Sensor detecta predisposição genética ao câncer de mama

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) desenvolveram um método de diagnosticar a predisposição genética para o câncer de mama.

O sensor eletroquímico de DNA detecta mutações no gene BRCA1, que estão associadas aos tumores de mama triplo-negativos. Esse tipo de câncer ficou conhecido mundialmente em 2013, quando a atriz norte-americana Angelina Jolie se submeteu a duas mastectomias após ter descoberto, a partir de um exame com base no sequenciamento genético, que teria risco de 87% de desenvolver a doença.

Dispositivo desenvolvido por pesquisador da UFSCar recebe menção honrosa no prêmio

O trabalho rendeu ao professor Bruno Campos Janegitz, coordenador do Laboratório de Sensores, Nanomedicina e Materiais Nanoestruturados (LSNano) na UFSCar, em Araras, menção honrosa na 13ª edição do prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia

O trabalho premiado também foi tema da dissertação de mestrado em Física Biomolecular de Laís Ribovski, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), sob sua orientação.

“Com testes clínicos e mais pesquisa, futuramente poderemos ter um dispositivo que detecta a predisposição de um tipo de câncer de mama a partir de um teste de saliva ou sangue, que acreditamos teria o custo de R$ 70 a R$ 80, algo bastante viável e que poderia salvar muitas vidas”, diz o professor.

O dispositivo, patenteado pela USP, foi testado com material genético sintético a partir de métodos eletroquímicos. Para obter o diagnóstico de predisposição da doença, o bastão de polímero com um condutor elétrico interno é posto em contato com uma amostra sintética do código genético.

O sensor eletroquímico de DNA detecta mutações no gene BRCA1, que estão associadas aos tumores de mama triplo-negativos

“O que fazemos é pegar parte desse DNA e colocar em contato com o eletrodo. Caso haja a mutação em BRCA1, por exemplo, as bases nitrogenadas vão formar dupla hélice com o eletrodo. Porém, se não houver, não vai dar sinal, não vai ocorrer a formação clássica de dupla hélice do DNA. Assim é possível identificar a predisposição para a doença a partir de diferentes sinais eletroquímicos”, disse o professor à Agência Fapesp.

O pesquisador ressalta, no entanto, que o teste indica predisposição, não a ocorrência da doença.