Viajante ensina como conseguir emprego em um navio de cruzeiro

 

Muita gente sonha com um trabalho com um bom salário e que possa viajar o mundo, mas nem todo mundo tem a chance de ter um, porém, um emprego em um navio de cruzeiro pode dar ser essa grande chance de conhecer lugares novos, exóticos e lindos e ganhar uma boa grana.

Porém, ao contrário do que muita gente pensa, trabalhar em um navio não são férias, é trabalho e trabalho pesado, seus supervisores esperam que trabalhe duro e com um sorriso permanente no rosto e você poderá trabalhar até 12 horas por dia, 7 dias por semana. Mas quem foi diz que, de certa forma, vale a pena.

 

“Foram 6 meses, passando por mais de 15 países, trabalhando como faxineiro e conhecendo gente do mundo inteiro” conta Ricardo Cardoso, viajante de 24 anos, um dos donos do blogsite Vagabundo Profissional, e que passou 6 meses a bordo do MSC Orchestra, trabalhando como faxineiro. “Era trabalho duro, estafante, mas no fim valia a pena. Como eu trabalhava de madrugada, pela manhã quando o navio atracava, eu podia descer e passar o resto do dia fora, conhecendo o lugar e aproveitando. Foram 6 meses dormindo menos de 4 horas por dia, um sacrifício que eu propus a mim mesmo, na ânsia de conhecer um pouco mais do mundo.”

As olheiras eram rotina constante na vida do blogueiro que escolheu o mar para viajar e viver uma experiência inusitada: “certo dia cheguei a trabalhar 16 horas no mesmo dia, 12 limpando o navio e mais quatro carregando malas dos passageiros que desembarcavam. Desci no porto de Kiel, na Alemanha, pra fazer alguns passeios que totalizaram 4 horas, dormi uma hora e meia e voltei pra mais 12 horas de trabalho de limpeza.” conta.
A experiência mais intensa que nos contou foram quatro dias, completamente acordados: “era uma semana em que o navio iria passar por quatro portos novos, um seguido do outro, no norte da Europa. Eu e um colega decidimos não dormir para poder aproveitar ao máximo.” contou o viajante que diz que chegou a ter alucinações de sono: “já cheguei a dormir em pé, enquanto passava aspirador, com o navio balançando e música tocando.”

 

A carga horária pode não ser o único choque para quem decide viver no mar, várias nacionalidades convivem junto dentro do navio, o que pode ser um grande choque cultural para quem vai pela primeira vez. “Morei com três caras na minha cabine que eram de Madagascar, mas dentro do navio eu tinha amizade com indianos, indonesianos, samoanos, chineses, ucranianos, búlgaros, russos… Era uma Torre de Babel flutuante, mas era uma das partes mais interessantes, porém se tens dificuldade para lidar com diferentes hábitos e costumes de diferentes nacionalidades, não vá trabalhar no mar.” conta Ricardo.

A rotina dentro de um navio de cruzeiro é norteada por sentimentos bons, como conviver com gente diferente, estar cada dia em um país novo e vivendo experiências novas, como por sentimentos não tão bons como saudade dos amigos, muitos chefes extremamente exigentes, falta de folgas do trabalho e morar em um lugar tão pequeno que mal dava para andar. “Lá dentro você está sozinho, não tem com quem desabafar, reclamar ou mesmo bater um papo sobre coisas corriqueiras. As conversas normalmente giram em torno de trabalho, viagem e o próximo porto a atracar, porém, em contrapartida, você cria laços lá dentro, acaba criando uma nova família.”

 
 
 
 
 
 

Quais as habilidades necessárias para se trabalhar em um navio de cruzeiros?

Inglês fluente e dois anos de prática. Porém, na prática não é bem assim que funciona. Quanto melhor for seu inglês melhor será suas chances de conseguir uma boa função, com um salário bacana e mesmo não tendo 2 anos de experiência na área, ter alguma experiência, mesmo que mínima ajuda muito.

Se a pessoa definitivamente não tem experiência na área, demonstrar interesse ajuda muito. Vivências fora do país ajudam bastante, elas demonstram que você sabe viver longe de sua família e com gente de outras culturas.

“Me ofereceram para trabalhar na recepção, com um salário muito acima do que eu recebia como faxineiro, porém a programação de trabalho praticamente me impediria de sair do navio, e como o objetivo nunca foi dinheiro, preferi limpar vômito e privada de madrugada e ter os dias livres para conhecer os lugares” conta Ricardo que diz não ter ido para o mar por dinheiro, mas pela chance de viajar.

Inglês fluente é essencial para embarcar?

Na teoria, sim. Na prática não. O que acontece é que as companhias necessitam de mão de obra brasileira devido a uma lei que as obriga a contratar brasileiros para os navios que farão temporada brasileira, porém, como não há mão de obra qualificada suficiente para suprir a oferta de trabalho, além de muita desistência, muita gente que não domínio da língua inglesa é selecionada.

Tenho que fazer algum curso obrigatório?

Sim. As próprias agências, após selecionarem o candidato, indicam onde e quando fazer os cursos. São eles: STCW (Seafarer’s of Training, Certification and Watchkeeping), curso certificado pela marinha e obrigatório para todos os brasileiros que irão trabalhar a bordo e cursos específicos dependendo da agência ou do cargo. O total gasto com cursos pode variar de R$1200 a R$2000.

