Principais pontos para uma expatriação bem sucedida

Muita gente sonha com uma vida em outro país, viajando pelo mundo, construindo uma história em terras estrangeiras e sendo feliz em outros ares.
Mas para isso é preciso um planejamento bem estruturado para não haver gasto de tempo, dinheiro e acima de tudo frustrações.
Com base nas minhas experiências e na minha própria história, resolvi escrever esse post para tentar ajudar as pessoas que querem seguir os mesmos passos e serem felizes como eu estou sendo.
A primeira coisa antes de comprar suas passagens rumo ao sucesso é queimar neurônio para garantir que sua jornada vai ser bem sucedida e fazer isso envolve se responder algumas questões cruciais para ter certeza de onde você quer chegar e quanto tempo durará lá.
Veja algumas dessas perguntas:
1 – Por que ir embora?
Acho que a primeira pergunta que você tem que se fazer é por que você quer deixar seu país. Você está triste? Você quer dar uma repaginada na vida? Você quer apenas ter uma experiência fora do seu país? Você quer construir uma vida fora? Você viu seus amigos morando fora e quer ir também?
Enfim, responda-se a essas perguntas, por que vejo muitas pessoas sem uma ótima razão para deixar o Brasil e querendo fazer o mesmo. E na minha opinião, uma boa razão vai ajudar você a prosperar, por que ela vai ser um dos norteadores e maiores incentivadores na sua jornada, que não será fácil.
Acreditem, quem não tem essa ótima razão, cogita a qualquer dificuldade voltar para casa, por que algo melhor e estável o estará esperando (desculpa que comumente ouço), que é o conforto do próprio lar.
2 – Sou forte o bastante?
Quão resistente você é? Voce já morou sozinho e longe de família, amigos e pessoas de uma vida inteira? Você é daqueles que topa qualquer parada? Trabalharia lambendo o chão para os outros passarem? Quando estamos em um universo novo como este que me propus a viver, muitas vezes precisamos calçar as sandálias da humildade e começar bem debaixo para então prosperar.
Por uma série de fatores, talvez você precise se submeter a coisas que nunca imaginou (nada ilegal ou degradante, para que fique claro) até que atinja uma estabilidade e seu sucesso.
Você talvez terá que dividir a privacidade do seu espaço com alguém totalmente desconhecido na sua casa. Talvez sentirá o peso da solidão. Talvez terá que ter uma vida de privações por não ter dinheiro para ostentar a vida que você tinha antes. Talvez a vida vá bater em você como nunca bateu antes.
Ser forte não é uma opção, é uma necessidade no seu caso.
3 – Para onde ir?
Já que você quer ir embora do seu país, você sabe para onde ir? Qual país escolher? Por que esse país? O que ele oferecerá de tão bom assim a ponto de você deixar sua zona de conforto?
A escolha do destino deve ser muito bem pensada para sua decisão ser acertada. Hoje em dia, muitos de nós migramos principalmente para os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Irlanda, Portugal, Inglaterra e Espanha. Mas cada um desses países tem um governo, um clima diferente, língua diferente, um custo de vida diferente, sistemas de saúde diferentes e por aí vai.
Você está levando tudo isso em consideração? Acredite, meu caro, sua resposta para as perguntas 1 e 2 tem que ser muito convincentes para você suportar o frio 365 dias no ano ou ainda saber lidar com pessoas falando embolado (outra língua) com você e você não entender nada. Você terá que ter muito sangue frio  e coragem para viver num mundo que não é seu e que você não significa absolutamente nada para ninguém (até que você conquiste sua reputação).
4 – Você fala o idioma do local para onde vai?
Como falei no item anterior, se você vai para um país em que a língua não é a sua, você terá que aprender o idioma local. E se você não aprendeu desde pequeno…meu amigo, depois de velho as coisas ficam mais difíceis e o cérebro não acompanha o processo como o de uma criança. Sua vida será mais difícil e muito dificilmente você será fluente na língua.
Conheço um casal de brasileiros que mora nos Estados Unidos há mais de 30 anos e que até hoje enfrentam algumas dificuldades com a língua.
Por mais que já falasse inglês, tive uma série dificuldades para entender o sotaque irlandês nos meus primeiros seis meses aqui. Até hoje em dia eu passo meus apertos e fico me perguntando se vou chegar ao ponto de entendê-los como eu entendo um brasileiro.
O trivial para a sua inserção em outro país é a comunicação. Você não fará nada se não entender e se fizer entendido pelas pessoas. Caso contrário, viverá em comunidades de pessoas do seu mesmo país ou se nivelará por baixo nessa luta pelo sucesso em terras gringas.
5 – Você tem um plano A e um plano B?
Ok, assumindo que você tenha sido bem sucedido nas respostas de 1 a 3, responda agora a 5. Qual é o seu plano? Chegar chegando com mala e cuia? Irá à trabalho, estudar, é um missionário? Qual sua meta a médio e longo prazo? O que você tem que garantirá sua longevidade no país para onde vai?
O que você está deixando para trás? Tem carro, família, cachorro, seguro saúde, conta bancária?
É muito fácil morar onde você quiser, basta ter um dinheiro, comprar umas passagens, pagar por um visto de estadia temporária no país e ponto. Mas se seu plano A não for bem estruturado, é só questão de tempo para você ter que empacotar suas coisas e voltar para casa. As leis de imigração são em geral bem rígidas em qualquer lugar e não o vão dar o direito de ficar no país pelo tempo que quiser, fazendo o que quiser, e tenho certeza que você não irá querer ficar sob a ilegalidade de um visto.
Ainda sim, com um ótimo plano A, é sempre bom ter um B. Nunca se sabe se as coisas vão dar certo, mesmo que nossa matemática seja perfeita, por que teoria e prática são duas coisas que podem divergir muito.
Para o seu sucesso no exterior, você vai precisar de alternativas que garantam sua sobrevida. A falta delas vai fazê-lo empacotar suas coisas e pegar o próximo avião para casa sem você menos esperar.
Recomendo muito manter seu plano de saúde por um tempo (esse mesmo, do seu país, mesmo que não seja internacional) para casos de extrema emergência. Na pior das hipóteses, se algo eletivo acontecer, você terá  tempo de correr para casa e se tratar.
O sistema de saúde mundo afora pode até ser muito bom, mas também pode ser muito caro. Aqui na Irlanda, como imigrante morando por menos de um ano, você não tem direito ao sistema de saúde gratuito como os demais cidadãos (essa convesa é mais complexa, mas à grosso modo, é isso aí).
Mantenha também um dinheiro reserva, pois na hora do aperto, terá como se salvar sem ter que recorrer ao papai e mamãe, se você ainda os tiver.
E uma das principais dicas: use o que você tem de melhor ao seu favor, suas habilidades. Tente usar sua formação acadêmica como meio de vida no país onde for morar. Pesquise como fazer isso. No meu caso, sou enfermeiro e trabalhei como cuidador de idosos em Dublin antes de validar meu diploma para exercer a profissão aqui. Desde o início, consegui me estabelecer na minha área de atuação e ganhar um bom din din.
Muitas pessoas vinculam o fato de morar fora a ter que trabalhar nos chamados sub-empregos. Não precisa ser assim. O mundo tem mercado para engenheiros, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, educadores físicos, arquitetos e muito mais.
 
