Viajantes solitárias compartilham dicas de viagem

Há um tempo atrás, a notícia de duas viajantes assassinadas no Equador causou comoção nas redes sociais. No Facebook, a hashtag #queroviajarsozinha veio como protesto e fez lembrar que por mais que o mundo evolua dia a dia, mulheres ainda têm menos liberdade que homens. As ameaças contra nós são maiores, mas isso não deve ser um aviso de recuo. Muito pelo contrário: é mais um motivo para nos unirmos em busca de cada vez mais liberdade.

Pensando nisso, conversei com mulheres que amam desbravar o mundo ao lado da melhor companhia que alguém pode ter – nós mesmas – e pedi dicas para encorajar outrar mulheres e tornar a jornada mais fácil e segura. O resultado você confere abaixo.

Tenha confiança e flexibilidade

Confiança e flexibilidade são duas coisas que não podem faltar na mala. O resto, se precisar, é só comprar no supermercado, hahaha. É preciso ter confiança em si mesma: confiar que vai conseguir viajar, confiar na própria intuição para decidir com quem se relacionar, confiar nas próprias escolhas, nas próprias capacidades. E é importante ter flexibilidade para mudar de opinião, mudar de planos quando der vontade, mudar de ideia, pra topar viajar sozinha com alguém legal que conheceu na viagem – e pra pular fora se não estiver mais gostando.

Livia Aguiar, 29 anos, do Eu sou a toa.

Adapte-se ao novo

Talvez esta não seja uma dica, mas sim um benefício e algo que se leva de uma viagem solo: auto confiança e saber enfrentar seus medos. Acho que viajar sozinho é uma aventura que te força a enfrentar medos e desafios, e a dica é saber aproveitar ao máximo essa oportunidade. É claro que viajando sozinho você busca fazer amizades, ou seja, você não estará só todo o tempo. No entanto, tem sempre aquela situação em que você não tem ninguém para dividir, como enfrentar uma turbulência em vôos de longa distância com nenhuma mão amiga para segurar, tirar aquela aranha do seu sapato, ou ainda ter que sentar com um estranho em um trajeto de ônibus que leva horas.

Todas essas experiências te tornam uma pessoa mais tolerante, pois você estará disposto a se adaptar às diferentes culturas e ambientes, sem a influência de um amigo ou parceiro que possui os mesmos hábitos que você. Ser um viajante solo irá te transformar em um ser humano aberto e sem medos, algo que certamente irá ajudá-lo em muitos momentos da sua vida.

Ana Putka, da equipe DPB.

Procure programas para viajantes

Se você quer viajar sozinha pela primeira vez e está receosa, sugiro que procure programas onde encontrará pessoas na mesma situação, como cursos de línguas, trabalhos voluntários, estágios, etc. Te garanto que você não ficará sozinha por um minuto e fará amizades de vários lugares do mundo!

Liza Roriz, 27 anos, do Check the Trip.

Respeite os costumes

É perigoso viajar sozinha? Sim, da mesma forma que é perigoso ir para o trabalho ou para uma festa sozinha. O que a gente faz? Toma os cuidados necessários, por exemplo: não anda com muito dinheiro, não dá mole com o celular e escolhe o trajeto e o meio de transporte mais seguros. Já viajei pelo Sudeste Asiático e pela América do Sul sozinha e sempre me senti mais segura do que no Brasil.

Procuro sempre respeitar os costumes de cada país. Na Malásia, país de maioria muçulmana, evitada andar de short e camiseta. Não tive nenhum problema lá, pelo contrário, as pessoas foram sempre muito simpáticas. (…) Os cuidados que eu tomo quando viajo sozinha são os mesmos que tomo quando viajo em grupo: procuro levar uma mala pequena, aviso aos meus familiares os número dos meus vôos e onde vou me hospedar e presto muita atenção com dinheiro, passaporte e material eletrônico.

Lu Malheiros, 49 anos, do Dividindo a Bagagem.

Peça ajuda e, se precisar, seja ríspida

Mapas são essenciais. Mas evite consultá-los no meio da rua. Hoje em dia a gente não precisa mais labutar com mapas de papel, enormes. Mas mesmo para consultar o Googlemaps ou outro aplicativo do gênero no celular eu procuro um café, uma loja ou algum lugar onde fique menos exposta. Bancos de praça também são uma boa pedida. O fundamental é não chamar atenção para sua condição de forasteira. Peça informações aos moradores locais sobre a segurança dos lugares que pretende visitar. De preferência a mulheres. Por motivos óbvios, elas terão uma percepção sobre a segurança bem diferente da dos homens — e muito mais útil a você.

Não tenha vergonha de pedir ajuda. Quando me sinto insegura, costumo me aproximar de outras mulheres (ou casais) e, se for necessário, explico que estou sozinha e que gostaria de caminhar ao lado delas. Hoje há até uma campanha na internet (“Vamos Juntas”) que prega exatamente isso. Também não tenha vergonha de ser ríspida. Pode ser que aquele chato insistente seja só um chato insistente. Mas também há uma chance de ele ser um predador. Não dê papo, não se explique e não se desculpe: ninguém tem o direito de lhe importunar, sob nenhum pretexto. Se precisar, chute o balde sem culpa.

Cyntia Campos, 54 anos, do blog A Fragata Surprise. Ela fez um post completo com dicas bem bacanas, que você pode conferir clicando aqui.

Tenha bons aplicativos

Eu gosto muito de me aventurar, me misturar com os locais de cada cidade, conhecer pessoas e aproveitar ao máximo, mas uma coisa que eu valorizo muito é a minha independência, autonomia e segurança quando estou na estrada, (é legal perder-se pelas ruelas da cidade, mas não a noite enquanto carrega aquele mochilão!), por isso um bom smartphone com aplicativos de viagem faz toda a diferença. Eu tenho muitos aplicativos úteis no meu smartphone como um conversor de moedas, o google maps (que se você salvar o endereço do seu hostel ou estação de trem, funciona como um GPS mesmo estando offline), um tradutor de texto e imagens (para traduzir aquela placa em chinês ou grego!) etc…

Eu também sempre salvo os sites com horários de bus e train, e todos os sites de booking que normalmente uso, assim em alguma emergência eu posso entrar em qualquer café que tenha wifi e fazer meus bookings rapidinho. Isso tudo ajuda a evitar problemas desnecessários e situações perigosas e me deixa livre para aproveitar o que realmente importa.

Nadia Hartmann, 35, do The Hippie Life Project.

Planeje tudo na medida certa

Minha dica maior é se planeje o suficiente para não passar aperto mas não se planeje demais para não ficar engessada. O principal de viajar sozinha é ir de coração aberto. Os planos vão mudar, você vai se apaixonar por algum lugar e querer ficar mais. Vai conhecer uma galera e querer seguir caminho com eles… Ou seja, um minimo de estrutura mas muita flexibilidade. E viajando sozinha vc tem chance de fazer as coisas que os outros nunca topam.

Lorena Barreto de Oliveira, 30 anos.

Aproveite as oportunidades para fazer amigos

Seja gentil por onde for! Isso também te faz fazer amigos e te rende boas histórias! Eu me lembro que eu estava num pub em Londres recarregando meu celular, e uma pessoa de um grupo de amigos me pediu se poderia usar meu carregador por cinco minutos, eu disse “claro”… Enfim, me pagou uma bebida, me chamou para o seu grupo de amigos e me rendeu uma hora de um bom papo e muita risada!

Francine Romani, 31 anos.

Texto por Carolina Bataier via DPB Intercâmbio

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