10 dramalhões mexicanos que marcaram o Brasil

Por: Catraca Livre

“Isso ‘tá mais dramático que novela mexicana” ou “parece nome de novela mexicana” são frases comuns no dia a dia do brasileiro. O fato de ser algo tão normal em nossas vidas reflete a influência que os folhetins mexicanos tiveram no país.

Pensando nas diversas emoções que os famosos dramas mexicanos já nos causaram – de tristeza e alegria à vergonha alheia -, separamos 10 novelas que conquistaram nossos corações e têm um espaço especial em nossas memórias. Para a felicidade geral da nação, algumas delas ainda passam na TV, enquanto outras tiveram os direitos comprados pela Netflix e estão a nossa disposição!

A Usurpadora (1998)

“Eu detesto sentimentalismo barato” (Paola Bracho)

A história da sofrida Paulina (drama, drama, drama) que, após ser chantageada, toma o lugar de Paola, uma megera descontrolada (e dona de ótimos memes), passando a viver a vida da outra, se tornou referência do universo mexicano no Brasil. São intrigas e brigas sem fim, com uma dose extra de falsidade que é impossível definir. Só vendo:

Só nos resta sentir. A Usurpadora foi exibida por aqui, pela primeira vez, em 1999, e depois reprisada em 2000, 2005, 2007, 2012 e 2015 (Ufa!). Mas para quem não assistiu nenhuma vez (porque tinha sido abduzido ou algo semelhante) ainda pode acompanhar os esquemas de Paola Bracho (que é o que realmente importa) na Netflix.

Maria Mercedes (1992)

Muita gente se esquece dela, mas é com Maria Mercedes que Thalia abriu a “Trilogia das Marias”, que conta ainda com Marimar e Maria do Bairro. Sendo a menos reprisada pelo SBT – apenas duas vezes depois da exibição original em 1996 -, a trama narra o drama (porque, sério, não tem outra palavra que defina as histórias vividas por Thalia) da personagem título, que começa sendo uma florista e é pedida em casamento por um homem muito rico, mas que está morrendo. Como sustentar metade do elenco sua família vendendo flores estava difícil, ela aceita e herda toda a fortuna assim que o marido morre. A partir daí começa uma série de humilhações e na transformação da moça pobre em alguém de classe (além do nome, essa é uma característica presente em toda a trilogia).

Marimar (1994)

O ano de 1994 foi a vez de Marimar (não é Maria exatamente, mas dá para entender né?), outra garota pobre que se apaixonada por um rico e sofre até ele verdadeiramente se apaixonar por ela – já que o casamento acontece primeiramente, como em Maria Mercedes, só por uma questão de interesse (ou seja, herança). Se a trama tem 150 capítulos, acho que não é tão errado chutar que Marimar sofre em 130. Mas acaba bem – se considerarmos “bem” o momento em que a protagonista se casa com um homem que passou metade da novela a tratando muito mal, mas se redime por amor.

Maria do Bairro (1995)

Sem dúvida, esse foi o apogeu do drama mexicano. Gente! É muito sofrimento para um personagem só. Dessa vez, a Maria dá história encara pobreza, humilhação, desprezo, marido alcoólatra, divórcio, transtorno bipolar, abandona o filho numa crise de loucura, volta para o marido que tanto a humilhou, reencontra o filho perdido, vê a filha se apaixonar pelo irmão… não tem fim! Tudo isso acontece intercalado com dois capítulos em média de felicidade e dividido em três fases. Incrivelmente, mas como sempre, a trama teve final feliz e talvez por isso tenha sido exibida sete (SETE!) vezes pelo SBT. Para quem ainda tem fôlego, está tudo na Netflix.

Entre lágrimas que recuperariam o nível da Cantareira, a vilã Soraya – com um quê de Paola Bracho – também ganhou destaque e muitos memes na era da internet.

Rosalinda (1999)

A carreira de Thalia à frente das telenovelas e, consequentemente, sua presença no SBT foi fechada com Rosalinda. E quando a gente pensava que não era possível mais sofrimento, o México nos surpreendeu mais uma vez.

Difícil julgar se é mais ou menos pesada que Maria do Bairro, mas o que dizer de uma novela que começa com uma mulher quase sendo estuprada e assumindo o assassinato do seu agressor para proteger o homem que amava (e que realmente matou o vilão para proteger a amada)? A mulher em questão, para a surpresa de quem não viu a novela, não é a protagonista, mas sim mãe dela. Rosalinda aparece na chamada segunda fase, já com 20 anos e (adivinhe?) sofrendo. Isso porque ela se apaixona pelo filho do homem morto, que nutre um ódio mortal pela mãe dela. Com tudo de mal acontecendo no meio do caminho, o casal consegue a façanha de terminar junto. No Brasil, tivemos a chance de ver toda essa desgraça três vezes.