Cargos e salários dentro do navio

Os cargos e salários variam de acordo com a companhia. Selecionamos alguns para dar uma ideia dessa variação:

Cleaner (limpeza das áreas do navio)
– Costa Cruzeiros: € 500 a € 600
– MSC, Iberojet, Royal Caribbean, Carnival, Princess, Cunard e P & O: US$ 600 a US$ 800
Cristal: US$ 800 a US$ 1200

Waiter (Garçom de restaurante)
– Costa: € 900 a € 1500
– MSC, Iberojet, Royal Caribbean, Carnival, Princess, Cunard e P & O: US$ 1000 a US$ 2000
Cristal: US$ 1200 a US$ 2200

Assistant Waiter (assistente de garçom do restaurante)
– Costa: € 900 a € 1000
– MSC, Iberojet, Royal Caribbean, Carnival, Princess, Cunard e P & O: US$ 800 a US$ 1300
Cristal: US$ 1000 a US$ 1800

Pool Boy
– Costa: € 500 a € 600
– Cristal, MSC, Iberojet, Royal Caribbean, Carnival, Princess, Cunard e P & O: US$ 600 a US$ 800

Front Desck (recepcionista) não ganha gorjeta
– Costa: € 900
– Royal, MSC, Princess, Cunard e P & O: US$ 1400
– Carnival: US$ 1500

Para onde envio meu curriculum?

Você pode enviar o currículo diretamente para as agências de recrutamento, algumas agências permitem preencher o curriculum diretamente em seu site.

Os curriculos enviados devem ser enviados em português, porém todas as agências exigirão um curriculum em inglês, além de fazer parte da entrevista em inglês.

Seja objetivo e elabore um currículo sucinto, com as principais experiências e vivências no exterior e coloque somente experiências relacionadas à área desejada. O currículo deve ter somente uma página, não escreva de mais, não faça textos e o principal “não encha linguiça”.

– Sun & Sea
www.sunsea.com.br/trabalheabordo/rh/default.aspx
RJ (21) 2212-0070
SP (11) 3156-6000

– Infinity
www.infinitybrazil.com.br/
RJ (21) 2220-4299
Santos (13) 32247734 / (13) 32246202

– World Map Ship Jobs
Av. Ipiranga, 318, bloco B, cj. 201,
Centro – 01046-010 São Paulo – SP
55-11-3151-4205
– Sea Man Work
www.seamanwork.com/
Niterói (21) 2619-3984– Work at sea
http://www.workatsea.com.br/v1/
SP (11) 2626-0398
RJ (21) 3005-3021
BH (31) 2626-2019

Quais são as etapas do processo seletivo?

Após enviar o currículo as agências entrarão em contato, no máximo em duas semanas, geralmente por email.
As agencias tem a preocupação de acabar com as falsas expectativas quanto ao embarque, para isso são ministradas palestras, onde é explicado a rotina do navio, regras a bordo e do que é necessário para embarcar. No total, geralmente, são duas entrevistas, a primeira entrevista com a agência e a segunda com a companhia. Caso o candidato seja selecionado a agência irá orientará-lo para a última entrevista com a companhia de cruzeiras.
Depois de passar por todas as partes do processo seletivo, a agência também irá orientá-lo para fazer o curso obrigatório STCW, tirar ou renovar o passaporte e vistos.

Quais os documentos necessários?

Após enviar o currículo, passar pela entrevista e ser selecionado será exigido diversos documentos para o candidato ser embarcado.

– Passaporte com vistos se for o caso.
– Certificado original do STCW ou declaração da realização do curso
– Ficha médica da companhia
– Exames médicos originais (específico para cada companhia)
– Antecedentes Criminais
– Contrato de trabalho feito diretamente com a companhia.

Quanto tempo até embarcar?

Ricardo conta que todo o processo de renovação dos documentos, palestras, cursos e exames médicos duraram um total de 3 meses. Porém existem casos de datas de embarque que saíram em 15 dias e os candidatos quase não tiveram tempo para providenciar toda a documentação. Em contraprtida existem casos em que a data para o embarque demorou 9 meses para sair. Isso irá variar de acordo com a agência que o recrutou e a companhia para qual está se candidatando. “Todo o meu processo demorou 3 meses, porém tiveram pessoas que fizeram todos os cursos comigo que demoram muitos meses mais para conseguir embarcar. Varia muito” conta.

Posso escolher o trajeto?

Não. Os trajetos dos navios são definidos pela própria companhia. As agências podem te enviar para qualquer navio de determinada companhia, você tem as mesmas chances de ser selecionado para um navio que faz uma rota no norte da Europa quanto para um que vai para o mar mediterrâneo, depois de sair da costa brasileira.

Sempre vou poder sair do navio pra passear?

Não. Trabalhadores podem desembarcar somente quando o navio está atracado, quando não estão em serviço tem obrigação de estar de volta na hora certa, caso contrário correm o risco de perder o navio.

Como existem diversos cargos dentro do navio muita gente está de serviço enquanto o navio está atracado, portanto não podem descer para passear, fazer compras, turismo ou mesmo para tomar um café no porto.

Recomenda-se que, se seu objetivo for o de viajar. que tenha muito cuidado ao escolher um cargoe candidatar-se, caso contrário você corre o risco de ver o mundo somente pela escotilha do navio.

Quais gastos vou ter dentro do navio?

Poucos, a companhia dá alojamento e alimentação de graça para quem trabalha dentro do navio, porém bebidas no bar e lavanderia, por exemplo, são cobrados.

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