leste, para a castração. “Eles dizem que não têm vagas. Anotam as informações dos animais que temos para castrar e orientam que, caso tenhamos outros meios, procuremos outras entidades porque não há previsão de datas”, afirmou.

Mesmo os munícipes têm encontrado dificuldade de castrar os animais. O “Agora São Paulo” mostrou que a castração de cães e gatos pelo programa gratuito da prefeitura está levando até quatro meses para acontecer e, neste período, é possível que esses animais tenham até duas ninhadas. Ainda assim, esse benefício não se estende a animais abandonados.

“O serviço era marcado rapidamente, o que nos proporcionava a oportunidade de doar os animais castrados e já recolher outros animais da rua. Sem o programa de castração para animais de rua, muitos protetores pararão de recolher animais abandonados porque a castração é muito cara em São Paulo”, explicou Andreia.

Com informações do “Agora”, a castração de cadelas e gatas sai, em média, de R$ 200 a R$ 600, e a de cachorros e gatos custa entre R$ 150 e R$ 450 dependendo do bairro onde esteja a clínica veterinária em São Paulo. Em bairros mais nobres, as clínicas podem cobrar até R$ 1.000.

A protetora contou que, desde agosto, de 20 animais que ela poderia ter castrado, ela conseguiu apenas três e foram com seus próprios recursos. “Não temos [os protetores] recursos particulares para isso, nem vamos resgatar mais animal nenhum até que o prefeito retome o programa.”

Andreia lembra que, em quatro meses, uma única gata pode ficar prenha e gerar uma média de sete filhotes. “Digamos que cada gata gere 21 novos gatos por ano. Lá pela metade do ano, os filhotes desta gata também começarão a se reproduzir e, em um ano, um mesmo bairro estará lotado de gatos de rua reproduzindo.”

“Uma cadela tem mais ou menos o mesmo período de gestação de uma gata, mas pode gerar 12 filhotes. Ao longo de um ano, a cadela pode ter 36 filhotes, que na metade do ano já começarão a se reproduzir.”

Resposta

Em nota, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) disse que não procede a informação de que houve suspensão das castrações para as entidades de proteção animal. “Os protetores cadastrados no CCZ continuam a ser atendidos nos serviços próprios (CCZ e NEC São Mateus)”. O órgão também informou que, em 2016 e no primeiro semestre de 2017, foram castrados 4.603 animais de protetores independentes.

“É importante destacar que a castração gratuita se dá por meio do Programa Permanente de Controle Reprodutivo de Cães e Gatos (PPCRCG), cuja estrutura contempla também toda a questão de conscientização de posse responsável e vale ressaltar que a Prefeitura de São Paulo, em parceria com a Associação AMPARA Animal, também realiza mutirões de castração de cães e gatos.”

A prefeitura também vai anunciar nesta quarta-feira, 27, uma nova parceria com a AMPARA para a construção de um centro especializado em castração na zona sul.

Sobre a falta de vagas, a CCZ se limitou a dizer que “os atendimentos são realizados nos locais citados, priorizando-se os animais de relevância à saúde pública, sendo as vagas remanescentes destinadas a protetores independentes cadastrados no CCZ”.

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