Carrossel (1989)

Essa novela entra na lista porque marcou o segmento de novelas infantis no país, pelo menos no quesito sucesso. Todas as crianças que cresceram no final dos anos 80/começo dos 90 acompanharam as confusões da turma da professora Helena, que era quase uma mãe para seus alunos. Carrossel foi exibida em 1991, reprisada em 1993, 1995 e 1996 (o que explica eu ter lembranças), e ganhou um remake brasileiro em 2013. Tanto na versão original quanto na atual, o amor do pequeno Cirilo por Maria Joaquina ganhou o centro da história, por abordar questões inter-raciais e entre diferentes classes sociais (pobre/negro apaixonado por branca/rica).

O diário de Daniela (1999)

Que atire a primeira pedra a menina que assistiu O diário de Daniela e não teve um diário para escrever todos seus segredos? Pois sim! Era esse o mote da história, que foi exibida pela primeira vez em 2000 e reexibida em 2007. Daniela é uma criança de 10 anos (rolou uma bela identificação etária da minha parte!) que vive todas as confusões comuns da idade e depois compartilha o que vive com as páginas de um diário, que, junto com um fantasminha, é seu melhor amigo.

Vale lembrar também da presença da Anahí como irmã mais velha (e chata) de Daniela. Sua participação foi uma das razões da novela ter sido reprisada em 2007, já que ela era uma das integrantes de Rebelde e da banda RBD, que estouraram em solo brasileiro na época.

Rebelde (2004)

“Haters are gonna hate”, mas Rebelde foi um fenômeno mundial e, no Brasil, onde o sucesso foi e ainda é maior que no país de origem, definiu uma “geração”. Exibida inicialmente em 2005, a novela é ambientada em um colégio interno frequentado apenas por alunos de classe alta, filhos de famosos ou personalidades influentes. Lá dentro, eles se envolvem em várias confusões, mas, principalmente, tentam se afastar da imagem dos pais e encontrar a própria personalidade.

Entre confusões, amores e dramas, seis alunos se unem para extravasar os sentimentos através da música e formam a banda RBD. Daí pulamos para a realidade, já que o grupo ganhou vida própria e milhões de seguidores, lotando estádios como o Maracanã. Dez anos após o fim da trama, e seis do fim da banda, a novela e as músicas ainda são lembradas e seus integrantes – agora com carreiras independentes – são sempre questionados sobre um possível reencontro. Rebelde também está disponível na Netflix.

P.s.: Além de disponibilizar a novela, a Netflix ainda fez o grande favor de nos devolver Alfonso Herrera, conhecido por ser um dos protagonistas do drama adolescente, como Hernando na aclamada série Sense8.

Rubi (2004)

Rubi foi transmitida três vezes pelo SBT e, em todas elas, conquistou índices de audiência que fizeram a felicidade da emissora. E agora teve os direitos adquiridos pela Netflix. Na minha humilde opinião, de quem foi criada com os dramas mexicanos (para que Disney?!), o grande triunfo da novela foi trazer uma das primeiras protagonistas que não era boazinha e sofredora. Embora siga o que parece ser regra no México e comece a trama sendo pobre, Rubi tem a ambição de melhor de vida e está disposta a tudo para alcançar seu objetivo. Assim, ela não pensa duas vezes antes de usar sua beleza (provavelmente também a primeira mocinha autoconsciente) para casar com um homem rico.

Nesse caso, o homem rico é o amor da vida de sua “amiga” – que na verdade é uma jovem milionária, deficiente, de quem Rubi se aproxima apenas por interesse. Ou seja, Rubi é alguém desprezível e protagonista!!! E não é só a principal que chama atenção. A história não tem um final feliz. Como definido na Wikipédia (licença poética de fonte duvidosa porque a descrição é ótima), Rubi “fica pobre, sozinha, sem beleza e com a perna amputada, porém quer se vingar e começa a dar aulas a sua sobrinha, que também tem a mesma beleza que ela”. Sem dúvida, um marco.

A feia mais bela (2006)

Com enredo originalmente colombiano e também adaptado nos Estados Unidos, na série Ugly Betty, A feia mais bela conta a história de Lety, o patinho feio, mas de bom coração, que se apaixona pelo chefe bonitão – e que no final fica bonita e com o chefe. Essa linha é suficiente para explicar a história. Mas o que realmente conquistou os espectadores foi a graça da novela, que, além do eterno drama, também era divertida. Ao longo dos 300 episódios (portanto, mais longa que o normal), é realmente possível rir e acompanhar uma trama leve, com personagens  simpáticos.

A novela foi transmitida no Brasil pela primeira vez em no mesmo em que foi produzida e reprisada em 2014. Se você não viu, vale dar uma chance para Lety e sua turma, que está toda na Netflix.