Continuarei à frente do governo, diz Michel Temer

O presidente fez um novo pronunciamento para tentar rebater acusações de delatores da JBS, que dizem que ele recebeu propina

Por: Jonas Carvalho
Michel Temer em pronunciamento

O presidente Michel Temer fez um novo pronunciamento neste sábado, 20, para tentar rebater as acusações de delatores da JBS.

Em seu discurso, Temer desqualifica o trabalho da Procuradoria-Geral da República, afirma que entrou com um pedido para suspender o inquérito que o investiga e ainda disse que Joesley Batista, executivo da JBS que gravou um diálogo com ele e o delatou, é um “falastrão”.

“Há muitas mentiras espalhadas em seu depoimento”, disse Temer. “Ele é um conhecido falastrão exagerado”.

“Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos, incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, e levou muitas pessoas a engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil. Por isso, no dia de hoje, estamos entrando com petição no STF pra suspender o inquérito até que seja verificada em definitivo a gravação”.

Temer ainda desqualificou Joesley Batista. “O autor do grampo está livre e solto em NY”.

“Ele não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, julgado ou punido. Pelo jeito não será. Cometeu o crime perfeito: graças à essa gravação fraudulenta e manipulada, a notícia foi vazada seguramente por gente ligada ao grupo empresarial que, antes de entrega da gravação, comprou um bilhão de dólares porque sabia que isso provocaria o caos no câmbio”, disse o presidente.

“Por outro lado, sabendo que a divulgação da gravação também reduziria ações da sua empresa, as vendeu antes da queda da bolsa. Esses fatos já estão sendo apurados pela comissão de valores. A JBS lucrou milhões de dólares em menos de 24h”.

“Meu governo tem rumo”

Temer também aproveitou para falar de ações de sua gestão. “Meu governo, senhores, tem rumo”.

O presidente ainda atribuiu a atitude da JBS à oposição da empresa em relação ao seu governo. “Há quem queira me tirar do governo para voltar aos tempos em que faziam tudo o que queriam e não prestavam contas a ninguém”.

“O BNDES mudou no meu governo. Estamos acabando com um dos velhos tempos das facilidades aos oportunistas
e isso incomoda muito”.

“Não se sustenta, então, a acusação pífia de corrupção passiva”, disse o presidente.

“Atentam contra meu vocabulário e minha inteligência. Tenho crença nas instâncias brasileiras e nos seus representantes”, falou o presidente.

“Digo com toda a segurança: o Brasil não sairá dos trilhos. Eu continuarei à frente do governo”.

É o segundo pronunciamento de Temer em menos de três dias. Na última quinta-feira, 18, ele havia dito que não renunciaria e rebateu as acusações.

O discurso acontece ainda na esteira das revelações do jornal O Globo, nas quais Joesley Batista, da JBS, mostrou gravações que mostram Temer concordando com a compra do silêncio de Eduardo Cunha, por R$ 5 milhões mensais.

Depois da repercussão, o ministro do STF Edson Fachin liberou o áudio gravado pelo executivo, além de afirmar que a gravação é, sim, legal.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Joesley vai publicar cópia do áudio original da conversa.

Assista ao pronunciamento na íntegra:

O que já aconteceu desde a delação da JBS: