O insano Festival de San Fermín, em Pamplona, na Espanha

Ainda nas primeiras horas do dia 6 de julho, as ruas de Pamplona, no norte da Espanha, são tomadas por pessoas vestidas de calças e camisas brancas com faixas vermelhas amarradas às cinturas e lenços menores nos pulsos. Turistas, moradores e até o rapaz que descarrega o caminhão de bebidas, todos estão vestidos da mesma forma mostrando a força da tradição. São milhares deles. Milhões.

Toda essa massa se espalha pelo centro histórico da cidade, capital da província de Navarra. Alguns buscam por telões espalhados em vários locais públicos, mas boa parte da turma quer mesmo é entrar na Plaza Consistorial, já lotada. No local, câmeras de todos os canais de televisão da região transmitem ao vivo, não só para a Espanha, como para vários países do mundo, imagens da multidão e da fachada da prefeitura. Ao meio dia em ponto, um representante do governo, igualmente vestido de branco e vermelho, surge no alto de uma das janelas, saúda a todos e acende um pequeno foguete que explode no céu.

Início dos festejos, na Plaza Consistorial

No chão, de forma quase automática, acontece a explosão da fiesta. Abraços, gritos, bebedeira, banho de vinho e exposição de seios por mulheres sem receio de serem fotografadas ou filmadas, acontecem de forma enérgica. Em meio a isso tudo, os panos vermelhos, chamados de pañuelos, que estavam amarrados aos pulsos já podem ser colocados em volta dos pescoços, completando a tradição que cerca a abertura daquele festejo. Começa oficialmente o festival de San Fermín.

Tão popular quanto secular, a festa ganhou alcance mundial através do livro “O Sol também se levanta” do escritor americano Ernest Hemingway, um apaixonado pela cultura das touradas. O festival de São Firmino é também mundialmente conhecido pelos encierros, como são chamadas as corridas de touros, que ocorrem todos os dias.

O caminho entre as cocheiras e a arena de touros passa por quatro ruas e uma praça, possuindo 840 m totalmente cercados com madeira. Jovens inexperientes se aglomeram antes que os acessos sejam fechados, às 7h30 como é de praxe. Enquanto a corrida não começa, fazem aquecimento, conversam e esperam ansiosos pelo sinal.

Tentando tocar nos bois, os corredores correm perigo de levar chifradas

Às 8h em ponto, são lançados os primeiros foguetes e as porteiras se abrem. Os corredores saltam, na tentativa de avistar os touros e prever o tempo de chegada dos mesmos, mas tudo acontece muito rápido e nem sempre os planejamentos são bem sucedidos. A grande massa começa a avançar, alguns jovens desistem e tentam pular as cercas que fecham o caminho da corrida, mas são impedidos pelos guardas. Enquanto isso, os homens mais experientes tentam correr ao lado dos touros, tocando-os com as mãos ou com os jornais que seguram.

Vale fazer uma ressalva: nós, de O Viajante, não apoiamos tais corridas ou qualquer ato de tortura a animais. No entanto, sabemos que existe e, sob muita polêmica, é um aspecto cultural do país que merece ser informado. Mais sobre assunto, sugerirmos a leitura desta matéria na BBC.

Confira o texto completo, fotos e vídeo em O Viajante

Por José Jayme