Youtuber discute a qualidade de vida das pessoas com deficiência

Natura questiona “Quem é você na rua?” para falar sobre preconceito e identidade.

Crushs, sexualidade, autoaceitação, bullying, autismo, capacitismo e “próteses fantásticas onde habitam”. Isso mesmo, “próteses estéticas para o antebraço”, “como viver com uma mão”, “dirigindo sem um braço”, “pessoas com deficiência na TV”, e outros assuntos que a Youtuber Mariana Torquato trata no seu canal: “Vai uma mãozinha aí?”. Atualmente, a garota conta com pouco mais de 50 mil inscritos no streaming e está há 8 meses no ar.

A jovem faz parte da galera que engrossa o caldo pra falar de identidade de gênero, assédio, orientação sexual, cor, padrões de beleza e igualdade, além de mostrar literalmente #QuemÉVocêNaRua. A apresentadora Ellen Milgrau, a drag queen Aretha Sadick, a modelo plus size Mayara Efe e o cantor Jhonny Hooker  representam os assuntos abordados pela campanha da linha de maquiagem “Faces”, criada pela Natura.

Afinal, não dá mais pra aceitar tudo isso sem um batonzinho na boca para lacrar e argumentar contra essas pessoas.

Se você acha que maquiagem não tem nada a ver com isso, poxa, a gente precisa te contar: ela diz muito sobre o poder ao enfrentar algumas situações, como diz Mariana. “Com 9 anos, ganhei meu primeiro batom, um rosinha da Natura. Fiquei tão feliz que nunca esqueci. A maquiagem e a moda têm o poder de transformar nossa relação com a gente mesmo, e possuem uma grande capacidade de empoderamento e afirmação, quando utilizada como forma de expressar nossa personalidade”.

Aos 25 anos, a garota ficou em uma sinuca entre os amigos durante uma conversa. Não, eles não foram capacitistas. Aliás, outro assunto bem importante que está disponível no canal. Os jovens queriam mesmo é que rostinho da amiga estivesse na web para que ele contasse sobre sua vida.

“Eles apontaram que a forma com que eu entendo e lido com a minha deficiência era muito diferente do que eles estavam acostumados a ver, e que  eu deveria passar isso para mais pessoas. Comecei a entender que só reclamar sobre a falta de representatividade e não fazer nada sobre isso, nunca iria mudar nada”.

Mariana Torquato colocou a representatividade das pessoas com deficiência em pauta no YouTube.

Para alguns, Torquato levanta assuntos polêmicos, como a sexualidade das pessoas com deficiência. Para ela, todo esse tabu colocado pela sociedade só reforça os estereótipos e é por isso que os crushs, o uso de aplicativos de namoro, e o sexo estão ali pra quem quiser ver, e deixar o preconceito de lado.

“Vivemos num mundo onde todos são diferentes mas querem ser iguais. Com isso, a gente acaba construindo uma noção de sexualidade feliz e normal que coloca em “desvantagem” aqueles que são diferentes dessa galera. A gente sabe que é difícil lidar com esses padrões, né? Agora, imagina quando seu corpo por si só já é uma afronta a esse padrão e não há dieta ou cirurgia plástica que vai fazer você ficar parecida com a Kim Kardashian”.

O que precisamos compreender daqui pra frente, é que não são só as Marianas que precisam ocupar os espaços, somos todos nós. Claro, sem ultrapassar o local de fala das pessoas que estão na linha de frente, no ativismo.

“As demandas por mudanças sociais precisam vir da sociedade, ou seja, compreender que a acessibilidade é muito mais do que rampas nas ruas e que tem muito a ver com a empatia e o respeito à diversidade. Coletivamente, todos podemos fazer algo para tornar a sociedade mais inclusiva e mais respeitosa, além de outras atitudes que acabam desprestigiando pessoas que são, acima de tudo, pessoas, e não se limitam a sua deficiência”, ressalta Mariana.

“Comecei a entender que só reclamar sobre a falta de representatividade e não fazer nada sobre isso, nunca iria mudar nada”, disse a jovem.

A realidade é que a voz, os movimentos, também precisam fazer parte do seu vocabulário: a luta contra a gordofobia, capacitismo, racismo, homofobia, igualdade entre os sexos e outras questões, são assuntos que só vão mudar quando a gente entender que eles atingem a sociedade como um todo. O fluxo é sair da posição de privilégio!