Temer ataca Janot e diz não saber como ‘Deus me colocou aqui’

Para presidente, denúncia feita pelo procurador-geral é 'ficção'

O presidente Michel Temer afirmou, em pronunciamento na tarde desta terça-feira, dia 27, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não tem provas que sustentem a denúncia de corrupção passiva apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente Michel Temer durante pronunciamento

Referindo-se à denúncia como um “ataque injurioso, indigno, infamante” à sua “dignidade pessoal”, o presidente disse que estão “reinventando” o Código Penal, incluindo “uma nova categoria: denúncia por ilação”, o que abriria um precedente perigoso. “Onde estão as provas concretas de recebimento destes valores?”, afirma. “A denúncia é uma ficção.”

Temer faz então uma acusação contra Janot: afirma que o ex-procurador da República Marcelo Miller, que hoje atua na defesa da JBS, não teria cumprido a quarentena exigida para uma transição entre o setor público e o privado e estaria trabalhando numa empresa especializada em “delação”, ganhando “milhões”. Tudo, segundo o presidente, “ratificado”, “assegurado” pelo procurador-geral da República.

Para concluir, Temer diz falar em nome da “defesa da minha honra pessoal”. “Tenho orgulho de ser presidente, é algo tocante. Não sei como Deus me colocou aqui.”

O peemedebista abriu o pronunciamento citando que, se fosse presidente da Câmara, teriam sessão, por que havia quórum. Agradeceu também o apoio “extremamente espontâneo” dos deputados presentes. Momentos antes, segundo apuração da repórter da GloboNews Andreia Sadi, o presidente havia alterado o horário da declaração na TV para obter apoio de deputados e senadores aliados e conseguir “fazer volume” na foto.

Entenda como funcionará a tramitação da denúncia

Temer passou a manhã em reunião com sua equipe de comunicação para decidir como seria a resposta à denúncia do procurador-geral.

Este é o terceiro pronunciamento do presidente desde que as delações dos executivos da JBS vieram à tona. O primeiro foi feito em 18 de maio e o segundo, apenas dois dias depois. Em todos eles, Temer deixou claro que não renunciaria e que as denúncias são falsas.

A popularidade do governo do peemedebista, de 7%, é a menor desde 1989, quando o país vivia a crise da hiperinflação e então presidente José Sarney registrou 5% de aprovação. Os dados são de pesquisa do Datafolha divulgada no dia 24.

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