Dinamarca possibilita modelo inovador de estudos no exterior

Escolas folclóricas propõem morar e estudar com diferentes nacionalidades

O relógio bate 8h30. Dinamarca, Bélgica, Noruega, Groenlândia, Brasil, Costa Rica, Estados Unidos, Gana, Síria, Israel, Nepal, quase duas dezenas de países representados na reunião matinal. Apesar de parecer um encontro de uma organização mundial, nada mais é que o modelo dinamarquês de educação intercultural. O modelo de escolas folclóricas possibilita uma nova opção para quem quer se aventurar numa temporada em outro país.

A proposta ‘Danish Folk Highschool” busca desenvolver habilidades entre os estudantes de diferentes partes do mundo. As aulas são voltadas à arte, música, esportes, dança, viagens e discussões sobre sustentabilidade e desenvolvimento global. A brasileira Flávia Soares se aventurou nessa experiência. Na escola Brenderup, no pequeno vilarejo com o mesmo nome, a intercambista tem colegas de 18 países diferentes. “Aqui, a gente aprende a respeitar ainda mais o outro e a não tratar as diferenças como algo certo ou errado. Mente aberta para aceitar e quebrar os tabus é a chave da convivência intercultural”, destaca.

O modelo de colégio folclórico foi criado no século 19. Em meio ao romantismo, Nikolaj Frederik Severin Grundtvig desenvolveu um novo modelo de educação na Dinamarca. No período, o acesso à universidade era muito escasso e as camadas mais pobres da sociedade sofriam com a desigualdade. Para suprir esse déficit, inicialmente, o formato era uma oportunidade de qualificação para as pessoas de baixa renda. Mas, com o tempo, o modelo foi se desenvolvendo e hoje estudantes do mundo inteiro compartilham culturas e experiências em meio a Terra dos Vikings.

Longe dos tradicionais intercâmbios escolares ou de cursinhos de inglês, a proposta do país da antiga Escandinávia não contempla as tradicionais casas de família. Faz parte da metodologia morar junto com os outros intercambistas e alunos dinamarqueses. Ou seja, os alunos dormem, fazem suas refeições, estudam e dispensam a maior parte do seu tempo dentro da escola, inclusive durante os finais de semana. Pela intensidade do programa, os cursos são curtos e variam entre um semestre e um ano de duração.

Outra curiosidade do modelo está conectada às avaliações. Não existem exames formais nas escolas folclóricas. Os estudantes apenas recebem ao final do curso um comprovante de presença. No entanto, a metodologia não impede a dedicação dos estudantes. “Aqui é diferente, o professor é apenas um inspirador e está disposto a nos ensinar e a compartilhar seus conhecimentos conosco. Me sinto livre e mais empenhada em aprender”, salienta Flávia, que os 22 anos vive seu segundo intercâmbio.

As Folk Highschools funcionam como um período pós-ensino médio, mas recebem estudantes de todas as faixas etárias. O modelo tem se disseminado por outros países. Alemanha e Estados Unidos já replicam a metodologia. Independentemente do país, essa é uma oportunidade única de vivenciar novas culturas e desenvolver habilidades criativas.

Por Patricia Kuhn*, do blog Sonhos da Pati

*Patricia Kuhn é jornalista e no momento está fazendo intercâmbio na Dinamarca num formato muito diferenciado de escola