6 – Você conhece o lugar para onde quer ir?
Você conhece o lugar onde quer morar? Já esteve lá ou só sabe o que viu nos livros e jornais? Eu nem mesmo sabia bem onde a Irlanda ficava antes de vir para cá. Já havia estado na Europa antes, mas não aqui. Não entendia sequer a diferença entre República da Irlanda e Irlanda do Norte.
Fui meio louco e dei um tiro no escuro ao vir para cá. A minha análise atual é que o país é lindo, legal, cheio de oportunidades, pessoas sensacionais, mas que não o meu paraíso, não é o lugar onde me vejo nos próximos 10 anos, por inúmeras razões. No entanto, à medida que minha vida vai dando certo aqui, vou afeiçoando mais ao lugar, por que minha qualidade de vida vai melhorando também.
Mas meu caso talvez seja algo à parte, mas as chances de você não gostar do lugar é muito grande. Já vi brasileiros, croatas, espanhóis e outros mais voltarem para casa com menos de seis meses por simplesmente odiarem o lugar em que foram morar, mesmo tendo conforto e estabilidade.
Diante disso, uma visita prévia para reconhecimento de área tem lá sua importância nesse processo todo, a menos que voce goste do desconhecido, como eu.
7 – Você sabe tudo sobre o visto de entrada no país?
Essa pergunta tem um pouco a ver com a 5 e 6. No seu plano de ação, você terá que focar sempre sua longevidade e ela estará diretamente relacionada a pelo menos um visto de residência que o permita morar no país legalmente por tempo “indeterminado”. Conhecer o local para onde quer ir fará parte dos seus estudos, pois nele você terá que incluir algo sobre os vistos que o permitirá morar no país legalmente, sobre como migrar de um tipo de visto para outro, etc. E acredite, conseguir esses “green cards” não é uma tarefa muito simples.
 
8 – Quando ir?
Saber a hora certa de fazer a sua viagem é fundamental. Eu recomendo sempre chegar numa época em que o clima se pareça com o do seu país, para que a adaptação seja mais fácil.
Recomendo também ir em época de baixa temporada, por que o início da sua jornada já será naturalmente cara (dado os gasto com todos os trâmites), e alta temporada faz tudo ser mais caro ainda, como acomodações, escolas, turismo em geral, etc.
Ainda, a hora certa de ir vai ser a hora que sua vida no seu país estiver sem pendências. Faça o acerto necessário com a empresa em que você trabalhe, não deixe dívidas, feche contas bancárias desnecessárias, resolva-se com a justiça e com tudo que possa virar uma dor de cabeça quando você estiver longe.
Desfaça do que realmente não for precisar mais e que vai ser um peso na sua bagagem. Deixe uma procuração com seus pais ou irmãos para que eles resolvam burocracias por você se for necessário.
9 – Você vai imigrar para melhorar
Esta não é uma pergunta, mas um mantra que você terá que repetir todos os dias. Há pessoas que mudam de país e preferem ostentar uma vida pior do que a que tinham no país de origem a voltar para casa. Encare a realidade. Se você realmente tiver que voltar, que assim seja.
A vida fora da sua redoma é mais complexa e difícil, mas isso não significa que você precise ficar passando fome, doente sem tratamento, usando roupas rasgadas por que não tem dinheiro para consertar ou comprar novas.
Não jogue tempo da sua vida fora sustentando uma vida e imagem que não são saudáveis para você. Afinal, você está deixando seu país para ser mais feliz e conseguir na casa dos outros o algo que não teve na sua.
 
10 – Não transforme seu luxo em um lixo
Essa só é mais uma dica para completar 10 itens neste post, se é que você me entende =)
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