Vivendo apenas de luz

Texto por Débora Lopes

São 21 dias sem comer nada. A primeira semana é “a seco”, ou seja, sem qualquer tipo de ingestão – inclusive de água. Depois, alimentos sólidos continuam restritos, mas água e suco são liberados. O mineiro Oberom, escritor, professor de ioga, ativista dos direitos dos animais e adepto da prática do “Processo dos 21 Dias”, explica que a alimentação prânica, também conhecida como “viver de luz”, parece loucura, mas serve para trabalhar o ego. “É um trabalho de autoconhecimento. Radical, intenso. Não envolve nenhuma ritualística, nenhuma religião. Nada. É só você observando você.”

O método ficou conhecido nos anos 90 depois que a esotérica australiana Jasmuheen lançou o livro Viver de Luz – A Fonte de Alimento Para o Novo Milênio. Ter em mãos o procedimento de jejum extremo recorrente na vida de mestres espirituais e iogues respeitados parece algo grandioso para qualquer entusiasta da felicidade e da completude espiritual. O livro foi traduzido para diversas línguas, virou best-seller e acabou chamando a atenção de “aventureiros”, classifica Oberom. “É um processo que envolve um monte de detalhes espirituais. E a galera nem aí”, lamenta. Na publicação, Jasmuheen afirma que, depois de palestrar em alguns lugares sobre o “processo”, muita gente tentava realizá-lo sem instrução alguma. “O propósito desse livro é dar o maior número possível de informações para ajudar as pessoas a fazerem essa viagem da maneira mais fácil que puderem”, diz a autora no prefácio. Mas, talvez, não tenha sido o suficiente para todos que tentaram viver de luz. Investigações apontam que algumas pessoas tiveram suas mortes relacionadas ao método, como a da australiana Verity Linn, cujo corpo foi encontrado em casa próximo ao livro de Jasmuheen e um diário em que ela relatava a rotina dos 21 dias. Até hoje, a consagrada guru do jejum segue se alimentando de prana (energia cósmica que nutre, segundo seus seguidores), publicando livros e dando palestras. Há também quem chame os adeptos de “respiratorianos”, já que teoricamente se alimentam basicamente de luz e ar.

Oberom segue os passos de Jasmuheen, dando palestras sobre veganismo em vários cantos do mundo e disseminando o “processo”. Formando em Educação Física, ele é pós-graduado em dois outros cursos: Nutrição Humana e Saúde pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Ioga pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Aos 30 anos, já lançou vários livros. Em Viajando na Luz, o professor de ioga conta suas experiências em outros países depois de conhecer e praticar a alimentação prânica. Ele responde e-mails, mas dispensa o celular. Não usa o aparelho. Concedeu entrevista à VICE em uma padaria de Moema, bairro nobre da cidade de São Paulo. Quando a garçonete perguntou se nosso entrevistado desejava algo, ele agradeceu e disse que não. Sem saber como agir, a repórter pediu uma água.

Aqui no Brasil, não existem números oficiais, mas um local, que acompanha o “Processo dos 21 Dias” e pede para não ser identificado, afirma ter recebido… [Continue lendo aqui.]