Cine Palmarino promove arte e engajamento social

Projeto cultural estimula discussão sobre a imagem do negro na sociedade brasileira

Mais de 100 anos se passaram desde o simbólico 13 de maio de 1888, que apesar de propor o fim da escravidão sofrida pelos negros em terras tupiniquins, sequer cumpriu seu papel inicial: o de livrar o homem afrodescendente das correntes que ainda hoje o segrega diante da sociedade. E se a luta por respeito, liberdade e igualdade continua, ela segue muito bem representada através da Sétima Arte, com o projeto Cine Palmarino, que há dois anos desenvolve uma série de ações sócio-culturais no bairro do Jabaquara, zona sul da capital.

Organizado por um núcleo do movimento negro Círculo Palmarino, o projeto realiza sessões gratuitas com apresentação de documentários e curtas-metragens que exaltam os diversos valores da cultura afrobrasileira.“Usamos a linguagem do cinema para tentar despertar o debate sobre a questão racial, estimulando indagações e questionamentos entre os participantes”, ressalta Luciete Silva, coordenadora estadual do movimento.

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Jefferson De participa de debate no Cine Palmarino

Desde a invenção dos irmãos Lumiére, na charmosa Paris de 1895, a “Sétima Arte” tomou diferentes formas, estéticas e trajetórias ao passar dos anos, com aspectos de revolução na Rússia de Sergei Eisenstein e de contestação social em países como França, Itália e Brasil. No mesmo caminho de transformação, o Cinepalmarino busca  atingir seus objetivos. “Recebemos de 30 a 60 pessoas por sessão. Se conseguirmos passar a mensagem para este grupo, estamos fazendo a nossa parte” exalta.

Entre os diversos títulos apresentados pelo projeto, destacam-se os trabalhos de novos nomes da produção cinematográfica nacional, como Wagner Soares, Mariana Monteiro, Jeferson De e Alessandro Buso. Além da participação de professores, jornalistas, diretores, representantes de movimentos sociais e coletivos culturais presentes nos debates realizados após as exibições.“Se a nossa proposta é estimular a conscientização da comunidade, precisamos reunir pessoas que tenham o mesmo objetivo”, finaliza.

Em novembro

No mês da Consciência Negra, o Cine Palmarino homenageia Carolina Maria de Jesus, catadora de papéis, semi-analfabeta, negra, pobre e moradora de favela que no final dos anos 50 escreveu um diário que denunciava a fome, o preconceito e a miséria. O encontro, que chega a 21ª edição, exibe o curta-metragem “Carolina” do cineasta Jeferson De, seguido de um  sarau literário e um bate-papo a respeito da vida e obra da escritora. No dia 26 de novembro, a partir das 18h, com entrada Catraca Livre.